Mostrando postagens com marcador SÃO PAULO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador SÃO PAULO. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Benedito Calixto

 


Benedito Calixto de Jesus foi um pintor, desenhista, professor, historiador e astrônomo amador brasileiro.

Calixto tinha uma inteligência e dotes artísticos verdadeiramente excepcionais, tanto que foi o primeiro ‘aluno de arte’ do Brasil a ser aceito nos célebres ‘ateliers’ de Paris, sem antes ter cursado a Academia Imperial do Rio de Janeiro.

Suas pinturas se encontram nos principais museus do Brasil, incluindo até o Estado do Pará. Várias prefeituras e igrejas também possuem suas telas, e diversos particulares as possuem em suas coleções.


Histórico

Benedito Calixto nasceu no dia 14 de outubro de 1853 na Vila de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém. Quando adolescente se transferiu para Brotas, onde pintou seus quadros iniciais.


Porto de Santos


Em 1881, passa a residir em Santos, cidade que lhe serve de inspiração para vários quadros. Com uma bolsa concedida pela cidade de Santos.

Viaja para Paris, segue até Lisboa, onde por muito pouco tempo recebe aulas de Silva Porto, tendo ainda frequentado o ateliê de Malhoa, onde permanece menos de um ano, trazendo de lá um equipamento fotográfico.


Longe do Lar, 1884


Retornando ao Brasil em 1885, Calixto é rigorosamente o mesmo de quando embarcou: imune a influências, impermeável ao fascínio cultural da capital francesa, permanece até o fim um isolado, praticando um tipo de pintura do qual não se arredaria um milímetro, alheio a qualquer inovação ou renovação. 


Largo da Sé, Igreja Matriz, 1555-1744, 1865


É com o quadro ‘Enchente na Várzea do Carmo’, ~1892, que o artista consegue maior destaque: a crítica da época aponta a exatidão admirável com que representa a cidade de São Paulo, e alguns de seus principais pontos, como o mercado, a rua 25 de março, a fábrica de chitas, e o casario do Brás.

O artista realiza diversas obras para o Museu Paulista da Universidade de São Paulo – MP/USP, sob encomenda de Afonso d´Escragnolle Taunay, 1876-1958, sobretudo cenas da São Paulo antiga e paisagens, sendo que algumas foram baseadas em desenhos de Hercule Florence, 1804-1879, ou em fotografias de Militão Augusto de Azevedo, 1837-1905, entre outros.

 

Fundação de Santos


Para seus quadros históricos e religiosos, como Fundação de São Vicente, 1900, ou Fundação de Santos, 1922, realiza estudos fotográficos preparatórios, para os quais se vale de minuciosa pesquisa histórica.

As paisagens é a temática mais cara ao artista. Nessas obras, apresenta uma pintura lisa, com o uso de veladuras, e um colorido sempre fiel às características locais, embora trabalhado de maneira bastante pessoal no uso dos verdes, azuis e ocres.

Benedito Calixto, que dispunha de amplo conhecimento sobre o litoral paulista, atua ainda como cartógrafo, realizando ensaios de mapas de Santos, e como historiador, escrevendo sobre as capitanias paulistas.

Quando descansa da pintura, é no passado histórico de São Paulo que se refugia, ou então se volta para as estrelas, em sua paixão de astrônomo amador.

Esse amor excessivo à História seria, aliás, nocivo ao artista, que com escrúpulos de documentarista chegou a povoar de indígenas o quintal de sua casa, a fim de mais fielmente pintar.

Para os últimos anos de vida, sobretudo, transformara-se Calixto numa autêntica máquina de fazer quadros, como se pode observar desse trecho de uma carta, remetida em maio de 1919 a um comerciante que se incumbia de lhe vender a produção:

‘Peço-lhe o favor de tomar nota das pessoas que querem outros quadros, a fim de que as mesmas se expliquem sobre o tamanho, e o gênero que desejam, bem como o ponto, ou lugar, que devo reproduzir’.

Na mesma carta, desencantado, acrescenta:

‘Pouco ou nada me adianta, agora que já estou velho, a opinião e conselho dos críticos sobre meus trabalhos. Desejaria apenas, que os jornais dessem notícias dos quadros vendidos etc., e mais nada, pois não preciso de reclame’.

Foi o isolamento em que viveu Calixto que o impediu de participar com frequência do Salão Nacional de Belas Artes, em cujos catálogos o seu nome surge apenas duas vezes, em 1898 (medalha de ouro de terceira classe), e em 1900. Também por isso não tomou parte, senão raramente, de certames internacionais, como a Exposição de Saint-Louis de 1904, na qual conquistou também medalha de ouro.

Calixto foi pintor de marinhas, paisagens, costumes populares, cenas históricas e religiosas. Se durante a sua vida a tendência era considerá-lo acima de tudo como pintor de história e religioso, (gêneros esses nos quais deixou abundante produção, inclusive na Catedral e na Bolsa de Santos; no Palácio Cardinalício do Rio de Janeiro; na Igreja de Santa Cecília em São Paulo; e na Matriz de São João Batista em Bocaina), hoje costuma-se conceder bem maior importância às cenas portuárias e litorâneas, nas quais extravasa um caráter talvez rude, mas pessoal e profundamente sincero, na abordagem dos diversos aspectos da natureza. 



Navio no Porto de Santos


Os quadros em que fixou o desembarque do café, no primitivo porto de Santos, ao lado do seu aspecto puramente documental, revestem-se de força expressiva, apesar da aparência algo dura das embarcações; por outro lado, convém destacar certas cenas litorâneas ou ribeirinhas, em que a um desenho algo ingênuo e a um colorido preciso, aliam-se uma nítida preocupação atmosférica, e um grande respeito ao meio ambiente.

O artista faleceu a 31 de maio de 1927, em São Paulo, tendo sido, porém, enterrado no Cemitério de Paquetá, em Santos. Três anos antes, recebera do Papa Pio IX a comenda e a cruz de São Silvestre Papa, em recompensa aos serviços prestados à Igreja com sua arte.

 

Fonte:  Mercado da Arte – blog

 

(JA, Jun21)

 


sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Arte Representa



São Paulo - Uma joia rara, em pleno bairro da Moóca



Mural do Ateliê Artístico Moral inspirado na obra do artista plástico José Washt Rodrigues





Douglas, dirigia seu carro pela Avenida Paes de Barros, no bairro paulistano da Moóca, quando, ao parar no semáforo, deparou com um magnífico mural sobre São Paulo, na parte interna de um edifício.


Como estava parado no trânsito, observou bem a entrada do edifício cujo nome é São Raphael, um prédio entre tantos outros desta movimentada avenida. O que viu foi uma bela pintura no corredor que leva à garagem.


O semáforo abriu, os carros que estavam atrás começaram a buzinar e Douglas teve que seguir seu caminho.

Encantado com o que viu, na mesma semana voltou ao local caminhando a pé, e observou que ali não havia apenas uma pintura. Existia, isso sim, uma verdadeira obra de arte dedicada a São Paulo.

Tocou o interfone e pediu ao porteiro para conversar com o responsável e conhecer o espetacular mural.

Foi gentilmente recebido pela síndica, Sonia Elias Vidal que prontamente contou a ele um pouco da história deste enorme painel de azulejos, colocado dentro de um edifício residencial.

Inaugurado em 1959, o edifício São Raphael é um dos mais antigos da Moóca, tendo sido construído pelo espanhol Raphael Jurado que fez o prédio pensando na moradia de suas cinco filhas e mais um único filho.

Disse a síndica ter sido este o primeiro prédio daquela avenida a ter elevador, motivo que inspirou o construtor a marcar presença com algo inusitado que chamasse a atenção dos visitantes.

Raphael Jurado então contratou os serviços em azulejos produzidos pela Ateliê Artístico Moral, cujas obras estão espalhadas em outros locais cidade de São Paulo e pelo interior paulista.

O mural mostra uma mulher apresentando a capital paulista em duas épocas, tendo do lado esquerdo a São Paulo antiga, cuja inspiração é uma das famosas aquarelas de José Wasth Rodrigues, mostrando a antiga igreja do então Largo da Sé em 1859.

Pelo lado direito do mural, se avista a São Paulo moderna na época em que o prédio foi inaugurado - cem anos depois da primeira imagem, mostrando o Viaduto Santa Ifigênia, o Vale do Anhangabaú e seus arredores, tudo isso entrelaçado pela bandeira paulista.

A magnífica obra está muito bem cuidada pelo condomínio do edifício São Raphael, cuja síndica dá uma atenção especial para que ela se mantenha sempre limpa e preservada.

Douglas Nascimento, como paulistano, agradece ao construtor Raphael Jurado pela inspiração de ornamentar seu edifício com uma obra artística de tamanha beleza, que releva a importância desta grande cidade para todos os brasileiros, e enfatiza: ‘Pessoas como ele é que nos fazem amar ainda mais a nossa cidade’.


‘São Paulo sempre nos surpreende’






Fonte: Douglas Nascimento, 2013, jornalista, fotógrafo, memorialista e pesquisador independente | Portal São Paulo Antiga



(JA, Nov19)



quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Mostra expõe fotógrafo alemão que retratou modernização de São Paulo


Fotografo  alemão Theodor Preising, 1883-1962

A partir de um repertório de 15 mil negativos, o curador Rubens Fernandes selecionou 61 imagens do fotógrafo Theodor Preising (1883-1962) que mostram o período de urbanização e modernização de São Paulo, entre 1920 e 1940.
Os trabalhos do alemão estão reunidos na exposição ‘São Paulo: Sinfonia de uma Metrópole’, na Fiesp, dividida em quatro assuntos, como celebrações, a cidade, colheita de café e a chegada de imigrantes japoneses e europeus ao estado.
‘Durante esse período, a cidade estava pulsante e moderna. Todo esse fervor aconteceu em decorrência da exportação do café, trabalho feito pelos imigrantes da época’, diz o curador, explicando a escolha das imagens presentes na mostra.
Imigrante alemão, Preising deixou a sua terra natal após a Primeira Guerra Mundial, quando a Alemanha enfrentava uma forte crise econômica por ter perdido o conflito e ter tido que arcar com dívidas com a Inglaterra e a França.
Ao chegar no Brasil, o alemão teve, como define o curador, uma ‘visão empreendedora’.
Formado em fotografia, ele tinha experiência como repórter no front de guerra, mas no Brasil ele mudou o foco de trabalho e começou a comercializar cartões-postais com fotos que fazia de São Paulo.
‘Isso deu um gás para que Preising começasse a ser reconhecido no Brasil’, explica Fernandes.
A partir desse sucesso, o alemão passou a colaborar para publicações como na ‘Revista S. Paulo’ e ‘National Geographic’, além de ter trabalhado, durante o governo de Getúlio Vargas, no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Além de garantir seu sustento, o sucesso dos postais possibilitou que Preising trouxesse a família para o Brasil.
ANONIMATO
Segundo o curador, esta é a primeira mostra individual do fotógrafo em São Paulo.
Fernandes contou que, durante o processo de montagem da exposição, lhe perguntaram como tinha ‘descoberto’ o trabalho do fotógrafo.
‘Eu não descobri ele’", explica o curador. ‘Eu acompanho o trabalho dele há mais de 30 anos, e ele está na coleção Pirelli/Masp, mas ainda não é reconhecido’.
‘Eu costumo dizer que a história da fotografia brasileira é um iceberg, já que conhecemos apenas a ponta dele, sendo que temos muitos fotógrafos que ainda não emergiram’, diz Fernandes. ‘Estamos escavando essa memória para trazê-la à superfície’.
O curador lamenta que, apesar de alemão ter sido um dos primeiros fotógrafos a imigrar o Brasil, ‘ele não tenha nem um livro de sua autoria’.
Por isso, Fernandes acredita que a exposição, além de ser uma homenagem para São Paulo, que completou 464 anos na semana passada, também tem o objetivo de garantir que Preising não desapareça da história da fotografia.
*
SÃO PAULO: SINFONIA DE UMA METRÓPOLE
QUANDO até 25/3; ter. a sáb. das 10h às 22h
ONDE Fiesp, av. Paulista 1.313, te. (11) 3146-7439
QUANTO grátis


Texto: Isabella Menon   |   FSP



(JA, Jan18)


Chegada imigrantes asiáticos, 1930


Imigrantes asiáticos, Porto de Santos, 1930



Praça do Patriarca, ~1930



Carnaval, Av. São João, 1936



Rua XV Nov, 1940




Parque do Anhangabaú e o novo Viaduto do Chá,1940