terça-feira, 29 de maio de 2018

Thomas Eakins, pintor realista estadunidense



The Gross Clinic, 1875
Um dos pintores realistas estadunidenses mais importantes do século 19. Trabalhou à margem dos estilos europeus contemporâneos, convertendo-se no primeiro artista importante depois da Guerra Civil estadunidense (1861-1865), ao realizar uma obra profunda e cheia de força, extraída diretamente da experiência de vida em seu país. 

Nasceu na Filadélfia, em 25 de julho de 1844, e estudou na Academia de Belas Artes da Pensilvânia, de 1861 a 1866. Ao mesmo tempo estudava anatomia na Escola de Medicina Jefferson, o que o levou a sentir uma grande interesse, durante toda a sua vida, pelo realismo científico.  

Eakins viveu três anos em Paris, de 1866 a 1869, onde estudou na Escola de Belas artes. Recebeu grande influência das obras dos mestres do século 17, em particular de Rembrandt, José de Ribera e Diego Velázquez, que o impressionaram pelo seu realismo e penetração psicológica. Em 1870, regressou à Filadélfia onde haveria de passar o resto de sua vida. Os quadros de Eakins mostram cenas e pessoas cotidianas da Filadélfia, sobretudo de sua vida familiar e da de seus amigos. 

Colocou em prática suas inclinações científicas em obras com barcos a vela, remeiros e temas de casa, nos quais demonstrava a anatomia do corpo humano em movimento. Pintou vários quadros com cenas que transcorriam em hospitais, de grande tamanho e força expressiva, entre os quais se destaca o ‘A Clinica Gross’, 1875 (Escola de Medicina Jefferson, Filadélfia), em que combina um detalhado realismo (o tema é uma operação cirúrgica), com uma agudeza psicológica no retrato do cirurgião, o Dr. Gross. 

Como diretor da Academia de Belas Artes de Pensilvânia, introduziu a inovadora assinatura de anatomia e dissecação, assim como a perspectiva científica, a qual revolucionou o meio artístico nos Estados Unidos. Sem dúvida, sua insistência em fazer estudos de nus escandalizou as autoridades e a Academia que o obrigaram a renunciar seu cargo em 1886.

               
Durante a sua última época de sua carreira artística o interesse científico de Eakins foi substituído pelo estudo da psicologia e da personalidade, dedicando-se a retratar amigos, cientistas, músicos, artistas e clérigos.  Além de sua magistral habilidade para registrar a personalidade, estes retratos  se caracterizam por um realismo absoluto e por um sentido escultórico da forma que se evidencia numa significativa quantidade de cabeças, corpos e mãos dos retratados. Um bom exemplo de seus retratos de corpo inteiro é ‘A Canção Patética’, que mostra a figura de uma cantora que está em pé, com uma rica túnica de seda, recortada contra a tênue luz do quarto de música.
Sem dúvida nenhuma, suas obras lhe proporcionaram popularidade e fortuna. Eakins exerceu uma profunda influência como pintor e professor, no desenvolvimento do naturalismo nos Estados Unidos. Entretanto, sua tendência para o realismo na pintura foi demasiado adiantada para a sua época.  

Thomas Cowperthwait Eakins, 1844-1916,  foi um pintor realista americano, fotógrafo, professor e educador de artes plásticas. Ele é amplamente reconhecido como um dos artistas mais importantes da história da arte americana. 




Fonte: Josa Motril  


(JA, Mai18)






domingo, 27 de maio de 2018

O que ensina a História da Arte


Disciplina, cujo instrumento é o olhar que interroga e duvida, tem um alcance que a ultrapassa. Ensina a lidar com o não dito e a incerteza constante.





Alguém se referiu ao prêmio Almirante Álvaro Alberto como ‘o pequeno Nobel brasileiro’. A comparação faz algum sentido, embora se trate de honraria discreta, conhecida quase apenas por pesquisadores.

Concedida pelo CNPq, tem o apoio da Fundação Conrado Wessel, que contribui com 200 mil reais para o vencedor, e da Marinha Nacional, que oferece duas viagens, à Amazônia e à Antártida.
As normas da premiação determinam todos os anos um rodízio nas disciplinas do conhecimento —exatas, biológicas e humanas— para um único agraciado. Cada área, portanto, tem sua vez a cada três anos. A lista dos laureados contém nomes muito ilustres da ciência e da cultura brasileiras.
A comissão que escolhe é grande, constituída por membros de todas as áreas. Não há inscrição: todos os pesquisadores brasileiros, por princípio, concorrem.
Acreditem no meu atordoamento quando avisaram que fui o vencedor de 2018.
Mais do que a felicidade pessoal, o que me pareceu muito importante foi o fato de que minha disciplina, a história da arte, foi pela primeira vez agraciada.
Isso significa sensibilidade em relação a uma área discreta dentro da universidade brasileira. No país, ela encontrou verdadeiro foro acadêmico há somente três décadas.
Até então, entre nós, as pesquisas em história da arte não tinham um lugar de fato próprio. Confundiam-se muitas vezes com a estética, com a teoria da arte e com a sociologia, domínios muito importantes, mas específicos e que não correspondiam à conformação da história da arte.
Nestes últimos 30 anos, porém, ela se implantou com belo vigor. Existem apenas duas graduações, bem recentes, que dão conta da formação inicial nesse percurso: são exemplos a serem seguidos. Ao contrário, desenvolveu-se um grande número de programas de mestrado e doutorado, permitindo que surgissem excelentes especialistas.
Num país estremecido por tantas crises, com tão fortes desigualdades sociais, problemas imensos, ainda mais num momento de incertezas tão pronunciadas, cabe a pergunta: para que serve a história da arte?

Serve para que possamos ter uma apreensão complexa e profunda da humanidade e de sua cultura. Ela solicita reflexão, mas também exige descobertas pela intuição —que é uma forma crucial do conhecimento. O historiador da arte se vê obrigado a desenvolver um modo de captar seu objeto sem passar pelo conceito, pela palavra, pelo enunciado, pelo axioma lógico.
Toda a formação que temos desde a infância foi assentada sobre a leitura de signos: sejam matemáticos, letras, palavras, frases. Bem diferente, a história da arte demanda, em grande parte, trabalho que avança por meio do silêncio, por meio da observação: é como se o olho se tornasse inteligente.
Dou um exemplo simples e um pouco grosseiro. Uma frase como: ‘As pinturas de Van Gogh e de Millet têm pontos em comum’ é um enunciado de autoridade. Não prova nada. A única maneira de confirmá-la é a evidência silenciosa da comparação entre, pelo menos, duas imagens, a síntese fazendo-se na mente daquele que vê. É este o argumento que nenhuma frase traduz.
Especialista verificando estado de quadro do pintor Van Gogh

Há outro ponto. As obras de arte estão sempre em contínua mutação. Mutação física, por causa da ação do tempo. Mas, igualmente, mutação imaterial. Porque os olhos mudam, e a arte só ocorre em sua relação com o olhar de gerações sucessivas, de indivíduos diversos.

Desse modo, o fetichismo do original dá lugar ao fato de que as formas artísticas possuem uma existência imaterial ao mesmo tempo constante e mutável.
A obra existe na materialidade do suporte e na imaterialidade da memória.
A história da arte é uma disciplina cujo sentido epistemológico tem um alcance que a ultrapassa, porque ela ensina a lidar com o não dito e com a incerteza constante. Seu instrumento é o olhar que interroga e duvida.
Pela história da arte, pela cultura, pelas humanidades, damos sentido às coisas. É graças a elas que o conhecimento e a ciência deixam de ser meros instrumentos para integrarem um processo humanístico.
As humanidades, no mundo em que vivemos, veem seu horizonte se estreitar cada vez mais. Estou convencido de que é importante investir nas ciências, na tecnologia, mas também muito nas humanidades.
E elas precisam chegar aos universos mais frágeis de nossa sociedade. Isso só ocorrerá com o fortalecimento e a expansão de uma universidade pública, gratuita, capaz de desenvolver e implantar, de modo significativo, as práticas de inclusão social.


Texto: Jorge Coli, professor titular de história da arte na Unicamp e autor de 'O Corpo da Liberdade' (Cosac Naify)   |   FSP. 



(JA, Mai18)

Paul Cézanne


Pintor e desenhista Francês, 1839-1906


 

 Sinopse

Paul Cézanne foi o artista francês proeminente da época pós-impressionista , amplamente apreciada no final de sua vida por insistir que pintura permanecer em contato com suas origens materiais, praticamente escultóricas. Também conhecido como o ‘mestre de Aix’ após seu lar ancestral no sul da França, Cézanne é creditado o fato de ter pavimentando o caminho que viabilizou o surgimento do modernismo do século 20, tanto visual quanto conceitualmente. Em retrospectiva, o seu trabalho constitui a mais poderosa e essencial ligação entre os aspectos efêmeros do Impressionismo e os movimentos artísticos mais materialistas como o Fauvismo, Cubismo, Expressionismo, e até mesmo completa abstração.


Ideias-chave
Insatisfeito com a fala impressionista de que pintura é sobretudo um reflexo da percepção visual, Cézanne procurou fazer de sua prática artística, um novo tipo de disciplina analítica. Em suas mãos, a tela se assume o papel de uma tela onde sensações visuais do artista são registradas quando ele olha intensa e, muitas vezes, repetidamente, para um determinado assunto.
Cézanne aplica seus pigmentos na tela, com uma série de pinceladas discretas, metódicas, como se ele fosse ‘construir’ uma foto, ao invés de ‘pintar’. Assim, sua obra permanece fiel a um ideal de arquitetura subjacente: cada parte da tela deverá contribuir para a integridade da sua estrutural global.
Em pinturas da maturidade de Cézanne, nem uma simples maçã pode exibir uma dimensão claramente escultural. É como se cada item de natureza morta, paisagem ou retrato, tivesse sido examinada não de um, mas vários ângulos, e suas propriedades materiais depois recombinadas pelo artista, não como mera cópia, mas como o que Cézanne chamava ‘uma harmonia paralela à natureza’. Foi este aspecto do seu modo de trabalhar - o Cézanne analítico, que decorrer do tempo,  acabou por levar os futuros cubistas a considerá-lo como seu verdadeiro mentor.

Biografia

Infância

Paul Cézanne nasceu em 1839, na cidade de Provence, no sul da França. Seu pai era um rico advogado e banqueiro que fortemente encorajava Paul para seguir seus passos. Eventual rejeição de Cézanne das aspirações do pai autoritário, levou a uma longa relação problemática entre os dois, apesar de, nomeadamente, a artista ter permanecido dependente financeiramente de sua família, até a morte do pai em 1886.
Ele era extremamente amigo com Émile Zola, um escritor nascido em Aix, e que viria a se tornar uma das maiores figuras literárias da sua geração. O aventureiro Cézanne e Zola compunham um pequeno círculo que se chamava ‘The Inseperables’. Eles mudou-se para Paris em 1861.

Formação inicial

Cézanne foi em grande parte autodidata. Em 1859, ele assistiu a noite aulas de desenho em sua cidade nativa de Aix. Depois de se mudar para Paris, Cézanne duas vezes tentou entrar a École des Beaux-Arts, mas foi recusado pelo júri. Em vez de adquirir a formação profissional, Cézanne frequentemente visitava o Museu de Louvre, onde ele copiou obras de Ticiano, Rubens e Michelangelo. Ele também frequentava regularmente a Académie Suisse, um estúdio onde estudantes de arte jovem podiam dispor de modelos ao vivo, por uma taxa mensal muito modesta. Enquanto esteve na Academia, Cézanne conheceu outros colegas pintores, como Claude Monet, Camille Pissarro e Auguste Renoir, que naquela época também lutavam para se firmar como artistas, mas que em breve seriam os membros fundadores da nascente Movimento impressionista.

Os primeiros óleos de Cézanne foram executados em uma paleta bastante sombria. A pintura foi aplicada muitas vezes em camadas espessas de empaste, adicionando uma sensação de peso para composições já solenes. Sua pintura inicial indicado um foco na cor em favor de silhuetas bem delineadas e com as perspectivas preferidas pela Academia francesa, e o júri do salão anual onde continuamente apresentou suas obras. Todas as submissões, no entanto, foram recusadas. O artista também viajou regularmente de volta para Aix, para garantir o financiamento de seu pai apesar da desaprovação.
O ano 1870 marcou uma crucial mudança na pintura em Cézanne. Essa mudança foi  ocasionada por dois fatores: do artista se transferiu para L'Estaque, no sul da França, para evitar o alistamento militar, e a sua associação mais estreita com um dos mais ilustres jovens impressionistas - Camille Pissarro. Cézanne era fascinado com a paisagem mediterrâneas de L'Estaque, com sua abundância de luz solar, e a vibração das cores. Enquanto isso, Pissarro provocou uma mudança instrumental ao persuadir Cézanne adotar uma paleta mais brilhante, bem como sobre abandonar a técnica de impasto forte e poderoso, em favor de pinceladas menores e mais animadas. Em L'Estaque, Cézanne executou uma série de paisagens onde predominam as formas arquitetônicas das casas rurais, o azul deslumbrante do mar, e os verdes vivazes das folhas.
Em 1872, Cézanne retornou a Paris, onde nasceu seu filho Paul. Sua amante, Hortense Fiquet, finalmente se tornaria Madame Cézanne em 1886, nomeadamente apenas após a morte do pai do artista. Cézanne pintou mais de quarenta retratos de sua companheira, bem como vários retratos enigmáticos de seu filho.
Em 1873, Cézanne exibiu no Salon des Réfuses, o famoso show de artistas que tinham sido recusados pelo salão oficial (ele próprio incluído no meio de artistas que incluía, entre outros,  Édouard Manet, Claude Monet, Camille Pissarro). Os críticos criticaram os  artistas de vanguarda o que, aparentemente, magoou Cézanne. Na década seguinte ele pintou, principalmente, longe de Paris, ficando entre Aix ou L'Estaque e, por algum tempo. não  participou de exposições coletivas não oficiais.



A experiência de Cézanne com pintura da natureza, e a experimentação rigorosa, levou-o a desenvolver suas próprias abordagens para arte. Esforçou-se para afastar a pintura do momento transitório, muito favorecido pelos impressionistas; em vez disso, Cézanne procurou qualidades pictóricas verdadeiras e permanentes dos objetos ao seu redor. De acordo com Cézanne, o assunto da pintura primeiro tem que ser ‘lido’ pelo artista através da compreensão de sua essência. Em seguida, numa segunda etapa, essa essência deve ser ‘percebida’ sobre uma tela através de formas, cores e suas relações espaciais. As cores e formas tornaram-se assim os elementos dominantes de suas composições, completamente liberado das rígidas regras de aplicação de perspectiva e pintura, como promovido pela Academia.



Retratar a realidade como tal nunca foi o objetivo primário de Cézanne. Em suas próprias palavras, foi ‘algo diferente de realidade’ que ele se esforçou para revelar. 
Nos anos 1880, Cézanne executou um grande número de naturezas-mortas, reinventando completamente a forma no gênero bidimensional. A característica central destas obras foi a crucial mudança da atenção dos objetos em si, para as sua formas e cores que, potencialmente, definiam seus contornos e superfícies.

Retratos de Cézanne, incluindo um grande quantidade de autorretratos, exibem o mesmo conjunto de traços. As composições são vividamente impessoais, por isso não era as características do retratado que Cézanne buscava retratar, mas as possibilidades formais e coloridas do corpo humano, e sua natureza interior.

Morte e final do período

Na última década de sua vida, Cézanne dirigiu seu foco artístico quase exclusivamente para dois motivos pictóricos. Um era a representação de Mont Sainte-Victoire, uma montanha dramática que dominou a paisagem árida e pedregosa em Aix. O outro era a síntese final da natureza e do corpo humano, em uma série chamada banhistas (nus retratados, brincando em uma paisagem). As versões posteriores dos banhistas foram se tornando cada vez mais abstratas - a forma e cor pareciam se fundir na tela.
Depois de contrair uma pneumonia, Paul Cézanne morreu em sua casa familiar em Aix, em 22 de outubro de 1906. Na última década de sua vida tinha sido comprometida pelo desenvolvimento de diabetes e de uma depressão severa, que contribuíram para afastamento do artista da maioria de seus amigos e familiares.

Legado

Quando se olha para legado de Cézanne, é impossível não perceber o surgimento de uma abordagem artística única. Cézanne ofereceu uma nova maneira de compreender o mundo através da arte. Com sua reputação em evolução constante nos anos finais de sua vida, um número crescente de jovens artistas caiu sob a influência de sua visão inovadora. Entre eles estava o jovem Pablo Picasso, que em breve iria orientar a tradição ocidental de pintura para uma nova direção, totalmente sem precedentes. Foi Cézanne, que estimulou a nova geração de artistas a libertar a forma da cor em sua arte, criando assim uma realidade pictórica nova e subjetiva, não meramente uma imitação servil. A influência de Cézanne continuou forte nas décadas de 1930 e 1940, até quando começou a surgir uma nova forma artística, a do expressionismo abstrato.



 Fonte:   The Art Story, Modern Art Insight
         

(JA, Mai18)

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Claude Monet



Oscar-Claude Monet (Paris, 14 de novembro de 1840 — Giverny, 5 de dezembro de 1926) foi um pintor francês e o mais célebre entre os pintores impressionistas.

Claude Monet fotografado por Nadar em 1899
O termo impressionismo surgiu devido a um dos primeiros quadros de Monet, ‘Impressão, nascer do sol’, de uma crítica feita ao quadro pelo pintor e escritor Louis Leroy:  

‘Impressão, nascer do Sol – eu bem o sabia! Pensava eu, justamente, se estou impressionado é porque há lá uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha’

Sua fala foi usada originalmente de forma pejorativa, mas Monet e seus colegas adotaram o título, tendo consciência da revolução que estavam a iniciar na pintura.

Claude Monet nasceu em Paris, em 14 de novembro de 1840 na 9º arrondissement. Seu pai, Claude - Auguste, tinha uma mercearia modesta. Aos cinco anos, sua família mudou-se para Le Havre, na Normandia. Seu pai desejava que Claude continuasse no comércio da família, mas ele desejava pintar. Foi a sua tia, Marie-Jeanne Lecadre, que o apoiou a seguir a carreira artística, pois ela também era pintora.

Em 1851, Monet entrou para a escola secundária de artes e acabou se tornando conhecido na cidade pelas caricaturas que fazia. Nas praias da Normandia, Monet conheceu, por volta de 1856, Eugène Boudin, um artista que trabalhava extensivamente com pintura ao ar livre nessas mesmas praias, e que lhe ensinou algumas técnicas ao ar livre.
Em 28 de janeiro de 1857, sua mãe morreu e, aos 16 anos, Monet abandonou a escola e foi morar com sua tia, Marie-Jeanne Lecadre.
Em 1857, Monet foi para Paris estudar pintura, e foi aí que conheceu a sua primeira mulher, Camille Monet, a quem retratou muitas vezes, em quadros onde ela aparecia mais do que uma vez na mesma pintura.

Estudar a arte

Em 1859 Monet mudou-se para Paris. Frequentava muito a academia suíça de Paris onde copiava os grandes pintores. Em 1861 foi obrigado a servir no Exército na Argélia. Sua tia Marie-Jeanne concordou em conseguir sua dispensa do serviço, caso Monet se comprometesse a cursar arte na universidade. Deixou o exército, mas não lhe agradou o tradicionalismo da pintura acadêmica.
Decepcionado com o ensino da pintura acadêmica na Universidade, em 1862 ele foi estudar artes com Charles Gleyer em Paris, onde conheceu Camille Pissarro e Gustave Courbet. Juntos desenvolveram a técnica de pintar o efeito das luzes com rápidas pinceladas, o que mais tarde seria conhecido como impressionismo. 

Carreira artística

Em 1863, ajudado por seu amigo, Monet alugou um pequeno estúdio em Paris. No mesmo ano, Monet entraria para o Salão oficial de pintura de Paris: ‘Estuário do Sena’ e ‘Ponte sobre Hève na Vazante’.
No ano seguinte, Monet novamente expôs duas telas no salão de Paris: ‘Camille’ ou ‘O vestido azul’ e ‘A floresta em Fontainebleu’. A tela ‘O vestido verde’ recebeu grandes elogios por parte dos críticos e ganhou um prêmio no salão de Paris. Em ‘Camille’, Monet retratou Camille Doncieux, que se tornaria sua futura mulher. No ano de 1867, Monet tentou inscrever a obra ‘Mulheres no Jardim’ no Salão, que não a aceitou. A tela era tão grande que ele construiu uma vala para poder enterrar a parte inferior e atingir a parte superior da tela ao pintar. 
No mesmo ano, Monet e Camille teriam seu primeiro filho, Jean.
Em 1868, Monet entrou em dificuldades financeiras, teve um quadro inscrito no Salão de Paris, ‘Navio deixando o cais de Le Havre’, que recebeu uma crítica negativa. Recebeu, no mesmo ano, medalha de prata na Exposição Marítima Internacional de Le Havre pela tela ‘O molhe de Le Havre’.
Em 1870, Camille e Monet se casaram após o nascimento do primeiro filho do casal. No mesmo ano, com o início da guerra franco-prussiana, Monet e sua família se refugiaram em Londres. De volta à França e com o pai já morto, refugiar-se em Le Havre não o atraía mais, por isso Monet mudou-se para Argenteuil, onde passou a receber seus amigos impressionistas (Édouard Manet, Pierre-Auguste Renoir, Alfred Sisley e outros). Na cidade, o rio Sena e as belas paisagens serviram de inspiração para numerosos quadros de Monet e seus amigos que puderam pintar ao ar livre. 
Impressão, nascer do Sol, 1872


Em 1872 Monet pintou Impressão, nascer do sol (Impression: Soleil Levant (atualmente no Museu Marmottan de Paris), uma paisagem do Havre, exibida na primeira exposição impressionista de 1874. O quadro deu origem ao nome usado para definir o movimento impressionista.

Em 1878, Monet mudou-se para Paris com a família devido a crise financeira. No mesmo ano, nasceria seu segundo filho, Michel. Em férias com o casal Hoschédé, Monet acabou apaixonando-se pela mulher do Sr. Hoschédé, Alice. Um ano depois, Camille Doncieux morreu de cancro, aos trinta e dois anos de idade.

Em 1883, Monet mudou-se para Giverny, na Normandia. Monet trocava correspondência com Alice até a morte de seu marido em 1891. No ano seguinte ele e Alice Hoschédé casaram-se.

Na década após o seu casamento, Monet pintou uma série da Catedral de Ruão em vários horários e pontos de vista diferentes. Vinte pinturas da catedral foram exibidas na galeria Durand-Ruel em 1895. Ele também fez uma série de pinturas de pilhas de feno.


Nenúfares

Em 1899, Monet pintou em Giverny a famosas série de quadros chamadas ‘Nenúfares’. Em sua propriedade em Giverny, Monet tinha um lago e uma pequena ponte japonesa que inspirou a série de nenúfares. Estas obras quando foram expostas fizeram grande sucesso. Era o reconhecimento tardio de um gênio da pintura.

Monet ao pintar Nenúfares se baseou no lago e a ponte japonesa de sua própria casa, no outono, porque era nessa época do ano em que as flores caiam sobre o lago criando uma linda visão na qual Monet resolveu pintar. A técnica de Monet para pintar quadros era bastante peculiar para as pessoas e outros artistas que o viam pintando, mas a técnica de Monet, desenvolvida na época, foi considerada mais tarde como umas das mais belas do mundo, que é o impressionismo, que aparenta ser de perto apenas borrões mas, ao distanciar a visão, o quadro se forma nitidamente. 


Últimos anos

Monet teve uma catarata no fim da sua vida. A doença o atacou por causa das muitas horas com seus olhos expostos ao sol, pois gostava de pintar ao ar livre em diferentes horários do dia e em várias épocas do ano, o que foi outra característica do Impressionismo. Durante sua doença Monet não parou de pintar, - usou nessa época de sua vida cores mais fortes como o vermelho-carne e vermelho goiaba, cor tijolo, entre outros.
Monet morreu em 1926 e está enterrado no cemitério da igreja de Giverny, departamento de Eure, na Alta Normandia, norte da França.



Fonte:  WP



(JA, Mai18)

Mais de 7.000 desenhos do artista Edvard Munch estão disponíveis on-line

Museu Munch de Oslo detém boa parte da obra do pintor célebre pelo quadro ‘O Grito’. Instituição está começando a digitalizar o acervo com apoio de fundação
Grito' Cabeça e braços erguidos, trabalho em pincel, giz de cera


O Museu Munch de Oslo, na Noruega, dedicado ao artista norueguês Edvard Munch, 1863-1944, disponibilizou on-line mais de 7.600 desenhos do pintor de ‘O Grito’ em seu site. O acesso às imagens é livre para qualquer uso.

Trata-se de um catálogo raisonné [publicação que cataloga todas as obras conhecidas de um artista] digital dos trabalhos em papel de Munch. Os desenhos datam de 1873, quando ele tinha 10 anos, a 1943, um ano antes de sua morte. 

'Desfile', trabalho em aquarela e lápis feito entre 1877 e 1878


Munch desenhava sem parar e praticamente em qualquer lugar, disse o diretor do museu, Stein Olav Henrichsen, ao site The Art Newspaper.

Entre as obras, há estudos para alguns dos quadros mais conhecidos de Munch, como o próprio ‘O Grito’. Há trabalhos dos cadernos de rascunho do artista em seus anos de formação. Há naturezas mortas, cachorros, paisagens e retratos que permitem acompanhar o amadurecimento do estilo de Munch. 

'Abraço', trabalho feito a lápis entre 1936 e 194
Para Henrichsen, tornar as obras públicas era essencial porque elas permitem um “mergulho profundo no processo criativo do artista”.

Viabilizada pela Bergesen Foundation, organização filantrópica da Noruega, a digitalização das obras deve prosseguir para outros formatos além dos desenhos.


Edvard Munch
Nascido e criado na Noruega, Munch recebeu um breve treinamento formal para a pintura, mas foi predominantemente autodidata. Prolífico, deixou mais de 1.500 quadros, milhares de aquarelas, desenhos, gravura, escultura, trabalhos de gráficos e de cenografia. 
Foi ligado aos movimentos simbolista e surrealista, exibiu suas obras em toda a Europa, influenciou artistas e, com isso, a trajetória do modernismo em países como França, Alemanha e a própria Noruega.
 'Beijo', lápis, 1896



'Na praia', trabalho em aquarela e carvão feito entre 1940 e 1942



'Casa vermelha e abetos', aquarela, de 1942-1943



Ficou famoso logo no início de sua carreira por suas representações da angústia humana, segundo a descrição de uma exposição do artista no Museu Metropolitan, de Nova York. Revisitou com frequência temas de seus primeiros anos de carreira, explorando-os com intensidade e inspiração renovadas. 

‘A fama de Munch recai desproporcionalmente sobre a familiaridade global de uma única imagem’, disse Philip Hook, especialista em arte moderna e Impressionismo da Sotheby’s, multinacional que realiza leilões de arte, entre outros objetos de luxo, ao Art Newspaper. 

'Retrato masculino', lápis, 1935-1940


Para ele, o acesso a trabalhos menos conhecidos do artista é importante para uma compreensão mais aprofundada da obra, e pode também estimular o interesse comercial por ela no mercado de arte.


Texto: Juliana Domingos de Lima    |    =Nexo



(JA, Mai18)

quinta-feira, 10 de maio de 2018

No MAM-SP, exposição mostra Ismael Nery em percurso didático



Mostra conta com mais de 200 quadros do artista plástico que morreu aos 33 anos

Conhecido por representar figuras com traços andróginos e transgressores, Ismael Nery, 1900-1934, tem obras expostas no MAM-SP, desde a última terça (8).

Na exposição ‘Ismael Nery: Feminino e Masculino’, as 210 obras selecionadas pelo curador Paulo Sergio Duarte estão divididas em temas —nus, retratos e autorretratos, danças, cenários e surrealismo.

Nery morreu precocemente —foi vítima de tuberculose aos 33 anos. Duarte diz que, mesmo jovem, o artista passou por todos os movimentos contemporâneos da época —como cubismo, surrealismo e expressionismo.


Segundo o curador, o artista explorava o erotismo em suas pinturas, e seus triângulos amorosos explicitamente sexuais demonstram a ‘contradição entre a ética e moral católica e a prática artística’.  
Obra de Ismael Nery exposta no MAM-SP


Além disso, na visão de Duarte, Nery provocava a sociedade de seu tempo. E cita o exemplo de tela em que retrata uma mulher branca se relacionando com um negro. ‘Se hoje isso choca certas pessoas, imagina naquela época’, diz.


O curador destaca uma curiosidade biográfica. Ele conta que Nery costumava jogar fora suas obras após terminá-las. Era o poeta Murilo Mendes, 1901-1975, amigo do artista, quem as conservava.

Duarte acredita que o longo período, 18 anos, em que Ismael Nery não teve uma exposição desse porte fez com que toda uma geração de jovens artistas e professores não tivessem contato com sua obra.


Por isso, a mostra não é dedicada a especialistas.

Obra de Ismael Nery exposta no MAM-SP


Professor-pesquisador da Universidade Candido Mendes e da Escola de Artes Visuais, ambas no Rio de Janeiro, ele diz que escolheu essa linha curatorial didática porque ‘falta educação no país’.


‘Reina a ignorância no Brasil. Eu dou aula desde 1978 e vejo o declínio da qualidade dos alunos ano a ano. Ao invés de melhorar, eles pioram, hoje os alunos não têm nem o domínio da língua portuguesa’, diz o curador.

O curador calcula que, entre as peças que estarão disponíveis ao público até agosto, apenas 50 provenham de instituições; o restante foi emprestado por coleções particulares.

‘Isso é uma tendência, e é quase uma tradição brasileira. As instituições não têm recursos para adquirir essas obras’, diz.

Em uma parede detrás dos painéis principais da exposição, estão quatro obras. A reserva se deve ao fato de que retratam cenas sexuais e, por isso, não são recomendadas para menores de 12 anos.


O MAM-SP, seguindo orientação de seu departamento jurídico, adotou os avisos após um incidente no ano passado.

Obra de Ismael Nery exposta no MAM-SP


Em setembro, o museu foi alvo uma onda de protestos, após a divulgação de um vídeo feito no local, no qual uma criança interagia com o artista Wagner Schwartz, nu em sua performance ‘La Bête’.


Apesar de ter acatado a orientação, Duarte afirma achar ‘tudo isso uma regressão terrível no Brasil’.

‘Os jovens hoje em dia têm acesso à internet e podem ver na internet coisas muito piores’, diz Duarte, que considera atitudes como esta ‘um retorno à censura’.






Ismael Nery:  Feminino e Masculino

MAM, av. Pedro Álvares Cabral, s/n, (11) 5085-1300;

de ter. a dom., das 10h às 17h30.

Até 9/8.

R$ 7





Texto: FSP, Artes Plásticas  


(JA, Mai18)