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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Carl Larsson, do Realismo ao Modernismo




Karin, sua esposa e filha Suzannah, 1885


Carl Larsson nasceu em Estocolmo, Suécia, em 28 de maio de 1853Pintor e designer, que bebeu do Realismo da Escola Barbizon e do Modernismo, em partes iguais.

Após vários anos trabalhando como ilustrador de livros, revistas e jornais, mudou a sua residência para Paris, onde passou vários anos pintando, sem muito sucesso.

Em 1882, quando vivia em Grez-sur-Loing, uma colônia formada por artistas escandinavos nos arredores de Paris, conheceu a também pintora Karin Bergós, que se tornaria sua esposa.

Esse fato marcou uma virada na vida do artista. Em Grez ele pintou algumas de suas obras mais importantes, principalmente em aquarela, com um estilo muito diferente da técnica que ele usara em suas pinturas a óleo.

Cativou a época com a ternura que invocam as suas grandes ilustrações, nas quais representou a sua esposa, e os sete filhos que teve com ela: Suzanne, Ulf, Pontus, Lisbeth, Brita, Kersti e Esbjörn.



Lisbeth representa a princesa ruim em ‘O Pássaro Azul


Essas crianças chegaram a ser tão populares que quase viraram personagens,  com identidade própria da arte de então.

O seu principal objetivo como artista era representar o lado gentil da vida, depois de toda uma época de dificuldades: cenas cotidianas, carregadas de ternura e aconchego, de sua esposa com seus filhos, as crianças brincando, os verões na praia, interiores do lar, etc.


No estúdio

O estilo pessoal de decoração de Karin e Larsson resultou numa maneira completamente diferente do tradicional, para compor, estruturar uma casa. 

Eles foram considerados verdadeiros designers, à frente de seu tempo, utilizando cores quentes, interiores cheios de luz, pratos simples e outros detalhes, que contrastavam com o estilo escuro, ornamentado e vitoriano de outras casas da mesma época.

A sua existência plácida e tranquila em família, foi traduzida em diferentes álbuns que publicou, com grande sucesso de vendas por toda Europa.

Morreu em Falun, em 22 de Janeiro de 1919.





Fonte: Trianarts



(JA, Out19)

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quarta-feira, 7 de novembro de 2018

50 anos de realismo no CCBB


Pioneiros John Salt e Ralph Goings estão entre os 30 artistas de nova mostra no CCBB -  São Paulo

Nikutai', de Giovani Caramello, em exposição no CCBB

‘Dá vontade de desligar o ar-condicionado’, diz a produtora Fabiana Farias ao fitar a mulher nua que esconde os seios com os braços em uma sala do Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. ‘Christine I’ exibe também a marca sutil de uma calcinha apertada contra seu corpo de bronze policromado.
A figura, de cabelos acrílicos e aparência de 50 anos, foi esculpida por John De Andrea. Desnuda com certo pudor, emana um aspecto tão real que parece mesmo arrepiada de frio na exposição inaugurada nesta quarta-feira (7).
O escultor americano impressiona pela verossimilhança de seus trabalhos há mais de 40 anos. Na Documenta de Kassel de 1972, mostra que ficou conhecida pela inclusão de obras que representavam objetos e cenas da vida cotidiana com grande realismo, De Andrea e outros artistas ajudaram a consagrar o que ficou conhecido na arte como hiper-realismo. Ali, receberam severas críticas de gente que acreditava que eles eram meros copistas.
Engraçado pensar que agora, na exposição ‘50 Anos de Realismo’, os pioneiros dessa corrente artística talvez apresentem o que há de menos real entre as cerca de 90 obras.
‘Até que ponto as pessoas vivem hoje na realidade crua?’, questiona a curadora Tereza de Arruda. ‘Quis trazer a discussão para o nosso tempo e, por isso, decidi que a exposição começaria no fotorrealismo e chegaria à realidade virtual’.

'Blue Diner with Figures', tela de Ralph Goings

O percurso, de fato, começa a partir de pinturas das décadas de 1970 e 80 que mostram com precisão fotográfica o estilo de vida americano. Nas obras do britânico John Salt e do americano Ralph Goings estão estacionamentos, trailers e caminhonetes; mesas de lanchonetes com jarros, saleiros e ketchups.
Na tela ‘Two Men at Diner’ há lugar até para o típico aviso de bar em papel surrado com caligrafia arredondada, avisando que o local estará fechado nos dias 29 e 30 de julho, mas reabrirá no dia 31.
'Close Up and Personal', tela de Simon Hennessey


A mostra segue então seu passeio por gêneros da pintura —recorre a naturezas-mortas, paisagens urbanas e rurais até chegar na série de retratos, alguns deles de técnica tão precisa que passariam facilmente por fotografias ampliadas, caso dos trabalhos dos britânicos Simon Hennessey e Paul Cadden.


'Mother and Child', escultura de John De Andrea


Aos poucos, no entanto, o realismo que o CCBB expõe começa a apresentar uma nova atmosfera, inserindo na sua seleção pinturas com doses de expressionismo do argentino Ricarco Cinalli, e esculturas bem-humoradas do dinamarquês Peter Land, a exemplo do braço em riste que sobrou de um corpo soterrado por tijolos e um corpo de tecido com dez metros de comprimento que cai levemente sobre o hall do edifício.
O vídeo do japonês Akihito Taniguchi, no qual o avatar do próprio artista dança energicamente por ambientes que vão do campo a praia, mostra que, na realidade que agora nos é apresentada, dois corpos ocupam, sim, a mesma posição no espaço. Vemos até oito Taniguchis cruzando o mesmo corpo e ampliando o espectro do movimento.
‘É importante observar como a história das representações hiper-reais evoluiu. À medida que as mídias se desenvolveram, os artistas afrouxaram o controle do fotorrealismo em favor de realidades distorcidas, que ainda parecem reais’, diz o artista alemão Felix Kraus, que apresenta na exposição as pinturas ‘Cutting Sunday’ e ‘The Beginning of the End of The World’.
As duas telas de acrílica, ao receberem uma projeção 3D, tornam-se paisagens quase fantasmagóricas. Para um espectador pouco atento, porém, parecem simples videoprojeções.
Essas distorções entre ficção e realidade são evidenciadas na exposição de forma crescente e não só nas peças de Kraus, que as assina como ‘The Swan Collective’. Não à toa, a distância entre o real e o ficcional fica cada vez menor nas obras do subsolo do CCBB, espaço que marca o fim do percurso proposto pela curadoria.
Assim, o visitante passa por um trajeto que começa no fotorrealismo e termina na realidade virtual. Neste último setor, as pinturas realistas do alemão Sven Drühl foram extraídas a partir de frames de videogames. Já os vídeos do também alemão Andrea Nicolas Fischer apresentam paisagens fictícias, bastante naturalistas, criadas pelo próprio artista.
A imersão termina em uma sala com uma parede pintada de azul que ampara uma banheira repleta de bolinhas de plástico transparentes.
É o convite para que o espectador mergulhe na estrutura e, munido de seus óculos 3D, transporte-se para a animação da artista alemã Bianca Kennedy. No mundo virtual, a banheira passa a ser habitada por outros seres, e o espaço agora é compartilhado com um menino de cabeça solta, desprovido do corpo, uma mulher que se masturba tranquilamente e um homem que treina apneia com um relógio preso à mão.
‘Mesmo que meus desenhos sejam bastante reduzidos e estejam longe de serem hiper-reais, na realidade virtual o conteúdo pode ser percebido como real’, diz Kennedy.
‘O fone de ouvido toma conta dos sentidos e o cérebro é levado a pensar que o que você vê e ouve é um novo tipo de realidade’, afirma.
Em seis minutos, a animação da artista, criada a partir de 180 desenhos, apresenta humanos de traços falhos que parecem flutuar em um ambiente branco e azul-esverdeado.
Saímos da experiência mareados. Virtual ou não, a realidade pode ser vertiginosa.

50 ANOS DE REALISMO
Quando De qua. a seg., das 9h às 21h. Até 14/1/2019
Onde Centro Cultural Banco do Brasil, r. Álvares Penteado, 112, centro
Preço Grátis






Fonte: Nina Rahe    |    FSP

(JA, Nov18),


sábado, 11 de agosto de 2018

Batalha dos Guararapes




Batalha dos Guararapes, 1879, de Victor Meirelles.  Museu Nacional de Belas Artes

Batalha dos Guararapes é uma pintura a óleo produzida entre 1875 e 1879, que representa uma cena de guerra do primeiro confronto da Batalha dos Guararapes,  ocorrida no século XVII na Capitania de Pernambuco, que culminou com a expulsão dos invasores holandeses das terras brasileiras.

A tela foi pintada pelo artista plástico e professor de pintura histórica brasileiro Victor Meirelles, e a cena representa a vitória das tropas brasileiras contra as holandesas, em 19 de abril de 1648, no primeiro dos dois confrontos ocorridos naquela batalha, travada na região do Morro dos Guararapes. O segundo confronto seria travado meses depois, no mesmo local, em 19 de fevereiro de 1649, levando à expulsão definitiva das tropas holandesas da colônia, que só ocorreria em janeiro de 1654, com a assinatura da sua capitulação.
Inicialmente, a pintura sobre a batalha teria sido designada ao pintor paraibano Pedro Américo, encomendada pelo ministro do Império João Alfredo Correia de Oliveira. Aceita a proposta, o pintor foi à Itália e recolheu-se no Convento della Santíssima Annunziata de Florença para iniciar a obra. Pedro Américo desistiu de pintar a batalha encomendada, e decidiu fazer uma tela retratando a Guerra do Paraguai, que se chamaria ‘Batalha do Avaí’. Com a desistência, o ministro transferiu a encomenda a Victor Meirelles, em 1872.
A obra de Meirelles é uma das pinturas históricas que mais circularam no Brasil, juntamente com telas como Primeira Missa no Brasil, também de sua autoria e Independência ou Morte, de Pedro Américo. Foi apresentada na 25.ª Exposição Geral da Academia Imperial de Belas Artes em 1879, no Rio de Janeiro, para cerca de trezentos mil visitantes. Havia também na exposição, obras de Pedro Américo, como a Batalha do Avaí, ambas representando episódios vitoriosos da ‘história militar nacional’. A exposição, que a princípio destacava as qualidades das obras, dispostas lado a lado, passou a ficar marcada por um clima de rivalidade entre os autores, instigados pelas opiniões da imprensa. 
Essa batalha também tem como particularidade ser o primeiro momento de comunhão nacional da história brasileira, no que se refere à defesa do território contra os invasores. Representa a união do povo brasileiro em prol de um sentimento nacional. Essa interpretação sobre a invasão holandesa foi construída no século XIX, embasada na produção historiográfica do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), criando-se a ‘memória visual da nação’.
 As frequentes invasões holandesas e estrangeiras em geral, ocasionavam um laço nacional que unia as três etnias que formavam a sociedade da colônia na época, alinhando brancos europeus (portugueses), índios e negros, em um objetivo comum: a expulsão dos holandeses não só daquela região, que mais tarde seria denominada Nordeste do Brasil, mas também de todo o território da ainda colônia de Portugal. Foi um acontecimento historicamente importante a ser retratado e que seria, mais de 170 anos depois, uma das mais fortes inspirações para a formação do Exército Brasileiro.

Obra, composição
Na tela, centralizado e em destaque, vê-se André Vidal de Negreiros, mestre de campo do Exército português, brandindo sua espada, montado num cavalo marrom e branco que empina no momento captado pelo artista, deixando sua imagem mais alta do que qualquer outra. Ao mesmo tempo, o mestre traça um golpe com sua espada contra o coronel holandês Keeweer, que o olha atordoado, caído no chão. Este é o ponto nevrálgico da cena.
Ao redor do conteúdo central, muitos guerreiros com várias lanças, bandeiras e espadas se enfrentam, tendo uma concentração de homens ao redor do afrontamento dos dois chefes. A batalha está sendo vencida pelo exército português que se dispõe do lado esquerdo do quadro, tendo ao lado direito, vários holandeses mortos, feridos ao chão, e outros ainda em pleno duelo, com seus corpos inclinados para frente, o que dirige o olhar do observador. Próximo ao coronel golpeado, estão guerreiros que o protegem do mestre português, acobertando-o como numa barricada e apontando suas armas para o inimigo. O cavalo branco do coronel holandês encontra-se ferido ao chão. Meirelles também representa as estratégias militares utilizadas e, dessa forma, expõe os guerreiros holandeses, que se dispunham em várias faixas humanas, criando-se fases do exército.
Logo atrás de André Vidal, avista-se o comandante da tropa, Barreto de Menezes, também montado a cavalo, mostrando sua espada e que vai à captura do governador dos holandeses, Sigismund von Schkopp. Do lado direito, alguns guerreiros mais afastados do caos da batalha ao centro, observam e comentam a cena.
Os holandeses, assim como os portugueses, todos de pele branca, vestem roupas coloridas, de tons diversos: vermelho, verde, amarelo, azul, laranja, marrom, cinza, preto, e branco, cores que chamam atenção em suas roupas de tecidos grossos, vistosas, detalhadas, com penas, cinturões, acabamentos, botas de couro. Também usam armaduras de ferro e possuem numerosos equipamentos como escudos, lanças e espadas, estas últimas apontadas contra o inimigo. O exército português é composto por portugueses de pele branca e de alguns índios e negros os quais são mal representados, vestem roupas simples, alguns até estão sem armaduras. Os brancos possuem cavalos, e os de pele escura lutam todos no chão.  
Ao lado esquerdo, em direção às terras do cenário, avista-se um grupo de soldados portugueses a cavalo em segundo plano, aproximando-se ferozmente da zona de combate. Estes são retratados com cores mais apagadas que se misturam com a vegetação e uma poeira envolvente.
No lado inferior da tela, ao chão de terra batida com algumas manchas de sangue, estão vários homens feridos, mortos, jogados entre alguns galhos secos, armas e peças de roupas abandonadas. Outros, também ao chão, observam e se protegem da batalha, acuados. Todo o caos e movimentação da cena faz levantar uma poeira produzida pelo chão de terra, que envolve todo o quadro causando um efeito de moldura de penumbra.
Filipe Camarão e Henrique Dias ocupam as laterais da tela, direita e esquerda respectivamente. Os grupos de guerreiros aos poucos desaparecem em direção ao espaço aberto, no fundo. Eles são representados de tamanho menor e com cores neutras o que gera um efeito visual de profundidade e grandeza da batalha, como se pelo enquadramento utilizado não fosse possível retratar o tamanho da batalha em si, mas um recorte específico: o golpe do português Vidal de Negreiros contra o holandês Keeweer.
O encontro dos exércitos se dá em primeiro plano, no Morro dos Guararapes, local com árvores altas, um chão plano terroso, largo. A paisagem ocupa o canto esquerdo superior da tela com um imenso céu azul que carrega nuvens e compõe juntamente com a poeira cinza.
Meirelles compõe a topografia da região e insere ao fundo, em terceiro plano, o Cabo de Santo Agostinho, local que representa o motivo do confronto entre os dois grupos. Nesse plano mais distante, é usada uma técnica de profundidade, com a utilização de uma paleta de cores apagadas, a cor branca e pouca nitidez, ao contrário do centro e dos primeiros planos do quadro onde há mais nitidez e cores vivas. Nota-se uma natureza composta por várias espécies de árvores, e o fluxo do mar em direção ao horizonte montanhoso
A linguagem utilizada por Meirelles é clara, e procura ser fiel ao acontecimento e ao local, tem a intenção de resgatar o espírito de uma época a partir de seus vestígios, já que as pinturas de batalhas tornaram-se, nessa época, formas de documentar as explorações reais, e de registrá-las como um testemunho ocular.
O realismo artístico a partir do século XIX torna-se uma característica fundamental nas obras, notadamente na pintura histórica. A capacidade de captar o ‘real’ passa a se sobrepor à função didática, embora não completamente.
Os temas voltados para a história nacional passam a ser uma constante, substituindo gradualmente o interesse pela temática religiosa, havendo uma maior necessidade de se consultar fontes que ajudassem a compor a obra o mais fielmente possível, dentro de seu contexto histórico.    

O Autor
Victor Meirelles por volta de 1900. Autor: Pedro Peres
Victor Meirelles (1832 – 1903) era natural de Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), na então Província de Santa Catarina.
Aos seis anos de idade inicia seus estudos artísticos e aos quinze, muda-se para o Rio de Janeiro, então capital do Império, para estudar na Academia Imperial de Belas Artes (AIBA), especializando-se em pintura histórica.
Aperfeiçoou-se na Europa, estudando em Roma e Paris durante sete anos, tendo produzido nesta última cidade, o seu quadro Primeira Missa no Brasil, considerado pela crítica a primeira grande obra de arte brasileira.
Retorna ao Brasil em 1861 e, no ano seguinte, é nomeado professor de pintura histórica na AIBA. Antes da obra ‘Batalha dos Guararapes’, Meirelles já havia pintado temas indianistas como ‘’Moema’, em 1866 e outros episódios históricos de batalhas, como ‘Passagem de Humaitá’ e ‘Batalha do Riachuelo’, entre 1869 e 1872.
Em 1885, funda uma empresa para produção de imagens panorâmicas do Rio de Janeiro e a partir de então passa a se dedicar a este estilo de pintura. Com a reestruturação da AIBA, depois da Proclamação da República em 1889, Meirelles é exonerado do cargo de professor e passa por um período de ‘marginalização’, por ter sido o artista oficial do período monárquico. No entanto, deixou um legado considerado importante pela crítica para vários artistas da segunda metade do século XIX, depois de quase trinta anos como professor. Lamentando que suas obras tenham sido esquecidas, passa a realizar exposições públicas de suas pinturas panorâmicas para se manter até a sua morte, poucos anos depois.

Fonte: WP

(JA, Ago18) 


terça-feira, 29 de maio de 2018

Thomas Eakins, pintor realista estadunidense



The Gross Clinic, 1875
Um dos pintores realistas estadunidenses mais importantes do século 19. Trabalhou à margem dos estilos europeus contemporâneos, convertendo-se no primeiro artista importante depois da Guerra Civil estadunidense (1861-1865), ao realizar uma obra profunda e cheia de força, extraída diretamente da experiência de vida em seu país. 

Nasceu na Filadélfia, em 25 de julho de 1844, e estudou na Academia de Belas Artes da Pensilvânia, de 1861 a 1866. Ao mesmo tempo estudava anatomia na Escola de Medicina Jefferson, o que o levou a sentir uma grande interesse, durante toda a sua vida, pelo realismo científico.  

Eakins viveu três anos em Paris, de 1866 a 1869, onde estudou na Escola de Belas artes. Recebeu grande influência das obras dos mestres do século 17, em particular de Rembrandt, José de Ribera e Diego Velázquez, que o impressionaram pelo seu realismo e penetração psicológica. Em 1870, regressou à Filadélfia onde haveria de passar o resto de sua vida. Os quadros de Eakins mostram cenas e pessoas cotidianas da Filadélfia, sobretudo de sua vida familiar e da de seus amigos. 

Colocou em prática suas inclinações científicas em obras com barcos a vela, remeiros e temas de casa, nos quais demonstrava a anatomia do corpo humano em movimento. Pintou vários quadros com cenas que transcorriam em hospitais, de grande tamanho e força expressiva, entre os quais se destaca o ‘A Clinica Gross’, 1875 (Escola de Medicina Jefferson, Filadélfia), em que combina um detalhado realismo (o tema é uma operação cirúrgica), com uma agudeza psicológica no retrato do cirurgião, o Dr. Gross. 

Como diretor da Academia de Belas Artes de Pensilvânia, introduziu a inovadora assinatura de anatomia e dissecação, assim como a perspectiva científica, a qual revolucionou o meio artístico nos Estados Unidos. Sem dúvida, sua insistência em fazer estudos de nus escandalizou as autoridades e a Academia que o obrigaram a renunciar seu cargo em 1886.

               
Durante a sua última época de sua carreira artística o interesse científico de Eakins foi substituído pelo estudo da psicologia e da personalidade, dedicando-se a retratar amigos, cientistas, músicos, artistas e clérigos.  Além de sua magistral habilidade para registrar a personalidade, estes retratos  se caracterizam por um realismo absoluto e por um sentido escultórico da forma que se evidencia numa significativa quantidade de cabeças, corpos e mãos dos retratados. Um bom exemplo de seus retratos de corpo inteiro é ‘A Canção Patética’, que mostra a figura de uma cantora que está em pé, com uma rica túnica de seda, recortada contra a tênue luz do quarto de música.
Sem dúvida nenhuma, suas obras lhe proporcionaram popularidade e fortuna. Eakins exerceu uma profunda influência como pintor e professor, no desenvolvimento do naturalismo nos Estados Unidos. Entretanto, sua tendência para o realismo na pintura foi demasiado adiantada para a sua época.  

Thomas Cowperthwait Eakins, 1844-1916,  foi um pintor realista americano, fotógrafo, professor e educador de artes plásticas. Ele é amplamente reconhecido como um dos artistas mais importantes da história da arte americana. 




Fonte: Josa Motril  


(JA, Mai18)