Mostrando postagens com marcador MADEIRA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador MADEIRA. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Morre o designer Jorge Zalszupin, gênio do mobiliário modernista

 Fundador da L'Atelier chegou ao Brasil após fugir das perseguições nazistas da Segunda Guerra Mundial

 


Morreu o arquiteto e designer Jorge Zalszupin, aos 98 anos, nesta segunda-feira (17). A informação foi anunciada pela sua filha Verônica, numa publicação no Instagram. A causa da morte ainda não foi revelada.

Zalszupin foi o fundador de uma das maiores marcas do design moderno brasileiro, a L'Atelier. Criada em 1959, a empresa ganhou destaque pelos móveis modernistas, marcados pelo uso escultural de madeiras brasileiras e pela influência de traços do mobiliário escandinavo.

O artista judeu nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 1922, onde viveu até os 18 anos, quando se viu obrigado a deixar o país, após sua mãe ser levada a um campo de concentração nazista.

Zalszupin concluiu os estudos em arquitetura na Romênia e viveu ali até o ano de 1947. Dois anos depois, chegou ao Brasil, onde anos mais tarde viria a se naturalizar.

Carrinho de chá inspirado em carrinhos de bebê da Polônia


No início da década de 1950, Zalszupin começou a projetar prédios modernos e luxuosos na capital paulista e a criar alguns dos móveis mais importantes do design brasileiro. Muitas das peças foram marcadas pelo uso de madeira, desenhos curvados e delgados. O carrinho de chá, inspirado em carrinhos de bebê da Polônia, retrata bem isso.

O uso do jacarandá é uma marca constante em suas obras. Encantado pela resistência da madeira, ele dizia que ela ‘quebrava os dentes da serra’, de tão dura, segundo a especialista em design Adélia Borges.


Detalhe de móvel criado por Jorge Zalszupin


‘O jacarandá permitia estruturas muito finas, pés muito delgados’, diz Borges. ‘Quando essa madeira começou a se esgotar, ele passou a explorar a perobinha-do-campo’.

Depois de trabalhar na firma de arquitetura Branco & Preto, em São Paulo, ele investiu numa marca própria, na qual passou a criar obras sem vinculação à demanda de clientes. Em 1960, quando já atuava na L'Atelier, Zalszupin deu origem a um de seus mais icônicos móveis, a poltrona Dinamarquesa.


Poltrona Dinamarquesa


Assim como muitas de suas criações, a poltrona, que é considerada um clássico, compõe a decoração das salas do Judiciário brasileiro.

 

Jorge Zalszupin


Em 1970, Zalszupin vendeu a L'Atelier ao grupo Forsa, e se tornou o diretor de pesquisa e desenvolvimento de produtos de todas as empresas da firma.

‘Os móveis do Jorge são atemporais e primam pela elegância. Ele sempre foi versátil, indo da madeira ao ferro, passando pelo plástico. Nos últimos dez anos, desde que começamos a reeditar os móveis da L'Atelier, houve um aumento expressivo da procura pelas peças dele. E a demanda só cresce’, afirmou a empresária paulistana Etel Carmona, dona da loja Etel, em entrevista de 2006.

Segundo Giancarlo Latorraca, arquiteto e diretor técnico do Museu da Casa Brasileira, o polonês se destacou principalmente pela fusão dos seus conhecimentos de origem com aqueles da cultura e práticas brasileiras, lembrando que suas produções indicam passos originais da representação moderna.


Móvel criado por Jorge Zalszupin


Zalszupin também foi um dos pioneiros a usar pedaços de madeira para compor peças, em vez de uma única madeira uniformizada.

Segundo Borges, grande parte das obras elegantes do polonês foram destinadas à elite, o que ofuscou uma de suas facetas - a tentativa de democratizar o acesso ao design. Ela lembra que além da L'Atelier, o arquiteto criou outras fábricas, como é o caso da Hevea, que produzia peças de plástico como o icônico balde de gelo Eva, e da Labo, de material de informática.


Poltrona presidencial


‘Ele é o último mestre do design brasileiro que nos deixa’, disse Borges. ‘E influenciou muitos jovens designers, sobretudo Marcelo de Rezende, Oswaldo Mellone e Paulo Sérgio Pedreira, que são industriais’.

Zalszupin deixa duas filhas, Verônica e Marina, uma neta, Adriana, e uma bisneta, Olivia. O enterro será na segunda, restrito aos familiares.


 


 

Fonte: Marina Lourenço   |   FSP

 

(JA, Ago20)


terça-feira, 16 de outubro de 2018

Inspirada em poema de Maya Angelou, Sonia Gomes cria com madeira e tecidos


Masp exibe 30 obras inéditas da artista, que diz ser o momento para tratar de questões raciais
Inspirada em poema de Maya Angelou, Sonia Gomes cria com madeira e tecidos. Foram realizadas neste ano, a pedido do diretor artístico do museu, Adriano Pedrosa.
‘Sabia que o título da mostra ia suscitar questões. É uma frase muito poética, que serve para qualquer pessoa, porque estamos caindo e levantando o tempo todo diante das dificuldades da vida. Gosto dele pelo momento que estamos vivendo —é a hora de falarmos de questões raciais’, diz a artista.
O ativismo explícito emprestado de Angelou para o nome da exposição aparece de maneira diferente, muito mais sutil, nos trabalhos que estarão na mostra.
Esculturas de Sonia Gomes
'Correnteza', da série Raiz, 2018



Acordes Naturais, 2018

NT,  2018, Escultura de costura, amarrações em tecido, rendas diversas e madeira
'Santa',  2018

Sonia Gomes costura esculturas de próprio punho a partir de pedaços de panos encontrados em brechós ou recebidos do público, que envia os tecidos até do exterior.
Para os novos trabalhos, teve a ideia de conectar os retalhos a troncos de madeira, elemento novo em sua produção. ‘É um trabalho muito orgânico, conectado à natureza’, afirma. Ela diz procurar a abstração em suas peças.
Maya Angelou é conhecida por sua luta pela igualdade racial. Aos 17 anos, foi a primeira motorista negra de ônibus em San Francisco, e na década de 1960 viajou pela África, envolvida com movimentos de independência, além de ter convivido com Malcolm X.
‘Lido com questões poéticas, não sou ativista, de ir para a rua. O ativismo está no próprio trabalho, que carrega muita identidade negra, porque eu sou negra’, afirma a artista de 70 anos.
Sonia nasceu em Caetanópolis (MG) e formou-se em Direito antes de entrar no mundo das artes, aos 45. Alcançou reconhecimento internacional em 2015, quando foi a única brasileira convidada para a 56ª Bienal de Veneza.

Sonia Gomes: ‘Ainda Assim Me Levanto’ 
Quando Abertura: 13 de nov. Até 10 de mar. de 2019. 
Qua. a dom., das 10h às 18h. Ter., das 10h às 20h.
Onde Masp - ​avenida Paulista, 1.578
Preço R$ 35 (R$ 17 meia). Grátis às terças




Fonte: João Perassolo   |   FSP

(JA, Out18)