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segunda-feira, 7 de maio de 2018

Casa Mário de Andrade inaugura exposição sobre os trabalhos fotográficos do escritor


Pouco conhecido como fotógrafo, Mário foi pioneiro na fotografia modernista do país, inovando as técnicas e deixando um legado de extrema importância


o escritor Mário de Andrade


Você sabia que Mário de Andrade também foi fotógrafo? Muito reconhecido na literatura e na música, o autor de Macunaíma foi um dos pioneiros na fotografia modernista no Brasil.

Com o objetivo de difundir trabalhos importantíssimos e poucos conhecidos do intelectual, a Casa Mário de Andrade – integrante da Rede de Museus-Casas Literários da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, gerenciada pela Poiesis – organizou a exposição ‘Mário Fotógrafo’, que vai de 5 de maio a 4 de agosto.

A exposição, que ocupará o porão do museu, vai exibir imagens de paisagens e personagens das regiões norte e nordeste do país, além de experimentos como autorretratos em sombra. A visita é gratuita e aberta ao público, de terça-feira a domingo, das 10h às 18h. A abertura, no dia 5 de maio, será das 15h às 18h.

A Semana de Arte Moderna no Brasil, que foi uma grande impulsionadora de manifestações artísticas de todo o tipo, não contemplou a linguagem da fotografia. E Mário, sob influência da produção modernista europeia, foi um dos primeiros a iniciar um trabalho de fotografia modernista brasileira. Ele batiza sua máquina norte-americana Kodak de ‘Codaque’, inventa o verbo ‘fotar’ e, entre 1923 e 1936, coleciona cerca de 1500 fotografias, que registram patrimônios históricos, crianças, trabalhadores e imagens que revelam suas preocupações estéticas e suas experiências de revelação.

‘Aquilo em que a fotografia artística se eleva sobre a puramente documental, reside não na máquina ou na luz, como imaginam confusionistamente os manipuladores de truques fotográficos, ou os fotografadores de eternos crepúsculos românticos, mas na criação humana do artista. Enfim, há que ter esse dom especial de apanhar a poesia do real’. A fala de Mário em 1929 diz muito sobre seus trabalhos fotográficos, que foram usados como ferramenta de documentação e criação artística, sob um olhar atento à cultura brasileira.

Casa Mário de Andrade
A Casa Mário de Andrade funciona no endereço da antiga casa do escritor Mário de Andrade, um dos principais mentores do modernismo brasileiro e da Semana de Arte Moderna de 1922. O museu abriga uma exposição permanente, que é aberta à visitação, com objetos pessoais do modernista, além de documentos de imagem e áudio relacionados à sua trajetória. O museu também realiza uma intensa programação de atividades culturais e educativas. A Casa integra a Rede de Museus-Casas Literários da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, gerenciada pela Poiesis.

A Poiesis – Organização Social de Cultura é uma organização social que desenvolve e gere programas e projetos, além de pesquisas e espaços culturais, museológicos e educacionais, voltados para a formação complementar de estudantes e do público em geral. A instituição trabalha com o propósito de propiciar espaços de acesso democrático ao conhecimento, de estímulo à criação artística e intelectual e de difusão da língua e da literatura.




Exposição ‘Mário Fotógrafo’
Casa Mário de Andrade - Rua Lopes Chaves, 546 – Barra Funda – São Paulo  Tel.: (11) 3666-5803 | 3826-4085
De terça-feira a domingo, de 5/4 a 4/8 – das 10h às 18h
Funcionamento: de terça-feira a sábado, das 10h às 18h


Texto: Livre Opinião

(JA, Mai18)

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Há 50 anos, fotógrafo de guerra e personalidades registrava uma das cenas mais icônicas do século 20


    Nguen Ngoc  Loan, coronel sul-vietnamita, assassina Vietcong em Saigon, Fev68

A Guerra do Vietnã (1954-1975) foi um dos conflitos mais sangrentos do século 20, ao lado das duas grandes guerras mundiais, e rendeu algumas imagens que se tornaram emblemáticas para a humanidade, como a do registro feito pelo fotógrafo Eddie Adams (Associated Press) do coronel sul-vietnamita Nguyen Ngoc Loan executando um comunista do Vietnã do Norte.
A fotografia, vencedora Pulitzer, mostrou ao mundo, há 50 anos, parte dos horrores do conflito no Oriente.
A CENA
O fotógrafo havia acabado de chegar em uma rua de Saigon, acompanhado de equipes de TV, quando um prisioneiro vietcongue foi trazido por um grupo de soldados.
Os jornalistas achavam que ele seria interrogado, mas o coronel Nguyen Ngoc Loan caminhou em direção ao comunista e, sem dizer uma palavra, atirou em sua cabeça.
A imagem feita por Adams do momento do disparo rodou o mundo e chocou a opinião pública americana.
Quatro anos depois, ele afirmou que a foto não demonstrava corretamente as circunstâncias do momento, e valeu a Loan, que foi viver nos Estados Unidos após a guerra, uma má reputação.
‘Ele era um herói’, afirmou Adams a respeito do então coronel.
Loan disse que havia executado um capitão vietcongue que havia sido o responsável pelo assassinato da família de um auxiliar seu, algumas horas antes.
EDDIE ADAMS
Edward Thomas Adams nasceu na cidade de New Kensigton, no Estado da Pensilvânia, e trabalhou por 45 anos com fotografia.
Adams cobriu 13 guerras, começando como fotógrafo de combate do corpo de fuzileiros navais da Coreia, no início dos anos 50, e terminando na Guerra do Golfo, em 1991.
Ele trabalhou para AP e para as revistas ‘Time’, ‘Vogue’, ‘Vanity Fair’ e ‘Parade’.
Além das cenas de guerra, também se notabilizou por retratar celebridades como Ronald Reagan, Fidel Castro, Jerry Lewis, Madre Teresa de Calcutá e Louis Armstrong.
Traduzia sua experiência afirmando que ‘nunca se sabe quem está olhando suas fotos ou como suas fotos vão afetar a vida de outras pessoas’. ‘Eu não saio com minha câmera para salvar o mundo. Eu saio para conseguir uma história’.
Morreu em Nova York, aos 71 anos, vítima da mal de esclerose lateral amiotrófica (ELA), ou ‘doença de Lou Gehrig’, considerada pela medicina uma das mais cruéis enfermidades humanas.

Texto: Edgar Silva   |   FSP
Imagens:

Jacqueline Kennedy, viúva do presidente assassinado JFK, com bandeira que cobriu caixão do marido,  Nov63


John Streets, trabalhador mina de carvão, ao lado seu pônei, 1969


Louis Armstrong em seu camarim em Las Vegas, EUA


Madre Tereza de Calcutá segura bebê


Malcon X, líder do movimento negro americano, em NY Mar64


Presidente Gerald Ford e sua mulher, Betty Ford, na Casa Branca, Jan77

Thomas Edward ‘Eddie’ Adams



(JA, Fev18)


quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Mostra expõe fotógrafo alemão que retratou modernização de São Paulo


Fotografo  alemão Theodor Preising, 1883-1962

A partir de um repertório de 15 mil negativos, o curador Rubens Fernandes selecionou 61 imagens do fotógrafo Theodor Preising (1883-1962) que mostram o período de urbanização e modernização de São Paulo, entre 1920 e 1940.
Os trabalhos do alemão estão reunidos na exposição ‘São Paulo: Sinfonia de uma Metrópole’, na Fiesp, dividida em quatro assuntos, como celebrações, a cidade, colheita de café e a chegada de imigrantes japoneses e europeus ao estado.
‘Durante esse período, a cidade estava pulsante e moderna. Todo esse fervor aconteceu em decorrência da exportação do café, trabalho feito pelos imigrantes da época’, diz o curador, explicando a escolha das imagens presentes na mostra.
Imigrante alemão, Preising deixou a sua terra natal após a Primeira Guerra Mundial, quando a Alemanha enfrentava uma forte crise econômica por ter perdido o conflito e ter tido que arcar com dívidas com a Inglaterra e a França.
Ao chegar no Brasil, o alemão teve, como define o curador, uma ‘visão empreendedora’.
Formado em fotografia, ele tinha experiência como repórter no front de guerra, mas no Brasil ele mudou o foco de trabalho e começou a comercializar cartões-postais com fotos que fazia de São Paulo.
‘Isso deu um gás para que Preising começasse a ser reconhecido no Brasil’, explica Fernandes.
A partir desse sucesso, o alemão passou a colaborar para publicações como na ‘Revista S. Paulo’ e ‘National Geographic’, além de ter trabalhado, durante o governo de Getúlio Vargas, no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Além de garantir seu sustento, o sucesso dos postais possibilitou que Preising trouxesse a família para o Brasil.
ANONIMATO
Segundo o curador, esta é a primeira mostra individual do fotógrafo em São Paulo.
Fernandes contou que, durante o processo de montagem da exposição, lhe perguntaram como tinha ‘descoberto’ o trabalho do fotógrafo.
‘Eu não descobri ele’", explica o curador. ‘Eu acompanho o trabalho dele há mais de 30 anos, e ele está na coleção Pirelli/Masp, mas ainda não é reconhecido’.
‘Eu costumo dizer que a história da fotografia brasileira é um iceberg, já que conhecemos apenas a ponta dele, sendo que temos muitos fotógrafos que ainda não emergiram’, diz Fernandes. ‘Estamos escavando essa memória para trazê-la à superfície’.
O curador lamenta que, apesar de alemão ter sido um dos primeiros fotógrafos a imigrar o Brasil, ‘ele não tenha nem um livro de sua autoria’.
Por isso, Fernandes acredita que a exposição, além de ser uma homenagem para São Paulo, que completou 464 anos na semana passada, também tem o objetivo de garantir que Preising não desapareça da história da fotografia.
*
SÃO PAULO: SINFONIA DE UMA METRÓPOLE
QUANDO até 25/3; ter. a sáb. das 10h às 22h
ONDE Fiesp, av. Paulista 1.313, te. (11) 3146-7439
QUANTO grátis


Texto: Isabella Menon   |   FSP



(JA, Jan18)


Chegada imigrantes asiáticos, 1930


Imigrantes asiáticos, Porto de Santos, 1930



Praça do Patriarca, ~1930



Carnaval, Av. São João, 1936



Rua XV Nov, 1940




Parque do Anhangabaú e o novo Viaduto do Chá,1940


quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Cerca de 300 fotografias espelham carreira de Chichico Alkmin no IMS



Ao longo de quatro décadas, Chichico Alkmim (1886-1978) fotografou.
Integrante de uma geração de retratistas, ele transmitia sua linguagem com ‘olhar de pintor’, em imagens que se assemelham a ‘pinturas renascentistas’.
Assim Eucanaã Ferraz, curador de mostra com cerca de 300 imagens que chega a São Paulo, após passagem pela sede carioca do IMS, define o trabalho do fotógrafo.
A mostra começa com retratos que remetem ao ateliê de Chichico e segue com fotografias de Diamantina, em que estão representados o comércio, a indústria, o garimpo e as festas populares.
Alkmim se instalou na cidade mineira em 1912, depois de viajar pela região vendendo joias com seu pai.
Nos retratos apresentados no início da exposição, é notável a preocupação dos fotografados em aparecerem bem vestidos independentemente da classe social.
O fundo das imagens mostra paisagens pintadas como cenários. ‘Era a sua tentativa de montar um estúdio’, explica Ferraz.
Em seguida, a mostra segue fotos ao aberto. Mesmo fora do estúdio, Alkmim não perde sua marca registrada; fotos posadas contra algum cenário ou pano de fundo são quase sempre a regra.
Em algumas fotografias, nota-se a presença de flores nos trajes das pessoas fotografadas. ‘É uma vontade de compor algo anticonvencional’, diz o curador.
Outra característica é a constante presença de crianças nos cliques do fotógrafos. Algumas mostram contrastes sociais do período.
Em uma época que o uso sapato denotava distinção de classe, o elemento do vestuário deixa perceber que Alkmim contemplava desde as classes mais abastadas aos mais pobres em seus retratos.
‘Nem todas as crianças usavam sapato, e as que usavam as vezes usavam em só um pé para não gastar’, explica o curador.
De acordo com Ferraz, estudos mostram que Alkmim não cobrava de algumas pessoas, e as fotografava em troca de um pedaço de rapadura ou de uma galinha.
‘Era uma coisa completamente doméstica’, diz Ferraz. ‘Ao mesmo tempo, ele foi se tornando um exímio artista da luz, das texturas, da composição que era uma coisa indisponível da época’.
Em um espaço anexo ao corpo da exposição, em uma pequena sala, são expostos materiais que o fotógrafo utilizava na época, como negativos de vidro e imagens impressas pelo artista.
A mostra contém também uma máquina fotográfica que se assemelha à que Alkmim utilizava na época; ao seu lado, há uma explicação sobre o funcionamento do equipamento.
ANJINHOS
Nas fotos que contemplam as festas populares, ele também retratava os ‘anjinhos’, como eram chamadas as crianças que morriam.
‘Ele foi um dos últimos a fotografar essas cerimônias’, nas quais as crianças eram vestidas de anjos. ‘São fotos impactantes’, define Ferraz sobre a série que mostra pais velando os filhos assim representados.
‘Acreditava-se na pureza de quem teve a chance de morrer criança e, portanto, ser um anjo. Sendo um anjo, a crença era que a criança poderia interceder em favor dos seus familiares’.
*

CHICHICO ALKMIM, FOTÓGRAFO
QUANDO até 15/4; ter. e qua. a dom. das 10h às 20h e qui. das 10h às 22h
ONDE Instituto Moreira Salles, av. Paulista, 2.424
QUANTO entrada gratuita


Texto: Isabella Menon   |   FSP
Imagem: Homens de Diamantina posam para foto em parque, 1945 



(JA, Jan18)