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quinta-feira, 23 de maio de 2019

Torre Eiffel, 130 anos




Monumento foi feito em ocasião da Exposição Universal de 1889, sediada em Paris

A Torre Eiffel, um dos símbolos mais emblemáticos da França, foi palco de um show de luzes na última semana em celebração de seus 130 anos.


Atualmente, a torre é o monumento de acesso pago mais visitado no mundo, recebendo por ano cerca de sete milhões de pessoas. Mas ela nem sempre foi tão popular.


Torre Eiffel iluminada em comemoração de seu aniversário de 130


O monumento foi construído em ocasião da Exposição Universal de 1889, sediada em Paris, que marcou o centenário da Revolução Francesa.

Na época, foi lançado um concurso para estudar a possibilidade de se erguer uma torre de ferro com 300 metros de altura. Entre 107 propostas, foi selecionada a liderada pelo engenheiro Gustave Eiffel (1832-1923).


Eiffel, que deu nome à torre, também esteve envolvido no projeto de outro monumento famoso —a Estátua da Liberdade, em Nova York.

Mas a execução, com início em 1887, se deu em meio a uma grande polêmica.
Personalidades importantes da classe artística, como Guy de Maupassant, Charles Garnier e Charles Gounod, se opuseram fortemente à construção, que supostamente não estaria à altura da beleza de Paris.

 
A torre foi construída com 300 m, mas tem hoje 324 m até o topo






Em protesto publicado por artistas no jornal Le Temps em 1887, ela chegou a ser descrita como ‘inútil e monstruosa’.

Para entender as críticas, bastaria imaginar uma torre de ‘altura ridícula’ dominando a cidade como uma ‘chaminé de fábrica cinzenta’, dizia o texto.

A construção levou dois anos, dois meses e cinco dias para ser concluída. E sua inauguração, durante a Exposição Universal, foi considerada um sucesso.

Se a Torre Eiffel ficasse no chão da avenida Paulista, o perfil da avenida seria assim:



Mas, ainda assim, a Torre Eiffel não passaria de uma atração provisória, com desmonte previsto para dali 20 anos.

Sua salvação não se deu pelo turismo, mas por uma utilidade prática: nela podiam ser instaladas antenas. Hoje um dos ícones mais queridos da França, a torre tem 324 metros até o topo.

Com restaurantes, lojas e observatório, ela pode ser visitada com ingressos que vão até 25,50 euros (R$ 115).


Piso transparente na Torre Eiffel, por onde caminham visitantes a 59 m de altura





Fonte:  FSP



(JA, Mai19)

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Escultor Richard Serra leva lâminas de aço gigantes a museu da Paulista



Pátio do Instituto Moreira Salles recebe peças de 19 metros de altura que pesam 140 toneladas

O escultor Richard Serra não gosta de monumentos. Nem do ‘brutalismo extremo, quadrado, sem nuances’, de São Paulo. Mas sua primeira obra na cidade parece negar todo esse discurso.

Na contramão da ideia de leveza e transparência da torre envidraçada do Instituto Moreira Salles, as duas lâminas de aço que ele fincou no pátio do centro cultural numa das pontas da Paulista são lápides secas, duras, impenetráveis.


Escultura 'Echo' de Richard Serra  


E, ao menos nas dimensões, monumentais —elas têm quase 20 metros de altura e juntas pesam mais de 140 toneladas. Tanto que tiveram de esperar dois anos para serem montadas, o tempo que engenheiros levaram para estudar as correntes de vento da avenida até ter certeza que as placas não tombariam sobre gente —uma peça do americano já  desabou e matou um operário— nem sobre os prédios.

Serra, um dos maiores nomes da arte contemporânea, é da geração de autores que despontou na década de 1960 e então redefiniu a ideia de escultura, a maioria deles homens que fizeram de suas obras um desafio à escala da paisagem. Deixaram marcas gigantescas no horizonte, em rios, desertos, campos e praias, a chamada ‘land art.


Caminhão transporta lâminas de aço da escultura 'Echo' 


Mas não são monumentos. ‘É equivocado falar em monumentalidade em relação ao meu trabalho’, ele afirma. ‘Monumentos elogiam uma pessoa, um lugar, um acontecimento. Uma escultura em grande escala não significa monumentalidade’.

No caso de Serra, são obras que não expressam mais que o impacto acachapante do próprio peso, a força da matéria pura como espetáculo.

 ‘O peso é um valor para mim’, diz. ‘Não é mais convincente do que a leveza, mas tenho mais a dizer sobre o equilíbrio do peso, a concentração do peso, o posicionamento do peso, os efeitos psicológicos do peso, a rotação do peso, a desorientação do peso’.


O artista plástico americano Richard Serra, 74


Toneladas à parte, Serra reconhece nessa nova escultura o efeito contrário. ‘A verticalidade faz o trabalho parecer mais leve que sua massa’, diz. ‘E a experiência da escultura vista do chão é inquietante por causa da agitação que ocorre ao olhar para cima’.

Ele fala da vertigem causada pelas placas, que se tornam blocos um tanto ameaçadores quando vistos contra o céu da cidade. Do quinto andar do Instituto Moreira Salles, no entanto, são só obstáculos meio carrancudos retalhando a vista da metrópole.

Muito antes de mover carregamentos mastodônticos de metal para forjar essas peças que já encheram o Grand Palais, em Paris, o Guggenheim de Bilbao, na Espanha, e praças públicas mundo afora, Serra já tentava traduzir a ideia de movimento mesmo em suas obras um tanto estáticas.

Os nomes de suas primeiras esculturas, por exemplo, eram verbos. Rolar, cortar, arremessar, escorar foram algumas das ações que embasaram as peças dos primórdios de seu trabalho. Num filme da mesma década de 1960, ele mostra mãos tentando agarrar um pedaço de chumbo em queda livre, tornando visível o atrito entre as ideias de peso e leveza, imobilidade e movimento, que embasam toda escultura.

Mais tarde, já na fase mais espetacular de sua obra, a preocupação com o movimento se desloca das peças para o corpo do espectador, que adentra seus labirintos metálicos. ‘O movimento corporal pela escultura é uma premissa básica do meu trabalho’, diz.

Serra nega, no entanto, uma dimensão política desse caminhar. Mesmo já tendo criticado em cartazes os abusos políticos do governo americano na Guerra do Iraque, e fazendo questão de chamar o presidente Donald Trump de ‘mentiroso patológico’ e ‘ditador narcisista’, ele diz que seria exagero pensar a forma como suas obras ditam os passos do público como metáfora para um comentário político qualquer.

‘Isso seria hiperbólico’, diz o homem que passou suas mais de oito décadas de vida pensando e construindo coisas muito maiores do que ela.


RICHARD SERRA
Quando Ter., qua. e sex. a dom.: 10h às 20h. Qui.: 10h às 22h. Abre sáb. (23)
Onde IMS - av. Paulista, 2.424, tel. (11) 2842-9120
Preço Grátis







Fonte: Silas Martí   |   FSP



(JA, Fev19)



quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Monumento aos Soldados Brasileiros na Itália


Pistoia, uma cidade italiana, a meia hora de trem de Florença, abrigou entre 1945 e 1960, os corpos de 465 soldados brasileiros mortos na II Guerra Mundial. Em 1960 seus restos foram trasladados para o monumento então inaugurado no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Hoje, no antigo cemitério de Pistoia, junto a uma bandeira do Brasil e uma pira eterna, ergue-se uma elegante peça de concreto, com formas que lembram uma tenda, ou, melhor ainda, um baldaquino. Desenhado pelo arquiteto modernista Olavo Redig de Campos, 1906-1984, o monumento lembra os brasileiros caídos em combate e serve de abrigo ao soldado desconhecido: um último pracinha, encontrado no campo de batalha de Montese depois do traslado dos demais e nunca identificado, repousa entre suas esguias colunas. Num local retirado, junto a uma estrada de pouco movimento e na vizinhança de plantações de oliveira, o Brasil assinala aqui uma presença silenciosa e honrosa.
A participação do país na guerra vai desaparecendo da memória dos brasileiros. Quando se lembram dela, o comum é fazer graça do papel de formiguinha entre as feras em confronto. No entender das próprias feras, porém, o papel da formiguinha não era irrelevante.
Em livro relançado neste ano, acrescido de partes inéditas (Getúlio Vargas, Meu Pai), a filha do então ditador brasileiro, Alzira Vargas do Amaral Peixoto, conta que, em viagem de lua de mel aos Estados Unidos, foi convidada, junto com o marido, Ernani do Amaral Peixoto, a visitar o presidente Franklin Roosevelt na Casa Branca. Era julho de 1939, vésperas do início da guerra. Aplicando uma régua sobre um ma­pa-múndi, Roosevelt mostrou a pouca distância entre Natal e Dacar; segundo ele, se os alemães dominassem o litoral africano, teriam um trampolim para, pelo Nordeste brasileiro, invadir o continente ame­ricano.
Roosevelt empenhava-se em trazer o Brasil para a causa alia­da, num momento em que nossos dois principais chefes militares, Eurico Dutra e Góes Monteiro, favoreciam o nazifascismo, e os sinais de Getúlio eram ambíguos.
E se a célebre batalha do Norte da África tivesse terminado com a vitória dos alemães?
Recado semelhante havia sido dado meses antes pelo presidente americano ao chanceler brasileiro Oswaldo Aranha. Os estrategistas americanos, segundo escreve Lira Neto, biógrafo de Getúlio, temiam que o Brasil se constituísse ‘na porta de entrada dos nazifascistas no hemisfério’. Ao contingente de 25 000 soldados enviados à Itália somou-se, como contribuição brasileira, a cessão da base aérea com que os aviões americanos, de Natal, abasteciam as tropas aliadas na África. Ao se cogitar do rumo que o conflito poderia ter tomado, apresentam-se dois ‘e se’. Primeiro: e se o Brasil tivesse optado pela neutralidade, de todo conveniente aos alemães? Segundo: e se da célebre batalha do Norte da África, entre o inglês Montgomery e o alemão Rommel, o segundo tivesse saído vitorioso? Ter o Brasil ao lado garantiu uma vantagem estratégica para a causa aliada à qual não se costuma atentar.
O monumento de Pistoia tem como administrador um batalhador incansável pela divulgação da relevância do Brasil na guerra. O ítalo-­brasileiro Mario Pereira exerce essa função, subordinada à embaixada brasileira em Roma, desde a morte de seu pai, Miguel Pereira, em 2003. Miguel foi um dos 58 soldados brasileiros que se casaram com italianas; radicou-se em Pistoia e assumiu a administração, primeiro do cemitério, depois do monumento, a partir de sua inauguração, em 1967. O filho faz frequentes viagens ao Brasil, para palestras. Quando lhe é perguntado quem paga essas viagens, ele tira a carteira do bolso: ‘É isso aqui que paga’.
O terreno do antigo cemitério foi cedido pelo governo italiano ao brasileiro em regime de comodato. O Brasil empenha-se em obter sua doação, e as negociações caminhavam bem, segundo explica Mario Pereira, até que o caso Cesare Battisti, ao azedar as relações entre os dois países, reconduziu-as à estaca zero.
Atrás do monumento, Redig de Campos ergueu um muro em que se inscrevem os nomes dos soldados mortos. No Dia de Finados, como em todos os anos, haverá no local uma cerimônia, com a presença do embaixador na Itália e talvez de alguma autoridade vinda do Brasil.
Quando ativo, o cemitério possuiu uma quadra para generosamente abrigar também os alemães mortos nas batalhas com os brasileiros; 47 deles estiveram ali enterrados.
Ao contrário de muitos outros, esse é um lugar em que é reconfortante ver tremular a bandeira do Brasil.

Texto: Roberto Pompeu de Toledo  |  Rev. Veja


(JA, Out17)