sábado, 28 de julho de 2018

Arte da Pintura – Claude Monet




Claude Monet, 1840-1926  - ‘Impressão: Nascer do Sol’, 1872
Monet nasceu na França, no ano de 1840. Tornou-se um grande pintor e um dos mais importantes representantes do impressionismo. Foi uma de suas pinturas, ‘Impressão: Nascer do Sol’, 1872, que deu nome ao movimento artístico impressionista. O começo de sua carreira artística foi marcado por dificuldades financeiras.
Seu pai, Claude - Auguste, tinha uma mercearia modesta. Aos cinco anos, sua família mudou-se de Paris para Le Havre, na Normandia. Seu pai desejava que Claude continuasse no comércio da família, mas ele desejava pintar. Foi a sua tia Marie-Jeanne Lecadre que o apoiou a seguir a carreira artística, pois ela também havia sido pintora.
Em 1851, Monet entrou para a escola secundária de artes e acabou se tornando conhecido na cidade pelas caricaturas que fazia. Nas praias da Normandia, Monet conheceu, por volta de 1856, Eugène Boudin, um artista que trabalhava extensivamente com pintura ao ar livre nessas mesmas praias, e que lhe ensinou algumas técnicas ao ar livre.
Em 28 de janeiro de 1857, sua mãe morreu e, aos 16 anos, Monet abandonou a escola e foi morar com sua tia Marie-Jeanne Lecadre.
Em 1857, Monet voltou para Paris para estudar pintura, e foi aí que conheceu a sua primeira mulher, Camille Monet, a quem retratou muitas vezes, em quadros onde ela aparecia mais do que uma vez na mesma pintura.
Frequentava muito a academia suíça de Paris onde copiava os grandes pintores. Em 1861 foi obrigado a servir no Exército na Argélia. Sua tia Lecadre concordou em conseguir sua dispensa do serviço caso Monet se comprometesse a cursar arte na universidade. Deixou o exército, mas não lhe agradou o tradicionalismo da pintura acadêmica.
Decepcionado com o ensino da pintura acadêmica na Universidade, em 1862 ele foi estudar artes com Charles Gleyer na mesma Paris, onde conheceu Camille Pissarro e Gustave Courbet. Juntos desenvolveram a técnica de pintar o efeito das luzes com rápidas pinceladas, o que mais tarde seria conhecido como impressionismo.
Em 1863, ajudado por seu amigo, Monet alugou um pequeno estúdio em Paris. No mesmo ano, Monet entraria para o Salão oficial de pintura de Paris: 'Estuário do Sena' e 'Ponte sobre Hève na Vazante'.
Monet teve uma catarata no fim da sua vida. A doença o atacou por causa das muitas horas com seus olhos expostos ao sol, pois gostava de pintar ao ar livre em diferentes horários do dia, e em várias épocas do ano, o que foi outra característica do Impressionismo. Durante sua doença Monet não parou de pintar, - usou nessa época de sua vida cores mais fortes como o vermelho-carne e vermelho goiaba, cor tijolo, entre outros.
Monet morreu em 1926 e está enterrado no cemitério da igreja de Giverny, departamento de Eure, na Alta Normandia, norte da França.

Claude Monet, o leitor, retrato de Renoir



Fonte: WP



(JA, Jul18)




sexta-feira, 20 de julho de 2018

Artista plástico da Mooca tem quadro no acervo da Casa Branca



Mostra joga luz no pintor Durval Pereira, 1918-1984, com obras em vários acervos do mundo e esquecido no Brasil




‘Se me pedirem para pintar um barco, eu pinto. Se me pedirem flores, também pinto. Se me pedirem boiadas, pinto também. Mas ninguém sai da minha casa sem comprar’. A frase era frequentemente dita por Durval Pereira, 1918-1984, que completaria 100 anos em 2018.
Em homenagem à carreira do artista e como forma de resgatar sua história, o Memorial da América Latina, na Barra Funda, em São Paulo, recebe a exposição ‘Durval Pereira -Impressões Brasileiras/100 anos’, com 220 obras do colecionador Hebron Oliveira.
Pereira começou a pintar nos anos 1940 paisagens brasileiras e conquistou prêmios internacionais como, em 1983, da Biennale Mondiale des Métiers d’Art, em Nice, França. Porém, pouco se ouve falar do artista no Brasil.
O pesquisador Lut Cerqueira afirma que um dos motivos para seu desaparecimento no Brasil é que a maior parte das obras de Pereira estão fora do Brasil. Segundo o pesquisador, suas pinturas estão também em acervos de países como França, Itália, Alemanha, Suécia e África do Sul.
Ele diz também que obras do artista compõem o acervo da Casa Branca, adquiridas por Ethel Kenndy, mulher de Bobby Kennedy, procurador-geral dos EUA no início dos anos 1960.
O interesse pelas obras dele no exterior, diz Cerqueira, está relacionado a atenção ao Brasil nos anos 1940. ‘Walt Disney acabava de lançar o curta com o personagem Zé Carioca no Brasil. Além disso, Carmen Miranda estourava nos Estados Unidos. Tudo isso fez com o Brasil começasse a ser visto como paisagem e destino turístico’.
Por isso, as paisagens do artista, inspiradas em suas viagens ao redor do país, podem ter chamado mais atenção lá fora do que no Brasil. Já que, pós-Semana de 22, marco no início do modernismo brasileiro, suas pinturas não eram aquilo que o mercado pedia.
‘Ele era impressionista em um momento que ninguém mais era. Isso fez com que ele fosse desconsiderado pela crítica’, diz o pesquisador.
Outro fato que pode ter colaborado no Brasil foi a morte devido um infarto fulminante, aos 65 anos. Depois disso, sua família não conseguiu continuar divulgando seu trabalho.
Pereira também não era representado por galerias: ele mesmo vendia as próprias obras.
O artista costumava sair de casa com sua boina e sapatos brancos, pois dizia que ‘todos os grandes artistas franceses usam uma’. Dentro de casa, mantinha produção intensa e pintava de quatro a cinco quadros por dia.
Voltado às paisagens, no final da vida ele cedeu ao mercado e pintou quadros que mesclam o expressionismo e abstracionismo —expostos na mostra. Porém, não gostava do estilo e costumava dizer que ‘poderia fazer quadros desses com seus pés’. 
'Durval Pereira -Impressões Brasileiras/100 anos’
Memorial da América Latina, av. Auro Soares de Moura Andrade, 664.
Ter. a dom. das 9h às 18h.
Até 16/9.
Grátis




Fonte: Isabella Menon   |   FSP


(JA, Jul18)

quarta-feira, 18 de julho de 2018

As cidades de peças eletrônicas feitas por este fotógrafo alemão



Em novo trabalho premiado, fotógrafo Heiko Hellwig troca arquitetura urbana pela de computadores

Vistas de cima são como as metrópoles do futuro, tal como imaginadas pela ficção científica: com grandes prédios, avenidas movimentadas e luz neon. De perto, apenas tralha tecnológica que, no passado, integrou o núcleo de computadores e videogames.
O trabalho artístico ‘Silicon Cities’ (uma referência ao Silicon Valley, o Vale do Silício, na Califórnia, terra das grandes empresas americanas de tecnologia) é uma série feita pelo alemão Heiko Hellwig, de 58 anos. O fotógrafo diz ter coletado peças de placas, circuitos impressos, semicondutores e transistores para criar suas maquetes eletrônicas.
Nele, Hellwig deixou a arquitetura das cidades, seu maior objeto de interesse, e voltou-se a uma arquitetura de outra ordem, a de computadores.
Segundo o autor do trabalho, que em junho de 2018 se tornou um dos vencedores na categoria ‘Belas artes / Abstrato’ do prêmio de fotografia francês Px3, a série ‘explora e revela o núcleo da nossa sociedade digital’, que ‘não compreende mais os caminhos que a informação está tomando’.
Ou ainda dialoga com as peças que dão vida aos computadores, as quais embora sejam detalhadas, são poucos compreensíveis; são belas e assustadoras ao mesmo tempo, diz ele. ‘Elas não revelam facilmente as informações que armazenam e transportam, mas as escondem dentro de sua arquitetura digital’.
Segundo a Wired, Hellwig  fez as imagens em seu estúdio, em Stuttgart, com uma câmera sobre uma escada, filtros coloridos (vermelho e verde) e algumas horas de retoque no Photoshop.
Veja algumas das obras da série:









Fonte: Murilo Roncolato    |    =Nexo


(JA, Jul18)

domingo, 15 de julho de 2018

Flávio-Shiró



Abertura da exposição e lançamento do livro de Flavio Shiró, Pinakotheke, no Morumbi

Mostra na Pinakotheke São Paulo, na zona sul, reúne 26 pinturas, 12 obras sobre papel, fotografias, objetos pessoais e curtas-metragens.

O premiado pintor nipo-brasileiro Flavio-Shiró comemora seus 90 anos com uma exposição panorâmica de sua carreira na Pinakotheke São Paulo, localizada no Morumbi, zona sul. A mostra fica em cartaz de 9 de julho a 11 de agosto, com visitação gratuita de segunda a sexta, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 16h.






Com curadoria de Max Perlingeiro e do próprio artista, a mostra exibe 26 pinturas, 12 obras sobre papel, fotografias, objetos pessoais e cinco curtas-metragens dirigidos por Adam Tanaka (neto do pintor) e Margaux Fitoussi. A ideia é criar um panorama da obra de Shiró, dos anos de 1940 aos dias atuais, passando pelos principais momentos de sua carreira – o figurativismo de caráter expressionista nos anos iniciais, o abstracionismo informal a partir dos anos de 1950 e a retomada da figuração.

Alguns destaques da mostra são as telas ‘Voo Noturno’, ‘Matéria III’ e ‘Camargue’, todas pintadas ao longo dos anos de 1950, que estiveram expostas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1959, quando o artista ainda assinava como Flavio S. Tanaka.

Shiró

Conhecido por imprimir a gestualidade na pincelada ao criar temas monstruosos e fantasmagóricos, o pintor, gravurista, desenhista e cenógrafo Flávio-Shiró ganhou vários prêmios em salões e bienais internacionais, com destaque para o Prêmio Internacional de Pintura na Bienal de Paris (1961) e o Prêmio Itamaraty na 20ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo (1989).

Nascido em 1928, em Saporo, no Japão, Shiro Tanaka (nome original do pintor) foi morar com sua família em uma colônia japonesa no Pará em 1932. Ele se mudou para São Paulo em 1940, quando começou sua carreira artística. Desde 1953, quando foi estudar em Paris, divide seu tempo entre o Brasil e a França, onde tem um ateliê.

O trabalho de Shiró já foi exibido em países como França, Japão, Estados Unidos, Reino Unido, Bélgica e Itália. No Brasil, ganhou retrospectivas no MAM-Rio (1993), no MASP (1994), no MAC – Niterói (1998) e no Instituto Tomie Ohtake (2008).


Flávio-Shiró
Pinakotheke São Paulo  - Rua Ministro Nélson Hungria, 200 - Morumbi, São Paulo - SP, Brasil Tel.: (11) 3758-5202
Até 11 de agosto 2018 
De segunda a sexta-feira, das 10 às 18h, e aos sábados, das 10 às 16h








Fonte: Catraca Livre




(JA, Jul18)

Durval Pereira ganha mostra na Capital

Exposição abre dia 18, no Memorial da América Latina, e apresenta 220 telas do artista 
‘Casario 06’,  1970, de Durval Pereira

Enquanto obras modernistas e abstracionistas predominavam no cenário das artes plásticas, o paulistano Durval Pereira, 1918–1984,  apostava no impressionismo. Figura que completaria 100 anos em 2018, ele ganha justa homenagem com a mostra Sesi Durval Pereira – Impressões Brasileiras/100 Anos. A exposição toma conta do Memorial da América Latina a partir do dia 18 e segue em cartaz até 17 de setembro. A entrada é gratuita.
Produtor incansável – pintava de três a quatro obras por dia – Durval Pereira tem apresentadas 220 telas de seu extenso catálogo. As peças marcam várias fases temáticas de suas pinturas. A curadoria é assinada pelo pesquisador e arquiteto Lut Cerqueira. O artista tinha como inspiração para suas obras os cenários brasileiros. Casarios de cidades coloniais de todos os cantos do País foram retratados pelo pintor. Na direção de seu automóvel, saia viajando e fotografando tudo o que achava interessante para depois pintar.
‘Aproveitamos o centenário de seu nascimento para reapresentá-lo ao público. Essa mostra é muito mais do que um resgate da memória de Durval Pereira ou de sua obra. É o caminho, dentre tantos que o artista percorreu pelo Brasil afora, de reaproximá-lo daquilo que ele mais amava: o público apreciador da verdadeira arte’, diz o curador. Paisagens e personagens rurais também ilustram as telas do paulistano. Cidades como Santos e Itanhaém, no Litoral de São Paulo, também lhe serviram de inspiração. 


Exposição ‘Sesi Durval Pereira – Impressões Brasileiras/100 Anos’
Memorial da América Latina – Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, em São Paulo-SP, Tel.:  (11) 3823-4600
De 18 de julho a 17 de setembro. 
Visitação de terça-feira a domingo, das 9h às 18h. 
Grátis






Fonte: Vinícius Castelli   | Diário do Grande ABC





(JA, Jul18)


sexta-feira, 13 de julho de 2018

Ilustradores Premiados de livros infantis ganham exposição


 Sesc Bom Retiro traça um panorama de artistas nacionais e internacionais que foram decisivos na história da ilustração 
Obra de Stepan Zavrel presente na exposição 'Ilustração como porta para o mundo'


Os livros infantis têm o poder de transportar o leitor para um mundo mágico, especialmente com o auxílio de desenhos poéticos. Para quem ama esse universo, entre 9 de julho e 14 de outubro, o Sesc Bom Retiro apresenta a exposição ‘A Ilustração Como Porta Para o Mundo’.


A mostra comemora os 50 anos da Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha, considerada o evento mais importante do mundo para a área. A entrada é gratuita e a visitação pode acontecer de terça a sexta, das 9h às 21h, aos sábados, das 10h às 21h e aos domingos, das 10h às 18h.
Dividida nos eixos nacional e internacional, a exposição tem curadoria de Paola Vassali e Dolores Prades, resultado de uma parceria do Instituto Emília, um coletivo de pesquisa e difusão do livro para a infância, de São Paulo, com a Feira de Bolonha, na Itália.
No campo internacional, Paola selecionou obras premiadas de autores que ajudaram a traçar os rumos do que hoje se entende como ilustração de livros infantis e juvenis. Esse material estará dividido em cinco décadas.
Os primeiros dez anos, entre 1967 e 1976, serão representados pelos desenhos de Francesco Tullio-Altan (Itália), Eric Carle (EUA), Patrick Couratin (França), Helme Heine (Alemanha), Emanuelle Luzzatti (Itália), David Macauly (EUA), Iela Mari (Itália), Bruno Munari (Itália), Ralph Steadman (Inglaterra) e Stepan Zavrel (República Tcheca).
A próxima década, de 1977 a 1986, terá desenhos de Jean-Louis Bresson (França), Quentin Blake (Inglaterra), Stasys Eidrigevicius (Lituânia), Monique Felix (Suíça), Robert Ingpen (Austrália), Roberto Innocenti (Itália), Dusan Kallay (Bratislava), David Mckee (Inglaterra), Rony Ross (Inglaterra) e Lisbeth Zwerger (Viena).
Entre 1987 e 1996, as ilustrações são de Jean Claverie (França), Klaus Ensikat (Alemanha), Georges Lemoine (França), Kveta Pacovská (Polônia), Cris Raschka (EUA), Alfonso Ruano (Espanha), J. Otto Seibold (EUA), Max Velthuijs (Países Baixos) e Piero Ventura (Itália).
A década de 1997 e 2006 tem trabalho dos artistas Beatrice Alemanha (Itália), Arnal Ballester(Espanha), Eric Battut (França), Chiara Carrer (Itália), Svejetlan Junakovic (Zagrev), Tato Miura (Japão), Fabian Negrin (Argentina), Bente Olesen Nystrom (Dinamarca), Vladimir Radunsky (Rússia) e Shaun Tan (Austrália).
Por fim, entre 2007 e 2016, há ilustrações de Ofra Amit (Israel), Barnardo Carvalho (Portugal), Maja Celija (Eslovênia), Mara Cerri (Itália), Philip Giordano (Japão), Anne Herbauts (Bruxelas), Suzy Lee (Coréia), Nooshin Safakoo (Irã), Alessandro Sanna(Itália) e Klaas Verplancke (Suíça).
Já para o setor nacional, uma espécie de mostra paralela, Dolores Prades escolheu obras de grandes mestres brasileiros do gênero: Odilon Moraes, Marilda Castanha, Daniel Bueno, Fernando Vilela e Mariana Zanetti, que revelam como a ilustração é feita no Brasil. Esses trabalhos exploram temáticas poéticas, dramáticas e políticas, mobilizando recursos do desenho, da pintura e do design gráfico, em diálogo com o texto escrito.

Ilustração como Porta para o Mundo
Sesc Bom Retiro – Al. Nothman, 185, Campos Elíseos, São Paulo-SP
De Ter. a Sex.: das 9h às 21h; Sab.: das 10h às 21h; Dom.: das 10h às 18h
Até 14/10
Livre
Grátis

Fonte: Catraca Livre, Guia FSP 




(JA, Jul18)

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Bilionários russos usam fortuna para investir em arte e museus ambiciosos


Magnatas buscam verniz intelectual para suas imagens e ampliar cultura

‘Adeus Terráqueos!’, pintura realizada por Andrey Plotnov em 1979


Ele tinha uma petroleira, um time de futebol, frota de jatinhos e iates e mansões em Londres e Nova York.

Mas quando parecia já não saber mais o que fazer com a sua imensa fortuna, Roman Abramovich, como todo bilionário atrás de um verniz de refinamento intelectual, também começou a comprar arte.

Suas escolhas nessa esfera, espelhando a ostentação obscena de seus barcos atracados em praias do Mediterrâneo, não foram menos chamativas. Os valores das pinturas de Francis Bacon e Lucian Freud que arrematou em leilões bateram recordes, somando dezenas de milhões de dólares.

Então veio o próximo passo. Abramovich, dono do Chelsea, um dos empresários mais ricos da Rússia e homem de confiança do presidente Vladimir Putin, decidiu abrir o seu próprio museu.

No meio do parque Gorki, no centro da capital russa, o seu Garage é um belo caixote de concreto e plástico translúcido desenhado pelo holandês Rem Koolhaas, um dos maiores astros da arquitetura e um queridinho dos super ricos.

Quando mandou construir esse espaço há uma década, o senhor A, como Abramovich é chamado nos corredores do Kremlin, não sabia, mas inaugurava também uma tendência a ser seguida por uma série de oligarcas russos como ele.

‘Na Rússia, sempre houve grandes fortunas destinadas à filantropia, mas agora os ricos aqui entendem que precisam fazer algo mais ligado à sua personalidade’, diz Anton Belov, diretor do Garage, no café do museu. 

‘Eles querem ter os seus nomes associados a algo importante para eles’.

Importam, no caso, nomes como Raymond Pettibon, Ugo Rondinone, Yayoi Kusama, Takashi Murakami, Louise Bourgeois, Juergen Teller e outras estrelas pinçadas do circuito jet-set da arte contemporânea que nunca teriam exposições nos museus públicos do país.

‘Eles queriam mudar sua sociedade, dar um upgrade na cultura visual da Rússia’, diz Belov, falando sobre Abramovich e Dasha Zhukova, a terceira ex-mulher do bilionário, também à frente do Garage.

‘Nosso país ficou fechado durante muitos anos, e agora as pessoas sentem uma fome enorme de cultura. Isso está inspirando os projetos de novos museus bem ambiciosos’.

E caros. Depois que os Abramovich gastaram o equivalente a R$ 105 milhões para construir o seu Garage, fração ínfima de sua fortuna estimada em R$ 31 bilhões, mais um oligarca decidiu flexionar seus músculos financeiros em nome das artes, seguindo uma estratégia muito semelhante.

Leonid Mikhelson, um banqueiro e magnata do gás natural, acaba de escalar o arquiteto italiano Renzo Piano, o mesmo que ergueu o Pompidou em Paris e o Whitney em Nova York, para transformar uma antiga central elétrica à beira do rio Moscou no maior museu privado de arte contemporânea em toda a Rússia.

Suas enormes galerias com teto de vidro e laboratórios e ateliês para artistas mais experimentais vão ficar prontas em dois anos, mas já parecem uma realidade palpável aos olhos dos envolvidos —diretores do museu batizado V-A-C chamam o espaço orçado em quase R$ 250 milhões de uma ‘grande catedral da arte’.

Não é um investimento que possa causar um rombo nas finanças de Mikhelson, que já acumulou R$ 70 bilhões, mas marca uma mudança de comportamento que chega à Rússia depois de fazer a cabeça de bilionários pelo mundo todo.

‘Os russos se parecem muito com os ursos’, diz a italiana Teresa Mavica, chefe do futuro museu, em seu escritório no oitavo andar de um prédio do centro moscovita com vista para as copas das árvores de um parque lá embaixo. ‘Eles dão a impressão de serem devagar, mas de repente eles se despertam e saem correndo’.

O alvo de toda essa corrida, no caso, agora é a arte. Mavica, que vive na Rússia há três décadas, descreve o atual fenômeno dos oligarcas mecenas como a segunda fase de um processo de acumulação de riqueza que começou na era das reformas econômicas da perestroika, ainda nos anos 1980.

‘Os mais ricos investiam as suas fortunas em bens materiais, imóveis, carros, iates, numa tentativa de se ater ao presente’, ela diz.

‘Mas, depois veio o momento em que passaram a pensar em arte como elemento de uma aristocracia intelectual. Este país está redescobrindo o poder do mecenato, uma tradição esquecida’.

Mavica lembra, nesse caso, a história de instituições como o Tretyakov, museu fundado por uma família de ricos comerciantes bem no coração de Moscou no século 19 e que detém algumas obras-primas da vanguarda artística da Rússia.

Mas o país de Putin não podia ser mais distinto da Rússia imperial dos Tretyakov.

Passadas duas revoluções e no auge de uma crise diplomática que opõe Moscou ao resto do Ocidente, Mavica sabe que a arte contemporânea se tornou uma ‘coisa muito perigosa’ numa nação que há tempos já nem disfarça mais o seu combate à liberdade de expressão.


Fachada do Instituto de Arte Realista Russa, em Moscou


O colecionismo dos oligarcas, aliás, reflete suas alianças políticas. Outro espaço aberto por um bilionário local nos últimos anos é uma ode ao auge da era soviética.

Batizado Instituto de Arte Realista Russa, esse museu que ocupa agora uma antiga fábrica têxtil na capital do país reúne as pérolas de sua propaganda socialista.

É um renascimento do jeito de pensar dos mecenas ricos’, diz Nadezhda Stepanova, diretora do museu criado por Alexey Ananiev, banqueiro e empresário de tecnologia.

‘Museus privados são os pioneiros atuais entre as instituições. Somos mais jovens e rápidos’.

Nesse sentido, a banqueira Natalia Opaleva, do outro lado do espectro político, não perdeu tempo e comprou logo um sobrado com uma sacada amarela no centro de Moscou para mostrar sua coleção de milhares de obras de Anatoly Zverev, um dos chamados artistas não oficiais —ou opositores— dos soviéticos.

Sua instituição chamada AZ, as iniciais de seu principal artista, é a mais recente dessa onda de museus de oligarcas, mas não será a última delas.



Fonte: Silas Marti    |    FSP


(JA, Jul18)