quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Centro Cultural FIESP abre exposição de Adelio Sarro com obras inéditas no Brasil


Conhecido como ‘O Brasileiro Global’, artista paulista traz 53 obras para o Espaço de Exposições entre 5 de dezembro de 2018 e 13 de janeiro de 2019. Dentre pinturas e esculturas, estão obras com acessibilidade para deficientes visuais. A entrada é gratuita

Braços de Gigante

Nome recorrente no exterior, o artista paulista Adelio Sarro traz 53 obras inéditas no Brasil para a exposição ‘Sarro: O Brasileiro Global’. A mostra estreia no Espaço de Exposições do Centro Cultural Fiesp dia 5 de dezembro e fica em cartaz até 13 de janeiro de 2019, com entrada gratuita.
Dentre as 48 pinturas e cinco esculturas escolhidas pelo curador Eduardo Zompero Dias, o público ainda vai poder conferir oito obras do ‘Projeto Arte Acesso’, fruto da preocupação recorrente de Sarro com a acessibilidade. Nelas, os visitantes com deficiência visual podem captar as figuras e texturas por meio de legendadas em braile e também do toque. Comenta Sarro:
‘Sempre penso na possibilidade de fazer um trabalho que atinja o maior número de pessoas. Fiz obras para uma classe que frequenta museus e galerias, fiz esculturas monumentais para praças públicas, e depois senti necessidade de produzir para o público que não tem acesso às artes, o deficiente visual’. 

Força Materna

Além das texturas, a sobreposição de cores, a luminosidade e a transparência também têm papel de destaque nos traços de cada personagem, marcados pelos pés e mãos grandes e pelo olhar expressivo. A temática do cotidiano do campo, da pobreza e do desmatamento permeiam todas as fases da carreira do artista, cujo trabalho é fortemente inspirado por Cândido Portinari, Di Cavalcanti e Mário Gruber.

Energia da Terra

Filho de agricultores e autodidata, o artista de 68 anos começou a desenhar ainda criança, trabalhando com suportes diferentes, como madeira, mármore, metal e papel. Segundo o curador, ‘a mostra apresenta uma linha do tempo e sua trajetória como artista, com criações de vários períodos, que se misturam a sua própria história de vida’.
O nome da exposição ‘Sarro: O Brasileiro Global’ é inspirado no título dado ao artista pelo crítico parisiense André Parinaud, em 2001, pela projeção internacional que sua obra ganhou ao longo dos anos.
Suas obras podem ser vistas na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra; no Museu Imperial do Japão; no Changjiang Museum, na China; no Santuário Nacional de Aparecida (Brasil)’ e em diversos outros espaços no Brasil e no exterior.
Esculturas monumentais em concreto também podem ser vistas em diversas cidades brasileiras, dentre elas São Caetano do Sul, Embu, Brodowski, Andradina, Jardinópolis e Santa Fé do Sul. Em outubro deste ano, Sarro fundou o ‘Memorial de Arte Adelio Sarro - MAAS’, na cidade de Vinhedo.

'Sarro: O Brasileiro Global’
Espaço de Exposições do Centro Cultural - Fiesp  |  Avenida Paulista, 1313 – em frente à estação Trianon-Masp do Metrô | Tel.: (11) 3146-7439 |  www.centroculturalfiesp.com.br
De 05/12/18  a  13/01/19
De terça a sábado, das 10h às 22h, e domingo, das 10h às 20h
Grátis

(JA, Nov18)

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Galeria em NY exibe experimentos da carreira inicial de Hélio Oiticica



Exposição mais intimista mostra trabalhos que antecipam sua investigação tridimensional



Um ano depois de ocupar dois andares no museu Whitney, em Nova York, o carioca Hélio Oiticica ganha uma exibição mais íntima na galeria Lelong & Co., com dois quadros da série Metaesquemas expostos pela primeira vez nos Estados Unidos.
As quase 20 obras foram produzidas entre 1955 e 1959 e fazem parte da mostra ‘Spatial Relief and Drawings’ (relevo espacial e desenhos, em tradução livre).
São trabalhos do Grupo Frente e da série ‘Metaesquemas’, que antecipam as investigações tridimensionais que marcariam a fase Relevo Espacial do artista.
No Grupo Frente, no qual entrou aos 18 anos, ele conheceu as artistas plásticas Lygia Clark e Lygia Pape.
As experimentações com esculturas da primeira serviriam como inspiração para algumas obras de Oiticica, que acabou mergulhando nesse campo mais que a própria colega.
Segundo Mary Sabbatino, vice-presidente e sócia da Galerie Lelong & Co., a proposta era aproveitar a ampla exposição de Oiticica no museu Whitney e dar ao público a chance de descobrir um novo olhar sobre o trabalho do artista brasileiro.
No Whitney, a exposição ‘To Organize Delirium’ percorreu toda a carreira de Oiticica, narrando a influência da ditadura e suas tentativas de atrair uma faixa mais popular para sua obra, em contraposição a uma hostilidade cada vez maior da classe que dominava o país.
Na galeria nova-iorquina, o Brasil que serve de inspiração a Oiticica ainda é democrático, e o artista leva na bagagem a influência do Grupo Frente.
‘A mostra evidencia nossa compreensão da fase inicial da carreira de Oiticica, que levou, mais tarde, a suas investigações do espaço tridimensional’, explica Sabbatino.


Após o grupo se desfazer, Oiticica continuou a criar inovações em cores, linhas e formas em seus Metaesquemas e Relevos Espaciais, complementa.
Alguns desses experimentos estão na mostra. Há dois quadros da série ‘Sêco’, ambos de 1957, em que os objetos pintados com tinta guache preenchem os espaços de forma a criar a sensação de profundidade e perspectiva.


Dois exemplares de tamanho maior da série ‘Metaesquemas’ de 1958, inéditos nos EUA, também estão na mostra. São composições de pinturas pretas sobre uma superfície bege, com tamanhos e inclinações que conferem ao quadro movimento.
‘Temos orgulho de trabalhar com o Projeto Hélio Oiticica no Brasil para preservar seu legado, o que inclui exibir trabalhos que nunca foram mostrados nos Estados Unidos’, diz Sabbatino.
Com os ‘Metaesquemas’, Oiticica explora a geometria e o espaço e ensaia romper os limites impostos pela moldura dos quadros.


Em outros quadros da mostra, essa busca por linhas e cores que tentam extrapolar o espaço fica igualmente evidente. O artista experimenta tons mais vibrantes e outros mais frios, enquanto que, nas formas, dá mais ênfase a retas, em detrimento das curvas --há exceções, como em três quadros sem título de 1955.


Movimento também é o que Oiticica queria alcançar com a única obra de Relevo Espacial exposta em Nova York. São pedaços de madeira pintados de amarelo que, a exemplo do que buscava Lygia Pape, exigem a interação do público para ganhar sentido.
A mostra termina no final dos anos 1950, antes de o artista explorar o neoconcretismo e de desenvolver mais suas estruturas tridimensionais em núcleos ou ambientes multissensoriais como em ‘Tropicália’ e ‘Penetrável’.

Mostra ‘Spatial Relief and Drawings’, obras de Hélio Oiticica
Galeria Lelong & Co. - NY
Em cartaz até 22 de dezembro.

Fonte:  Danielle Brant   |   FSP

(JA, Nov18)

sábado, 24 de novembro de 2018

Mostra no Instituto Tomie Ohtake celebra carreira de Karin Lambrecht

Viemos do Vento Trazer essas Luzinhas', pintura da artista Karin Lambrecht

Com Karin Lambrecht, o Instituto Tomie Ohtake dá prosseguimento ao projeto ‘Nossas Artistas’, uma sequência de mostras individuais dedicadas a mulheres que fizeram e fazem a história da arte brasileira. Iniciado em 2016, com ‘I love you baby’, de Leda Catunda, vencedora do Prêmio Bravo de melhor exposição individual do ano, agora o programa contempla a obra da pintora gaúcha.

A mostra divide em três diferentes núcleos temáticos pinturas, desenhos e cadernos da artista conhecida por integrar a Geração 80. Abstratos, os trabalhos lidam como as impressões causadas pelo reflexo e o rebatimento da luz e exploram questões relacionadas à espiritualidade, à vida e à morte.
Com curadoria de Paulo Miyada,  reúne obras de diferentes momentos da carreira de Lambrecht: desde alguns desenhos realizados do início dos anos 1990 até pinturas mais recentes, que constituem a maior parte da seleção. ‘Trata-se de uma oportunidade para gradualmente imergir no universo visual e reflexivo de uma artista singular na nossa arte, cuja obra oferece uma densa alternativa ao frenesi do consumo de imagens descartáveis que caracteriza os tempos vigentes’, comenta o curador.
As telas da artista sugerem particular interesse pelo transcendental, pelo espiritual e pelas religiões a partir de uma paleta obstinada em auscultar a natureza da linguagem dos mais diversos materiais. Além das tintas, outros substratos pictóricos ocupam a superfície de suas pinturas, como ouro, mel, lona, cera de abelha, terra, grafite, linho, pigmento e pastel.
Segundo Miyada, a simples ampliação de recursos para além da trivial ‘tinta a óleo sobre tela’ não seria digna de nota não fosse pela clareza e pelo escrúpulo com que cada matéria atua no campo pictórico. ‘Mesmo que não seja sempre óbvio qual o material utilizado pela artista, é sempre possível distinguir quais signos, texturas, cores e formas correspondem a recursos distintos, manipulados com uma gestualidade adequada a sua dureza, peso e maleabilidade. O princípio de acumulação dessas substâncias não é, portanto, o da mistura indiferenciada, mas sim o da articulação de órgãos em um organismo visual’.
A exposição constrói propositalmente um percurso. O primeiro núcleo de trabalhos é constituído por sete pinturas realizadas entre 1990 e 2013 dispostas sob visibilidade tênue, resultante praticamente dos rebatimentos da luz. Ao ultrapassar este ambiente, o visitante adentra uma clareira como uma ampla nave de fundo semicircular, onde a iluminação é projetada de tal forma que a resplandecência parece nascer das 17 pinturas suspensas, concebidas de 1990 a 2018. ‘No vértice entre o desejo de saber e a necessidade de crer, alguém imagina uma clareira de silêncio’, escreve Miyada.
Na sessão final da exposição, ao atravessar uma cortina de voil, o espectador depara-se com um ambiente claro e branco ocupado por cadernos, desenhos e pequenas pinturas da artista.  Um conjunto de temas, palavras e símbolos que refletem a escala íntima do contato com as obras.
‘As próprias pinturas, desenhos e cadernos de Karin Lambrecht almejam ser laço e passagem. Presenças imanentes, quer dizer, materialidades que se inserem na experiência possível e compartilhável. Evocações suprassensíveis, ou seja, chamados à contemplação de aspectos invisíveis da existência humana’, conclui o curador.
Karin Lambrecht  nasceu Porto Alegre em 1957. Vive e trabalha em Porto Alegre, graduou-se em desenho e gravura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mudando-se logo em seguida para a Alemanha, onde realizou parte significativa de sua formação como pintora. No retorno ao Brasil, participou das ações desenvolvidas no Espaço N.O., das artistas Ana Torrano e Vera Chaves Barcellos; integrou a importante exposição ‘Como vai você, Geração 80?’ no Parque Lage, 1984, e dedicou sua produção a realizar uma pintura que borra as fronteiras entre a colagem, o trabalho escultórico e a performance. De caráter sentimental e espiritual, sua produção lida com questões de espiritualidade, acerca da vida e da morte e aplica o texto de maneira simbólica.


Karin Lambrecht - Entre nós uma passagem
Instituto Tomie Ohtake - R. dos Coropés, 88, Pinheiros, região oeste, tel. (11) 2245-1900
De 23/11 até 10/2
Ter. a dom.: 11h às 20h
Livre
GRÁTIS




(JA, Nov18)

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Pintura que se tornou a mais cara do mundo de um artista vivo


Retrato de um artista (Piscina com duas figuras)’, pintado pelo britânico David Hockney nos anos 1970, desbancou escultura de Jeff Koons



Na quinta-feira (15), uma pintura de 1972 do artista David Hockney foi vendida em Nova York no leilão da empresa Christie’s, um dos principais do mundo da arte. O valor pago por ela foi o recorde de preço alcançado por um artista vivo na história: US$ 90 milhões (cerca de R$ 336.528.000).
Desde 2013, o posto era ocupado por uma das esculturas da série ‘Balloon Dog’, do americano Jeff Koons, vendida por US$ 58,4 milhões. Já era esperado que a pintura de Hockney desbancasse a marca.
O quadro em questão, chamado ‘Portrait of an Artist (Pool with Two Figures)’ – ‘Retrato de um artista (Piscina com duas figuras)’, é considerado um dos trabalhos mais misteriosos do artista britânico.
A pintura de Hockney, que é gay, alude à vida afetiva dos homens homossexuais. Traz, como muitos dos quadros do artista, aspectos de sua própria vida à tela.
Foi pintada em Londres, após o término de um relacionamento, baseada em fotografias de uma piscina no sul da França, de acordo com uma reportagem do jornal The New York Times. A figura parada em pé, do lado de fora da piscina, vem de outras fotografias tiradas por Hockney de seu ex-namorado no parque londrino Kensington Gardens.
‘Em um mercado de arte movido por troféus, Portrait of an Artist é possivelmente o melhor Hockney de todos’, comenta Nate Freeman Repórter especial do site Artsy
Ao New York Times, o curador de uma retrospectiva recente da obra de Hockney no Museu Metropolitan, em Nova York, Ian Alteveer, disse que a pintura foi salientada no catálogo da exposição por ‘demarcar uma mudança na representação da água pelo artista’, e por representar o auge dos retratos duplos de Hockney.
Para Alteveer, a pintura é, além disso, uma despedida do relacionamento que havia terminado, e uma grande demonstração do interesse de Hockney ‘na psicologia entre duas pessoas que ele vinha tentando capturar’.
Quem é o artista
Pintor, desenhista e cenógrafo, Hockney despontou no meio artístico do Reino Unido no início da década de 1960. Embora seja hoje, aos 81 anos, um artista de popularidade expressiva, Hockney nem sempre teve seu trabalho de cores fortes e formas realistas, levado a sério.
Hockney perdeu a audição, mas continua a pintar e a fazer experimentações com arte digital.
O resgate da reputação e do valor comercial de sua obra se deve a retrospectivas recentes de sua produção em grandes museus, incluindo o já mencionado Metropolitan e o Tate Modern, em Londres.

Com o leilão da Christie’s, a pintura de David Hockney se tornou o artista vivo mais caro do mundo

Antes do quadro arrematado no dia 15 de novembro no leilão da Christie’s, a pintura a ser vendida pelo preço mais alto entre as obras do artista fora ‘Pacific Coast Highway and Santa Monica’, por US$ 28,5 milhões, em maio de 2018. A marca de US$ 10 milhões por um quadro de Hockney foi ultrapassada em 2016.
Comprovando a valorização que os trabalhos do britânico vem sofrendo, a venda de ‘Retrato de um artista’ é seu quarto recorde em leilões em um período de dois anos.
 Leilões mais inclusivos
O preço alcançado por determinado tipo de obra ou artista é importante porque valoriza obras do mesmo artista e de outros artistas que façam parte de uma mesma tendência, geração, gênero ou grupo racial.
O leilão de obras contemporâneas e do pós-guerra realizado pela Christie’s em 15 de novembro também sinalizou para a valorização de artistas mulheres e negros.
Com poucas obras-primas à venda e preços estratosféricos de nomes já estabelecidos no mundo da arte, colecionadores expandiram, em leilões recentes, o interesse por nomes menos consagrados.
Os preços das obras de mulheres e afro-americanos, que também vem sendo mais expostas nos museus americanos, também tiveram alta recorde nos leilões da Christie’s e da Sotheby’s, outra das casas de leilão de arte mais importantes do mundo.
 O quadro ‘Cultural Exchange’, de Robert Colescott, primeiro artista negro a representar os EUA na Bienal de Veneza, foi vendida por US$ 912.500, o triplo o valor máximo alcançado por uma obra de Colescott até então.



Fonte: Juliana Domingos de Lima     |       =Nexo

(JA, Nov18)

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

A Casa das Rosas





A Casa das Rosas, desde a sua reinauguração como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, no final de 2004, tem oferecido à população de São Paulo cursos, oficinas de criação e crítica literárias, palestras, ciclos de debates, lançamentos de livros, apresentações literárias e musicais, saraus, peças de teatro, exposições ligadas à literatura, etc.
Transformou-se, portanto, em um museu que se notabiliza pelo trabalho de difusão e promoção da literatura de escritores muitas vezes deixados de lado pelo mercado e pela oferta de oficinas e cursos de formação para aqueles que pretendem se tornar escritores ou aprimorar sua arte.


A resposta da população tem sido surpreendente. Das cerca de 8o mil pessoas que visitam a Casa das Rosas anualmente, a grande maioria é composta por frequentadores dos seus cursos e eventos literários. Sucedem-se os relatos de pessoas das mais variadas formações, idades e nível social que se iniciaram na literatura por meio dos trabalhos na Casa das Rosas. São inúmeros os relatos de escritores já bastante conhecidos de que a sua participação nos eventos da Casa estimulou o seu trabalho. Trata-se de um local que estimula as tendências mais claras da cultura paulistana.


A missão da casa é promover o conhecimento, a difusão e a democratização da poesia e da literatura, incentivando a leitura e a criação artística, preservando e problematizando o patrimônio histórico-cultural que abriga, tanto o arquitetônico quanto o acervo Haroldo de Campos.
A casa das Rosas pretende tornar-se ‘museu de si mesma’ e conscientizar o público para a importância da preservação do patrimônio histórico e cultural da cidade , apoiar a criação literária em todas as suas etapas, propiciando, desde o iniciante até o escritor já consagrado, capacitação técnica e recursos de profissionalização e também constituir um núcleo de preservação, investigação, reflexão, documentação e difusão da obra do poeta e ensaísta Haroldo de Campos que sirva como referência indispensável, nacional e internacional.


O local possui O Espaço da Palavra que é uma sala de leitura de livre acesso, no segundo piso, especializado em literatura e poesia, conta com um acervo de quase quatro mil títulos, que estão disponíveis para consulta local. O acervo é mantido a partir de doações de editoras, autores e frequentadores. Os usuários podem ler no local ou nas dependências da Casa, pesquisar títulos de poesia, prosa, ensaios de crítica literária e filosofia ou ouvir alguns audiolivros.
Hoje o Espaço é aberto a:
  •       Contação de história
  •          Cursos
  •          Debates
  •          Estudantes
  •      Grupos de estudo
  •         Mostras de alunos de cursos/oficinas da Casa das Rosas
  •         Outras atividades relacionadas à poesia e à literatura 
  •     Visitantes nacionais e internacionais 


O espaço possui também um computador para pesquisas e consulta (permanência máxima de 1h).

Havendo interesse em utilizar a sala para debates, grupos de estudo ou outras atividades, basta enviar um e-mail e/ou agendar um horário através do contato: palavra@casadasrosas.org.br 

Casa das Rosas
Endereço: Av. Paulista, 37.
Telefones: (11) 3285-6986 / (11) 3288-9447
Horário de atendimento:  terça a sábado das 10h00 às 18h00.




Fonte: Sheilla Leal   |   São Paulo City


(JA, Nov18)


quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Arte erótica pintada em quarto é encontrada nas ruínas de Pompeia


Arqueólogos descobriram afresco que retrata relações sexuais da rainha de Esparta com o deus Zeus (que estava ‘disfarçado’ como um cisne)


Detalhe da pintura do afresco encontrado em Pompeia




Destruída após a erupção do Monte Vesúvio, no ano 79, a cidade de Pompeia ainda reserva descobertas aos arqueólogos: durante as escavações de uma casa que fora coberta pelas camadas de cinzas expelidas pelo vulcão, os pesquisadores encontraram uma pintura erótica que estava na parede de um dos quartos da habitação. O afresco retrata uma cena mítica que causa estranhamento aos olhares contemporâneos: Leda, a rainha de Esparta, está seminua e é acariciada por um cisne (que, na realidade, seria o deus Zeus ‘disfarçado’ para realizar suas corriqueiras aventuras sexuais).

De acordo com os arqueólogos que trabalham com a redescoberta de relíquias do Império Romano, tal pintura não era incomum de ser retratada nas casas de abastados cidadãos que desejavam exibir seu prestígio social a partir do resgate das tradições herdadas do povo grego, maior influenciador cultural dos romanos.

De acordo com a tradição mítica, Zeus (considerado o ‘rei dos deuses’ do Monte Olimpo) passeava pela Terra como um cisne quando correu aos braços da rainha Leda para proteger-se de uma águia que tentava caçá-lo. O deus seduziu a espartana, e manteve relações sexuais com ela. Dois ovos foram gerados e deles nasceram Clitemnestra, Castor, Pólux e Helena (protagonista dos acontecimentos que culminaram com a Guerra de Troia narrada em Ilíada, do poeta Homero). Na narrativa, Helena e Pólux seriam filhos de Zeus, mas foram adotados pelo rei espartano Tíndaro — Clitemnestra e Castor eram considerados filhos legítimos do monarca, que também teve relações sexuais com Leda na mesma noite sensual da visita do ‘ganso’ Zeus.

Afresco que retrata a rainha Leda e o Deus Zeus como um cisne


A descoberta da pintura foi realizada durante a investigação de um bairro luxuoso de Pompeia conhecido como Via del Vsuvio. No interior das casas, os arqueólogos também encontraram outras obras de arte com temas míticos, como a representação da deusa Vênus. De acordo com os especialistas, o dono da residência onde estava a pintura sensual, provavelmente era um abastado comerciante ansioso por elevar seu prestígio social diante de seus colegas.
A erupção do vulcão Vesúvio é conhecida até hoje como uma das piores catástrofes registradas pela humanidade. A explosão de rochas, cinzas e fumaça venenosa foi responsável pela morte instantânea de ao menos 16 mil pessoas que viviam na região, localizada ao sul da Itália. De acordo com análises feitas com os corpos carbonizados encontrados no local, as vítimas foram expostas a uma temperatura superior a 700º C. Durante o desastre, o sangue de algumas pessoas pode ter evaporizado e seus crânios explodiram por conta da intensidade da energia térmica decorrente da erupção.
Além de Pompeia, a cidade romana de Herculano também foi destruída. Os registros da tragédia perderam-se ao longo do tempo e as ruínas só foram redescobertas após quase 16 séculos. A partir de 1748, pesquisadores começaram a escavar as grossas camadas de cinzas e encontraram construções preservadas e centenas de corpos carbonizados.
O Monte Vesúvio ainda está ativo — sua erupção mais recente foi em 1944 —  e mais de 3 milhões de pessoas vivem em suas proximidades.

Ruínas de Pompeia com o vulcão Vesúvio ao fundo


Fonte: Galileu

(JA, Nov18)

domingo, 11 de novembro de 2018

Milagre da Relíquia da Cruz


Milagre da Relíquia da Cruz’, também conhecida como ‘A cura do louco’, é uma pintura do artista italiano renascentista Vittore Carpaccio, 1465-1520, datada de c.1496. Ela está agora alojada na Gallerie dell'Accademia,  em Veneza .


A pintura foi encomendada para o Grande Salão da Escola Grande de San Giovanni Evangelista, a sede da irmandade homônima em Veneza. A comissão incluiu um total de nove grandes telas, de artistas proeminentes da época, como Bellini, Perugino, Vittore Carpaccio, Giovanni Mansueti, Lazzaro Bastiani e Benedetto Rusconi .
O tema das pinturas seria os milagres de um fragmento da Verdadeira Cruz. O item havia sido doado à irmandade por Philippe de Mézières (ou Filippo Maser), chanceler do Reino de Chipre e Jerusalém em 1369, e logo se tornou objeto de veneração na cidade.
As telas foram todas executadas entre 1496 e 1501. Todas sobreviveram e,  atualmente, estão na Gallerie dell'Accademia.
A pintura mostra o milagre da cura de um louco através da relíquia da Santa Cruz, realizada pelo Patriarca de Grado - Francesco Querini, que teve lugar no Palazzo a San Silvestro, no Canal Grande, perto da Ponte Rialto. A cena tem uma composição assimétrica, com figuras em primeiro plano à esquerda e, atrás delas, as fachadas dos edifícios seguindo o canal. Eles apresentam as típicas chaminés de cone invertido da Veneza medieval.
O evento miraculoso é relegado ao canto superior esquerdo. A maior parte da tela é ocupada por um grande número de personagens e itens naturalistas. As pessoas formam um grupo de caminhantes que precede a procissão religiosa, seguindo a relíquia. A ponte ainda está em madeira, como era antes de desmoronar em 1524. Como na versão atual (que data de 1591), havia uma fileira dupla de lojas nas laterais e, no topo, um calçadão móvel necessário para permitir a passagem de os vasos mais altos.
À direita está a  Fondaco dei Tedeschi, destruída por um incêndio em janeiro de 1505. Outras características arquitetônicas incluem a torre do sino de San Giovanni Crisostomo, o pórtico do Ca'da Mosto, e a torre do sino de Santi Apostoli, antes de sua reconstrução em 1672.
Detalhes das atividades humanas incluem as gôndolas particulares usadas como balsas, a presença de numerosos estrangeiros com roupas de estilo oriental, mulheres limpando tapetes, e trabalhadores que estão limpando seus barris.

Detalhe - cãozinho na beirada da balsa (canto direito inferior da tela)



Fonte:  WP

(JA, Nov18)

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Mostra da Pinacoteca discute origem da vida



Escultura de Tunga

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, apresenta de 10 de novembro de 2018 até 11 de fevereiro de 2019, a exposição Invenção de Origem, no quarto andar da Pina Estação. Com curadoria do Núcleo de Pesquisa e Crítica da Pinacoteca e sob coordenação geral de José Augusto Ribeiro, curador do museu, a coletiva toma como ponto de partida o filme ‘The Origin of the Night: Amazon Cosmos’, 1973-77, do artista alemão Lothar Baumgarten, inédita no Brasil, e a apresenta ao lado de uma seleção de obras de quatro artistas brasileiros – Antonio Dias, Carmela Gross, Solange Pessoa e Tunga. Em comum, os trabalhos selecionados aludem a tempos e ações primordiais que teriam contribuído para as narrativas sobre a origem da vida
Filmado em 16 mm entre 1973 e 1977, ‘The Origin of the Night: Amazon Cosmos’ [A origem da noite: o cosmos amazônico] de Lothar Baumgarten, baseia-se em um mito Tupi, registrado pelo antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, sobre a origem da noite – que, segundo a narrativa, ‘dormia’ submersa nas águas, quando ainda os animais não existiam, e as coisas tinham o poder da fala. A partir de imagens captadas no rio Reno, entre Düsseldorf e Colônia, o artista cria situações ambíguas. ‘As imagens são paradoxais, mostram uma espécie de floresta virgem em que, no entanto, espalham-se os lixos da civilização humana. Baumgarten recorre ao cinema para remontar mitos de uma floresta tropical, de maneira que o espectador fica sem saber se aquilo é o princípio ou o fim do mundo’, conta Ribeiro.
A partir das questões apresentadas no filme, a pesquisa curatorial centrou-se num recorte bastante específico da produção brasileira, que compreende cerca de 40 trabalhos de cinco artistas, incluindo vídeo, pintura, escultura etc., produzidos desde a década de 1970 até hoje. A seleção leva em conta experimentações de linguagem e de material que se convertem, ao mesmo tempo, em imagens e objetos com aspectos imemoriais, sugestivos de gestos fundantes; inserindo o observador numa espécie de sistema de produção ou de comunicação de ideias ainda em formação.
Na primeira sala da exposição, onde se encontra também o filme de Lothar Baumgarten, o visitante se depara com dois trabalhos de Carmela Gross: Facas e 300 larvas, ambos de 1994. Para Invenção de origem, a curadoria reuniu 500 das cerca de 1000 peças (formas elementares de facas) que compõem o primeiro. A operação da artista para o trabalho previa a mudança de um modelo de faca para outro a cada vez que considerasse ter adquirido habilidade para aquela modelagem.
‘Carmela Gross parece repor assim, em cada grupo de suas facas, o surgimento de uma técnica, um grau zero, uma espécie de gesto primeiro’, na opinião de Ribeiro. Já a montagem da obra lembra o resultado de uma escavação arqueológica ou uma catalogação etnográfica. Ao lado dela, remetendo também à ideia de inventário antropológico, está instalada parte da obra 300 larvas, (1994), grupo de monotipias que Gross produziu em tamanhos e tipos de papel variados.
Da produção de Antonio Dias, falecido em agosto deste ano, foram selecionadas obras de um período específico, que se estende de 1977 a meados da década de 1990. Nesse período, Dias viaja ao Nepal, onde, com artesões locais, aprende a manufatura de papeis artesanais e desenvolve técnicas de tingimento das folhas com elementos naturais (terra, cinzas, vegetais etc.). Essas pesquisas com materiais se desdobram em seguida na pintura, com o uso de óxido de ferro, folha de ouro e pigmentos cintilantes, que conferem à tela aspectos de minério e metal. Nestes trabalhos são recorrentes as figuras de ossos, as remissões a pinturas rupestres e, ao mesmo tempo, a imagens da cultura popular. ‘O conjunto evidencia passagens cheias de tensão entre natureza e cultura. O título da pintura Brazilian Painting, Bosnia´s Jungle, 1995, ou ‘pintura brasileira, selva da Bósnia’, produz esse atrito com senso de humor’, conta Ribeiro.
Na mesma sala, está um conjunto de peças de Tunga, produzidas entre os 1980 e meados de 2010. Algumas delas tidas como as mais conhecidas do artista (Tacape, Escalpo, Tranças) e outras recentes, ainda pouco mostradas em espaços públicos. Entre os trabalhos icônicos dessa produção, estão a pintura Sem título (Sedativa), de 1984, cuja imagem informe, que reporta ao vocabulário comum à obra do artista, surge também reproduzida no relevo em metal Revê-la antinomia, de 1985.
‘As operações que conformam essas duas obras evidenciam a importância que Tunga atribui aos processos de realização do trabalho, à investigação sobre os limites de uma linguagem artística, e ao mesmo tempo à capacidade alusiva e imaginativa de seus resultados’, comenta o curador. Também integra o conjunto a peça Lezart, de 1989, que participou da retrospectiva do artista no centro cultural Jeu de Paume, em Paris, em 2001, além do inédito Projeto de obra pública, de 1992, que Tunga concebeu para o espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro, em 1992, jamais realizado.
Por fim, na última sala da exposição, a Pinacoteca apresenta um trabalho ainda em processo da artista mineira Solange Pessoa. A instalação, concebida entre 2004 e 2018, compõe-se de uma grande escultura, de cerca de 10 metros de comprimento, feita de penas de aves e tecido, pendente do teto em forma cônica, lembrando o tronco de uma árvore.
Ao seu redor, uma série de relevos em argila e 36 pinturas sobre papel, com silhuetas de bichos fantásticos e polimórficos, um pouco aves, um pouco répteis, ou vegetais, como se essas formas estivessem em transmutação. ‘Parece um bestiário que remonta à formação das espécies’, diz o curador da exposição. O que por sua vez reintroduz o visitante mais uma vez ao universo do filme de Baumgarten, ‘a ideia de um princípio de tudo que parece ter surgido já meio poluído, impuro’, finaliza Ribeiro.

ARTISTAS PARTICIPANTES
Antonio Dias (Campina Grande, PB, 1944 – Rio de Janeiro, RJ, 2018)
Carmela Gross (São Paulo, SP, 1946)
Lothar Baumgarten (Rheinsberg, Alemanha, 1944)
Solange Pessoa (Ferros, MG, 1961)
Tunga (Palmares, PE, 1952 – Rio de Janeiro, RJ, 2016)


SERVIÇO
Invenção de Origem
Pina Estação: Largo General Osório, 66, Luz, São Paulo, SP
Curadoria de José Augusto Ribeiro
Abertura: 10 de novembro de 2018, sábado, às 11h
Visitação: de 10 de novembro de 2018 até 11 de fevereiro de 2019
De quarta a segunda, das 10h às 17h30 – com permanência até as 18h





Fonte: Pinacoteca, programação


(JA, Nov18)