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domingo, 6 de maio de 2018

Museu Afro Brasil homenageia Mestre Didi e Frans Krajcberg em exposições


Paulistanos e turistas têm a oportunidade de mergulhar na história, na cultura e na natureza do Brasil por meio de uma combinação da nova geração de artistas africanos e o olhar europeu na fotografia contemporânea. São as cinco novas exposições abertas no Museu Afro Brasil, da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, que se estendem até o dia 11 de junho, no Parque Ibirapuera.
Um Frans, a natureza – Exposição em memória de Krajcberg: Esculturas, relevos e fotografias; Um Deoscóredes – 100 anos do Alapini Deoscóredes Maximiliano dos Santos: Arte e Religiosidade; Os Africanos – O olhar europeu da fotografia contemporânea; África Contemporânea e África e a presença dos espíritos.
Entre os destaques das exposições, a íntima relação com a natureza nas obras de dois artistas já falecidos, o pintor, escultor, gravurista e fotógrafo Frans Krajcberg (1921-2017) e Mestre Didi (1917-2013). A curadoria é de Emanoel Araújo, ex-diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

UM DEOSCÓREDES
Mestre Didi, que em dezembro do ano passado completaria 100 anos de vida, é homenageado na exposição Um Deoscóredes – 100 anos do Alapini Deoscóredes Maximiliano dos Santos: Arte e Religiosidade. Falecido em 2013, Alapini do Ilê Asipa é filho de Mãe Senhora (1890-1967) – iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. A mostra celebra a obra de fôlego inesgotável e as tradicionais e potentes esculturas do artista, produzidas com materiais naturais como búzios, sementes, couro, nervuras e folhas de palmeira.
'Repleta de elementos da cultura afro-brasileira, a produção artística de Mestre Didi é como a união da antiga sabedoria, a expressão viva da continuidade e da permanência histórica da criação de uma nova estética que une o presente ao passado, o antigo ao contemporâneo, a abstração à figuração, formas compostas ora como totens, ora como entrelaçadas curvas. Suas esculturas, em sua interioridade, são uma relação entre o homem e o sacerdote que detém o espírito íntimo das coisas e de como elas se entrelaçam entre a sabedoria do sagrado e do profano', define Emanoel Araújo.
Dentro da exposição, é exibido pela primeira vez em São Paulo o documentário Alapini: A Herança Ancestral do Mestre Didi Asipá, de Silvana Moura, Emilio Le Roux e Hans Herold.
UM FRANS
Uma das atrações pode ser combinada com o passeio no Parque Ibirapuera, onde se curte a natureza com estilo. Trata-se da mostra individual Um Frans, que reúne esculturas, relevos e fotografias de Frans Krjacberg, imortalizado pela dedicação à defesa da natureza brasileira. As obras revelam a revolta do artista contra a destruição do planeta. Vale prestar atenção no modo criativo com que utilizava troncos de árvores, folhas e cipós como matéria-prima e fonte de inspiração para suas criações, que o próprio artista costumava chamar de “um grito da natureza por socorro”.
'Frans foi um eterno encantado e um defensor da natureza que trazia dentro de sua alma peregrina as matas e florestas do Brasil', afirma Emanoel Araújo. 'Em sua longa vida artística, Frans esteve intrinsicamente ligado as terras do país, nos convidando a fazer mais forte o seu eco irradiador em defesa das nossas matas, das florestas que ainda nos sobram, como a esperança e a beleza que emanam da sua obra', completa o curador.
OS AFRICANOS
Essa exposição evidencia os muitos fotógrafos que fizeram extraordinários registros dos povos e das manifestações culturais África afora. Os Africanos – O olhar europeu da fotografia contemporânea reúne trabalhos de quatro fotógrafos do chamado velho continente que conseguiram contribuir, com profundo requinte estético, para uma melhor compreensão artística da África atual. São eles: Hans Silvester (Alemanha), Isabel Muñoz (Espanha), Alfred Weidinger (Áustria) e Manuel Correia (Portugal).
ÁFRICA CONTEMPORÂNEA
Um raio-x da atual realidade africana por meio da arte é o que se propõe a fazer a exposição África Contemporânea, que apresenta trabalhos de artistas de países como Moçambique, Benin, Senegal, Angola e Gana. Eles são Dominique Zinkpè, Aston, Soly Cissé, Yonamine, Gérard Quenun, Owusu-Ankomah, Oswald, Celestino Mudaulane, Edwige Aplogan, Francisco Vidal e Cyprien Tokoudagba, criadores conhecidos por exporem as próprias feridas e acumulações por meio de pinturas, esculturas, instalações, desenhos e colagens.
'A arte contemporânea tem grande comprometimento com seu tempo, fala através de metáforas, é menos contemplativa, no sentido clássico da expressão. A arte fala não só do seu tempo, mas de experiências culturais e políticas, e o artista africano, submetido a grandes impulsos, como diferenças econômicas e sociais, extrai daí sua invenção plástica', frisa o curador.
ÁFRICA E A PRESENÇA DOS ESPÍRITOS
Já a mostra África e a Presença dos Espíritos reúne esculturas, máscaras, asens e moedas produzidas em cobre, madeira, tecido, miçangas e fibra vegetal dos tradicionais povos africanos Guro, Fon, Senufo, Iorubá, entre outras etnias. “A arte tradicional africana foi criada por artistas anônimos, dentro dos dogmas que a situa entre a grande criação: o homem, a natureza e os deuses em comunhão espiritual desses diferentes povos”, conclui Emanoel.
Museu Afro Brasil – Av. Pedro Álvares Cabral, Portão 10, s/n - Parque Ibirapuera, São Paulo - SP, 04094-050. Tel.:   (11) 3320-8900
De Ter. a dom., das 10h às 17h
Até 10/6
R$ 6,00, grátis aos sábados


(JA, Mai18)

sábado, 21 de abril de 2018

Frans Krajcberg revela o sofrimento das plantas em mostras em São Paulo



Artista morto em 2017 é tema de exposições na galeria de Paulo Kuczynski e no Museu Afro Brasil
Após a morte de Frans Krajcberg em novembro de 2017, o galerista Paulo Kuczynski decidiu abrir coleção do artista plástico ao público, com obras adquiridas ao longo de 14 anos.
Na galeria que leva o nome de Kuczynski, poderão ser vistas 25 obras do artista conhecido como o expoente da arte ecológica.
O título ‘A Natureza Como Atelier’ foi escolhido pelo próprio galerista, uma referência à Pierre Restany, que dizia que o ateliê de Krajcberg era a própria natureza.
‘A gente vive um drama da destruição do planeta, por isso o trabalho dele é tão atual e talvez seja cada vez mais’, diz Kuczynski.
Kuczynski adquiriu obras desde o início dos anos 1960 até o final dos anos 1980.
Enquanto de Piet Mondrian, 1872-1944, esgotou todas as suas possibilidades para chegar no quadro geométrico, Krajcberg quis rever o quadrado para voltar à arte.
No resultado desses trabalhos, há obras como a escultura de tronco de árvore ‘Flor de Chão’ e o quadro ‘Fleurs’ com formas que remetem a flores, mas são, na verdade, uma espécie de câncer da árvore que explode no tronco.

‘Parece uma flor, mas é o sofrimento da planta’, diz Kuczynski, que vê que esse aspecto transmite certa dualidade no trabalho do artista.
Para ele, a fama que o artista levou de ‘difícil e amargo e ranzinza’ é mais que justificável, já que Krajcberg —nascido em 1921 na Polônia— veio para o Brasil após perder a família em um campo de concentração na Segunda Guerra.
‘Ele não acreditava mais no ser humano, e viu na natureza um refúgio e único bem que sobrou diante do descalabro da guerra e descrença que ele passou a ter com tudo’, diz.
O uso de materiais da natureza é a marca do artista, mas para o galerista se difere muito do trabalho, por exemplo, de Marcel Duchamp, pai do ready-made, que ‘pega um objeto e o retira do contexto’.

Casa de Franz Krajcberg, em Nova Viçosa-BA
‘A natureza é, para Krajcberg, a provedora de um material que ele vai trabalhar’, define o galerista.
Além da galeria, o Museu Afro Brasil inaugura, no sábado (21), cinco mostras, entre elas duas individuais que homenageiam Mestre Didi (1917-2013) e outra, Krajcberg.
O artista que dizia que suas obras refletiam um pedido de socorro da natureza, será representado na mostra ‘Um Frans’, com esculturas e fotos.
Também serão abertas também as coletivas ‘Os Africanos – O Olhar Europeu da Fotografia Contemporânea’, ‘África Contemporânea’ e ‘África e a Presença dos Espíritos’”.

A Natureza como Atelier -Frans Krajcberg
Paulo Kuczynski Escritório de Arte, al. Lorena, 1.661. Seg. a sex. das 9h30 às 18h30 e sáb. das 10h às 14h, até 30/5, grátis
Um Frans
Museu Afro Brasil, av. Pedro Álvares Cabral, portão 10. Sáb. (21) às 11h, até 10/6. Ter. a dom.: 10h às 17h. R$ 6 de terç. a sex. e dom., sáb.: grátis


Texto: Isabella Menon   |   FSP

(JA, Abr18)