sábado, 27 de janeiro de 2024

Gustav Klimt, Áustria, 1862-1918 -^- ‘Retrato da Senhorita Lieser’, 1917

Arte Desaparecida


Até recentemente, sabia-se que a última proprietária conhecida do quadro morreu deportada em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial. A obra, então, sumiu. Não houve mais informações a respeito da pintura durante décadas.

Na década de 1910, uma família judia rica de Viena, na Áustria, encomendou um quadro a um dos mais famosos pintores do país, Gustav Klimt. É uma imagem de frente de uma mulher jovem, da cabeça até a altura dos joelhos, com um vestido colorido que se destaca sobre um fundo vermelho. É uma obra tardia do artista.

‘Retrato da Senhorita Lieser’ foi pintado em 1917, um ano antes da morte de Klimt. A pintura foi vista pela última vez durante uma exposição em Viena em 1925 --há uma fotografia em preto e branco que, durante muitas décadas, foi a única prova da existência do quadro.

Quase cem anos depois da última exibição do quadro, ele foi redescoberto em uma coleção privada do país, e será leiloado em 24 de abril.

A casa de leilões que vai ser responsável pela venda, a Kinsky, afirma que o valor deve ficar entre 30 e 50 milhões de euros (de R$ 160 milhões a R$ 267 milhões).

A casa de leilões diz que a descoberta do retrato, um dos mais bonitos do último período de Klimt, é sensacional, segundo o jornal ‘Washington Post’. ‘Uma pintura rara, e artisticamente significativa como essa tem um valor que não aparecia no mercado de arte na Europa central há décadas’, diz o texto da Kinsky.

O quadro foi roubado da família judia

A família Lieser era da alta sociedade rica de Viena. Essa era a clientela de Klimt, o pintor. Não se sabe exatamente quem é a jovem retratada. Quem encomendou a pintura foi Adolf Lieser, que era um dos maiores industriais do período Austro-Húngaro. A mulher retratada pode ser a filha, ou uma sobrinha dele.

Mas o que se sabe sobre o que aconteceu com o quadro? Como os Lieser eram judeus, há uma possibilidade de o quadro ter sido roubado por nazistas durante a Segunda Guerra.

Henriette Lieser, que foi dona do quadro, permaneceu em Viena apesar da ditadura nazista, foi deportada em 1942, e assassinada no ano seguinte.

Seus herdeiros foram contatados, e alguns se deslocaram para ver a pintura, que não tinha sido reivindicada e nunca apareceu em listas de pedidos de restituição.

De acordo com o ‘Washington Post’, Ernst Ploil, um diretor da casa de leilões Kinsky, afirmou que a tela foi redescoberta em 2022. Um dos donos procurou a Kinsky para leiloar a peça. Ele afirmou que a pintura havia sido adquirida por um parente dele nos anos 1960, e que está na família desde então.

A casa de leilões afirma que checou a história e a procedência da pintura de todas as formas possíveis e ‘não encontrou evidência de que a pintura foi exportada para fora da Áustria, confiscada ou apreendida, ou saqueada pelos nazistas’.

‘Não temos nenhum indício de que tenha sido confiscada pelos nazistas’, afirmou Ploil. No entanto, a casa também diz que não há prova de que o quadro não foi roubado.

Houve um acordo entre a família proprietária do quadro e os atuais descendentes da família Lieser. A casa de leilões diz que está seguindo o protocolo para identificar e devolver obras roubadas pelos nazistas (em 1998, 44 países firmaram um acordo no qual se comprometiam a devolver peças que os nazistas roubaram).

Antes da venda, o quadro será exposto na Suíça, Alemanha, Reino Unido e Hong Kong.

 

Fonte: G1 Globo

 

(JA, Jan24)