Um dos representantes máximos do Expressionismo, Edvard Munch nasceu na Noruega, em 1863. Teve uma história pessoal bastante conturbada, mas acabou por conseguir vencer as dificuldades mundanas para se inscrever no hall dos maiores pintores do cânone ocidental.
Descubra agora as onze pinturas de tirar o fôlego desse gênio expressionista. Por uma questão didática, adotamos a exibição das telas a partir de uma ordem cronológica.
1. A criança doente (1885-1886)
Pintada entre 1885 e 1886, a tela A criança doente carrega muito da infância do próprio pintor. Ainda jovem, Munch perdeu a mãe e a irmã Sophie para a tuberculose. Apesar do pai do pintor ter sido médico, nada conseguiu fazer para impedir o falecimento da esposa e da filha. O próprio artista teve uma infância marcada pela doença. O cenário marcou tanto Munch que essa mesma imagem foi pintada e repintada ao longo de 40 anos (a primeira versão foi realizada em 1885 e a última em 1927).
2. Melancolia (1892)
No primeiro plano observa-se um homem sozinho em meio a uma paisagem praiana. A tela faz parte de uma série de pinturas feitas com tons escuros e com o mesmo protagonista angustiado. Dizem que trata-se de Jappe Nilssen, amigo próximo de Munch, que passava por um período infeliz na sua vida amorosa. A paisagem é a de Åsgårdstrand, litoral da Noruega. O quadro original está na National Gallery Munch, em Oslo.
3. O grito (1893)
Pintada em 1893, O grito foi a obra que consagrou definitivamente o pintor norueguês. Com apenas 83 cm por 66 cm, a tela tem como protagonista um homem em profundo desespero e ansiedade. Ao fundo da imagem, é possível também observar dois outros homens distantes. O céu pintado por Munch é perturbador. O artista fez quatro versões desta mesma imagem, a primeira delas em 1893, realizada a óleo, e as outras três com técnicas distintas. Destas quatro versões, três estão em museus e uma foi adquirida por um empresário americano que desembolsou cerca de 119 milhões de dólares para levar a obra prima para casa.
4. A tempestade (1893)
Pintada em 1893, no mesmo ano de O grito, a tela, assim como a precursora, exibe personagens que tampam os próprios ouvidos. A tempestade retrata a paisagem de Åsgårdstrand, uma vila costeira norueguesa onde o pintor costumava passar seus verões. O quadro possui 94 cm por 131 cm e pertence ao acervo do MOMA (Nova Iorque).
5. Amor e dor (1894)
O quadro originalmente chamado Amor e dor, também ficou conhecido como O vampiro e foi exibido pela primeira vez em Berlim no ano de 1902. A tela escandalizou a sociedade por representar uma mulher ao mesmo tempo mordendo e abraçando um homem. O quadro foi bastante criticado pelo público e pela crítica especializada e uma semana depois da exibição a mostra foi encerrada.
6. Ansiedade (1894)
Pintado em 1984, o quadro é uma mostra exemplar do movimento expressionista. Partilhando muitas semelhanças com o famoso O grito, a tela exibe o mesmo céu assustador pintado em tons vermelho-alaranjados.
As feições dos personagens são esverdeadas e desesperadas, com os olhos arregalados. Todos vestem trajes negros e os homens usam cartolas. A obra possui 94 cm por 73 cm e atualmente pertence ao acervo do Museu Munch.
7. Madonna (1894-1895)
Pintada entre 1894 e 1895, a polêmica tela Madonna supostamente retrata Maria, a mãe de Jesus, a partir de uma perspectiva um tanto quanto inusitada. A Maria de Munch aparece como uma mulher nua e a vontade, e não como uma senhora recatada e casta como habitualmente costumava ser vista. Trata-se de um óleo sobre tela com 90 cm por 68 cm. Em 2004 a imagem foi roubada do Museu Munch. Dois anos depois o trabalho foi recuperado com um pequeno orifício considerado irreparável.
8. A dança da vida (1899)
A tela A dança da vida, pintada em 1899, tem como cenário um baile realizado ao luar. Nota-se ao fundo da imagem uma lua refletida no mar, enquanto os personagens dançam aos pares. É de se ressaltar a presença de duas mulheres solitárias, uma em cada ponta da pintura. A paisagem exposta é a de Åsgårdstrand, uma vila costeira norueguesa. O quadro faz parte do acervo do Museu Munch, em Oslo.
9. A fumaça do trem (1900)
Pintada em 1900, a tela é uma pintura a óleo com 84 cm por 109 cm. Fez parte de uma série de paisagens pintadas pelo artista no princípio do século interligando a natureza e produtos da intervenção humana. A fumaça libertada e a posição do trem fazem com que o espectador tenha a impressão de que a composição se encontra, de fato, em movimento. A tela pertence ao acervo do Museu Munch, em Oslo.
10. Costa com a casa vermelha (1904)
Pintada em 1904, a tela traz novamente como tema a vila costeira norueguesa de Åsgårdstrand, onde o artista passava os meses quentes do ano. Feita a tinta óleo, a pintura tem 69 cm por 109 cm de dimensão. A imagem não possui nenhuma figura humana, apenas retrata a paisagem da costa. A pintura encontra-se atualmente no Museu Munch, em Oslo.
11. Trabalhadores a caminho de casa (1913-1914)
Pintada entre 1913 e 1914, a tela é enorme, tem 222 cm por 201 cm e representa os trabalhadores após o final do expediente, voltando para a casa. O quadro retrata a rua repleta, uma massa de gente com ar cansado, todos com trajes muito semelhantes e chapéus. O trabalho faz parte atualmente do acervo do Museu Munch.
O pintor Edvard Munch
Nasceu no dia 12 de dezembro de 1863 em Loten, Noruega. Edvard era o segundo filho de um médico militar (Christian Munch) e de uma dona de casa (Cathrine). Viveu no seio de uma grande família: teve três irmãos e uma irmã.
Os infortúnios do pintor começaram logo cedo, quando Munch tinha cinco anos a mãe morreu de tuberculose. A tia, irmã da mãe, Karen Bjolstad, ajudou a amparar a família. Em 1877, Sophie, irmã de Munch, também morreu de tuberculose.
Em 1879, Edvard ingressou no Technical College para tornar-se engenheiro, no entanto, no ano seguinte, abandonou o ensino formal para se dedicar a carreira de pintor. Em 1881, entrou no Royal School of Art and Design para aprofundar seus talentos. Como artista trabalhou com pintura, litogravura e xilogravura.
Edvard Munch em 1926 |
Conseguiu alugar, em 1882, seu primeiro estúdio de pintura. A localização escolhida foi Oslo. No ano seguinte foi convidado para participar da Exposição de Outono de Oslo, onde ganhou maior visibilidade.
Apesar de ter nascido na Noruega, passou boa parte da vida na Alemanha. Também foi influenciado pela arte francesa (em especial por Paul Gauguin). Em 1885 viajou para Paris.
Foi um dos grandes nomes do expressionismo alemão e europeu. Teve uma história de vida desassossegada: uma infância trágica, problemas com o alcoolismo, casos amorosos conturbados.
Sua obra reflete, de certo modo, os dramas do próprio artista e também seus engajamentos políticos e sociais.
‘Queremos mais do que uma mera fotografia da natureza. Não queremos pintar quadros bonitos que sejam pendurados nas paredes dos salões. Queremos criar, ou pelo menos estabelecer as bases de uma arte que dê algo à humanidade. Um arte que prenda e envolva. Uma arte criada do coração mais íntimo de alguém’.
Edvard Munch
Em 1892, alcançou especial fama graças ao fechamento da exposição Verein Berliner Künstler, uma semana depois da abertura. Lá tinha exibido a sua tela Vampiro, que causou forte crítica tanto do público quanto da crítica. No ano seguinte, em 1893, pintou o seu quadro mais famoso: O grito
.
Foi, de certa forma, vítima do nazismo. Entre o final dos anos 1930 e princípio dos anos 1940 teve suas obras retiradas dos museus da Alemanha por ordem de Hitler, que argumentava que as peças não valorizavam a cultura alemã
.
Munch não sofreu apenas com a perseguição política, desenvolveu também problemas de vista que mais tarde o impediram de pintar. Morreu aos oitenta e um anos de idade, no dia 23 de janeiro de 1944, na Noruega.
O Museu Munch
Também conhecido como Munchmuseet, muitas das obras do pintor norueguês estão abrigadas no museu em Oslo que carrega o seu nome. A instituição foi inaugurada em 1963, precisamente cem anos após o nascimento de Edvard Munch.
As pinturas deixadas para o museu foram encaminhadas graças ao testamento do pintor, que doou cerca de 1100 pinturas, 15500 impressões, 6 esculturas e 4700 esboços além de diversos objetos pessoais (livros, móveis, fotografias).
Em 2004, o museu sofreu duas grandes baixas, as telas O grito e Madonna foram roubadas. Ambas foram recuperadas posteriormente.
Fonte: Rebeca Fuks, doutora em estudos da cultura | Cultura Genial
(JA, Mar19)
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