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terça-feira, 24 de dezembro de 2019

O legado da Art Nouveau – Exposição é atração em SP neste fim de ano



Em exibição no Centro Cultural Fiesp a mostra reúne obras de Alphonse Mucha, ícone da Belle Époque, com entrada gratuita




A exposição ‘Alphonse Mucha: o legado da Art Nouveau’, que homenageia o ícone máximo desse movimento e está em cartaz no centro Cultural Fiesp (Avenida Paulista, 1313) é uma das atrações culturais em São Paulo neste fim de ano. Com entrada gratuita, a mostra que traz a maior coletânea do artista tcheco já exibida no Brasil, pode ser conferida de terça-feira a sábado, das 10h às 22h e aos domingos, das 10h às 20h. O endereço permanecerá fechado nos dias 24/12, 25/12, 31/12 e 01/01.


Poster for Gismonda
Ao longo de quatro ambientes, a mostra exibe 100 obras cedidas pela Fundação Mucha. As peças estão divididas em seções. Em Mulheres: Ícones & Musas o público confere o ponto alto da trajetória do artista. O espaço reúne pôsteres dos memoráveis espetáculos de Sarah Bernhardt no Teatro Renaissance, anúncios de marcas de cerveja, cigarros, lança-perfumes, e outras dezenas de artigos igualmente referendados pelo toque de Mucha – como caixas de biscoito, embalagens de perfume e capas de livro.

Os núcleos O Estilo Mucha – Uma Linguagem Visual e Beleza – O Poder da Inspiração revelam um pouco das mensagens ocultas em sua obra. Criado em uma nação que lutava pela independência – na época, a República Tcheca vivia sob o domínio do Império Austro-Húngaro –, o artista, desde jovem, cultivou o desejo da libertação do povo eslavo. Analisando os seus desenhos, é possível observar a presença constante de elementos dessa cultura, como figurinos e artigos decorativos do folclore eslavo, formas geométricas, curvas, adereços e a quase ausência de profundidade que remetem à arte bizantina. Era evidente a intensão do artista em aproveitar a reputação conquistada no então centro cultural do mundo para divulgar a força da civilização eslava.

Essas gravuras são também um ensaio daquilo que geraria a obra-prima de Mucha: A Epopeia Eslava, série de 20 quadros gigantes produzida ao longo de quase duas décadas e que representam o ponto máximo dessa missão. Como essas obras são muito frágeis para viajar, são exibidas por meio de uma instalação digital na exposição. Instaladas em um palácio localizado próximo à cidade natal do artista, esses quadros não integram o catálogo da exposição.




Por fim, a seção O Legado do Estilo Mucha reúne alguns dos nomes representativos da influência do artista. Do Japão, destaques para Nanase Ohkawa, Mokona, Tsubaki Nekoi e Satsuki Igarashi, fundadoras do grupo CLAMP e autoras de títulos conhecidos mundialmente, como Cardcaptor Sakura e as Guerreiras Mágicas de Rayearth. Da Coreia do Sul, a mostra traz desenhos de Ko Yasung, ilustrador das HQs Stigmata e The Innocent; Rhim Ju-yeon, conhecido pelos títulos President Dad e Ciel: The Last Autumn Story, e de outros ilustradores contemporâneos.



Sarah Bernhardt as La Princesse Lointaine



Sucesso mundial

As obras da exposição Alphonse Mucha: o legado da Art Nouveau pertencem à Fundação Mucha, administrada pelos herdeiros do artista e localizada em Praga, na República Tcheca. Ao longo dos últimos anos, essas obras foram temas de mais de 40 exibições pelo mundo, atraindo mais de 4 milhões de visitantes.

Em 2018, sete cidades receberam a retrospectiva, incluindo Copenhague, Nova Iorque, Madrid e Paris. Na capital francesa, foi registrado o recorde de público em toda a sua história: mais de 340 mil pessoas foram ao Museu de Luxemburgo contemplar as obras de Mucha. A mostra também tem colhido sucesso da crítica por onde passa.


O Artista




Nascido em Ivančice, atual República Tcheca, Alphonse Mucha (1860-1939) teve uma carreira de muitas façanhas. Pioneiro na arte publicitária, consagrou na Paris da Belle Époque um estilo marcado pela sutileza e pelo perfeccionismo que se tornaria símbolo da era de ouro da cultura francesa. Hoje, passados 80 anos de sua morte, continua a influenciar artistas no mundo todo e mantém sua herança viva em ilustrações contemporâneas, como observada no universo dos HQs e dos Mangás.


Alphonse Mucha: o legado da Art Nouveau
Quando: de 18 de setembro a 26 de janeiro de 2020
Horários: de terça a sábado, das 10h às 22h e domingos, 10h às 20h
Local: Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp
Endereço: Avenida Paulista, 1313 – Cerqueira César (em frente à estação Trianon-Masp do Metrô)
Agendamentos escolares e de grupos: ccfagendamentos@sesisp.org.br
Entrada gratuita.
Mais informações em www.centroculturalfiesp.com.br



Fonte:  Guia Indicas




(JA, Dez19)




quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Mostra exibe as ninfas sensuais e o flerte místico de Alfons Mucha, na Fiesp



Expoente do art nouveau, tcheco é famoso pelas gravuras de mulheres emolduradas por flores e arabescos


'As Estações' - O Verão', 1896, parte da série de quatro painéis decorativos 


Se a menção seca a Alfons Mucha (pronuncia-se ‘murra’) talvez não baste para provocar o estalo mental no leitor, as imagens que acompanham este texto têm tudo para servir de gatilho e fazê-lo “ligar o nome à pessoa”.

O artista tcheco se aventurou na pintura, na escultura, na fotografia e na cenografia. Mas foi com suas gravuras habitadas por mulheres que parecem ninfas envoltas em motivos florais e arabescos tão ondulantes quanto sensuais que se tornou o patrono do estilo art nouveau, no fim do século 19.


Cartaz de 1898 para montagem tragédia Medeia, protagonizada por Sarah Bernhardt


Os meandros do ‘toque Mucha’, decantado em pôsteres para as peças da atriz Sarah Bernhardt, 1844-1923 e em rótulos e embalagens para espumantes, sabonetes, biscoitos e cigarros, estão em destaque, a partir desta quarta (18), em exposição no Centro Cultural Fiesp.

A mostra reúne mais de cem obras emprestadas pela Fundação Mucha, sediada em Praga, e constitui a amostra mais expressiva do trabalho do artista a passar pelo Brasil.
A curadora Tomoko Sato destaca a dupla habilidade do artista, capaz de conjugar experimentações formais ao longo de toda a carreira (‘e isso antes das vanguardas modernas’, diz) com a compreensão do que era preciso para atender ao gosto popular —e, assim, turbinar seu cacife.

‘Ele tinha consciência da importância da repetição, dessas variações sutis sobre um mesmo tema que fazem  o público associar uma obra a um artista’, diz Sato.
‘Além disso, sua produção é linear. As pessoas gostam daquilo que entendem. Foi assim que Mucha se tornou uma das primeiras celebridades do meio artístico.

Para a curadora, o gravurista manejou conceitos como sedução, surpresa e choque com a argúcia de um ‘pai da propaganda moderna’.

Recrutado às pressas pelo entourage de Bernhardt em 1894, ele atingiria o ápice de sua notoriedade ao fim do contrato de seis anos com a atriz, que cobria a criação de cenários, figurinos e cartazes para as montagens dela.


Cartaz publicitário filtro de cigarro, 1896


Quando assinou a cenografia do pavilhão bósnio na Exposição Universal de Paris de 1900, suas musas longilíneas, de cabeleira longa emolduradas por mosaicos já eram copiadas mundo afora.

Na França, contribuíram para a projeção de Mucha o aperfeiçoamento das técnicas de impressão e uma eslavofilia que respondia ao poderio do Império Alemão.

A influência do ‘estilo Mucha’ foi se diluindo ao longo das décadas, sobretudo por causa do fascínio gerado pelas vanguardas modernistas do começo do século 20.

‘O art nouveau e sua vocação decorativa eram considerados anacrônicos, frívolos’, explica Sato. Até que uma retrospectiva do tcheco em 1963, em Londres, coincidiu com um ‘espírito do tempo’ sombrio.

O noticiário girava em torno de Guerra Fria, conflito no Vietnã, assassinato do presidente John F. Kennedy... E as cores e curvas de Mucha prometiam um bálsamo, alguma sorte de unguento para as incertezas do mundo.

Sua iconografia foi então reabilitada pelo movimento psicodélico —sobretudo o braço britânico deste—, inspirando pôsteres para Pink Floyd e Rolling Stones.

No fim do século 20, a exuberância das gravuras da fase mais conhecida do tcheco ressurge como inspiração para quadrinhos da Marvel, mangás japoneses e manhwas sul-coreanos. Alguns desses ecos na seara das HQs integram a exposição agora em cartaz no Brasil.

O público de São Paulo também verá que, apesar do reconhecimento, Mucha se ressentia da ligeireza associada à sua obra.

Como diz a curadora Sato, é irônico que alguém tão interessado pela representação das ideias e pelo alcance filosófico seja lembrado pelo estilo ‘cosmético’, que para alguns se resume ao frufru.

Em escritos, ele menciona a busca por ‘algo mais elevado’, o intuito de ‘lançar luz sobre os lugares mais remotos’. Tal rota vai levá-lo à maçonaria e a experiências com correntes espiritualistas, como o misticismo e o ocultismo, muito por influência do amigo sueco August Strindberg, dramaturgo.  

Um dos primeiros frutos dessa incursão íntima é o livro ilustrado ‘Pater’,  1899, que desdobra os versos do pai-nosso em simbologias cristã, judaica e islâmica, para traçar um caminho desde a escuridão da ignorância até os prometidos clarões da verdade e do divino.



Alfons Mucha, autorretrato na escada, trabalhando no pôster 'Imprimerie Cassan Fils', 1896



Porém, o projeto que vai de fato mobilizar Mucha em sua última fase, a partir da volta à terra natal, em 1910, é o da ‘Epopeia Eslava’, 20 murais em que cristaliza episódios-chave na história dos tchecos e de outros povos eslavos.

A independência da Tchecoslováquia, conquistada em 1918, era uma fixação do artista, que desenhou as primeiras notas e selos do país livre.

Mesmo nas figuras idealizadas, quase impalpáveis de seus cartazes da belle époque, o tcheco fizera questão de inserir acenos ao imaginário eslavo, fosse em trajes típicos do folclore, fosse em uma técnica de desenho emprestada à arte bizantina —o Império Romano do Oriente era tido como o ‘berço espiritual’ da cultura eslava.

Quando a libertação do jugo do Império Austro-Húngaro veio, houve quem dissesse que a magnum opus de Mucha perdera o sentido.

A entrada das tropas nazistas em Praga em 1939 e a anexação parcial da Tchecoslováquia durante a Segunda Guerra mostraram quem tinha razão em revolver o passado para tentar evitar o eterno retorno de equívocos.

Como a ‘Epopeia’ é frágil para sair da República Tcheca, será apresentada ao público paulistano por meio de uma instalação audiovisual.


ALPHONSE MUCHA: O LEGADO DA ART NOUVEAU
Quando Ter. a sáb., das 10h às 22h. Dom., das 10h às 20h. Até 15/12
Onde Centro Cultural Fiesp, av. Paulista, 1.313, Cerqueira César
Preço Grátis


Fonte: Lucas Neves   |   FSP


(JA, Set19)

domingo, 4 de novembro de 2018

Exposição discute a expressão criativa por meio da fotografia no Centro Cultural FIESP


‘Espaços Compartilhados da Imagem" traz 45 obras de artistas de sete países para São Paulo, entre os dias 7 de novembro e 13 de janeiro. A entrada é gratuita
 
‘Mundo Material’, de David Welch

Em ‘Espaços Compartilhados da Imagem’, exposição que abrirá ao público na próxima quarta-feira, dia 7, na Galeria de Fotos do Centro Cultural Fiesp, em São Paulo, a fotografia é apresentada a partir de sua intersecção com outras linguagens, discursos e mídias. As séries escolhidas pelos curadores Bruno Vilela e Guilherme Cunha propõem reflexões sobre questões atuais como consumo, relação com o trabalho, luto, os limites entre o real e o imaginário.
Mais popular de todos os tempos, do coletivo MacDonaldStrand

Ao todo, são apresentadas ao público 45 obras de oito artistas, de sete países. Entre elas, está a série ‘Mais populares de todos os tempos’, do coletivo britânico MacDonaldStrand. Os artistas reduziram fotografias famosas da história, como a imagem da menina correndo nua após um bombardeio durante a guerra do Vietnã, feita por Nick Ut, a pontos e linhas, muito parecidos com a brincadeira de ‘ligar os pontos’. A ideia é convidar o público a interagir com as obras, para mostrar como essas cenas estão registradas no inconsciente coletivo, mesmo quando descaracterizadas.

‘Diários em combustão’, de Randolpho Lamonier

O artista Randolpho Lamonier único brasileiro presente na mostra, apresenta a série ‘Diários em combustão’, em que mescla performance, desenho e instalação para despertar uma experiência de deriva em uma cidade imaginária envolta em fogo, letras e números. Nas cenas, são exploradas interfaces performáticas entre a pessoa, a indústria e a cidade.

A escolha das obras é fruto de um projeto de pesquisa desenvolvido pelo Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte (FIF), que desde 2013 promove discussões sobre a produção fotográfica e a construção de sentidos por meio de imagens. ‘A nossa proposta é refletir sobre os processos criativos de construção de imagens e como a fotografia dialoga com outras narrativas e construções de discurso’, explica Guilherme Cunha.

‘Tudo o que eu queria ser’, de Kent Rogowski


A exposição também pretende mostrar ao público como a importância de compreender o papel das imagens nas construções políticas está diretamente ligada à possibilidade de criticá-las e recriá-las. ‘Nosso intuito ao trazer essas obras para São Paulo é mostrar como a produção de sentido sobre as imagens depende muito das relações de poder e da pluralidade. Ou seja, a forma pela qual interpretamos aquilo que vemos está atravessada por relações de poder e simbolismos, sobre os quais nem sempre refletimos ou questionamos’, comenta Bruno Vilela.

Mais informações sobre os trabalhos da mostra: http://www.calameo.com/read/004061465822786b1efb1

Artistas:
Randolpho Lamonier
Série: Diários em Combustão
País: Brasil

Jackie Nickerson
Série: Terreno
País: Irlanda

Kent Rogowski
Série: Amor = amor
Série: Tudo o que eu queria ser
País: EUA

Michel Le Belhomme
Série: A Besta Cega
País: França

Chen Shao-Liang
Série: Palco
País: Taiwan

MacDonaldStrand (coletivo formado por Clare Strand e Gordon MacDonald)
Série: Mais populares de todos os tempos
País: Reino Unido

David Welch
Série: Mundo Material
País: EUA

Marleen Sleeuwits
Série: Interiores
Pais: Holanda



Serviço
Exposição ‘Espaços Compartilhados da Imagem’
Local: Galeria de Fotos do Centro Cultural Fiesp - avenida Paulista, 1313 – em frente à estação Trianon-Masp do Metrô
Período expositivo: 7 de novembro de 2018 a 13 de janeiro de 2019
Horários: terça a sábado, das 10h às 22h, e domingo, das 10h às 20h






Fonte:  Centro Cultural Fiesp  |   Luiza Bodenmüller,  Espaços Compartilhados da Imagem

(JA, Nov18)

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Duas das três telas de Rafael em exposição paulistana têm autoria contestada


Em vez delas, destaque de mostra do mestre renascentista são as gravuras da Biblioteca Nacional

Uma mostra de Rafael sem Rafael. Aberta nesta semana, em São Paulo, ‘Rafael e a Definição da Beleza – Da Divina Proporção à Graça’ reúne obras do ateliê do mestre renascentista, bem como de seus discípulos e contemporâneos.
Mas no montante de 94 peças da mostra no Centro Cultural Fiesp, que inclui pinturas, gravuras, livros, tapeçarias e objetos, há apenas três telas que teriam sido feitas por Rafael —e, destas, duas têm a autoria contestada.



‘Virgem com Menino (Madonna Hertz)’, produzida entre 1517 e 1518, e que retrata uma modelo semelhante à Fornarina, amante de Rafael, foi durante muito tempo atribuída ao pintor e escultor Giulio Romano, um dos principais assistentes do artista de Urbino.
Só a partir dos anos 1990 o crédito da tela voltou ao expoente renascentista —a autoria foi conferida primeiramente pelo estudioso alemão Konrad Oberhuber, sendo ratificada mais tarde por outros teóricos.

Já ‘Testa di Madonna (La Perla)’, de 1518, era considerada uma cópia, e teve sua autoria reavaliada a partir de uma restauração pela qual passou em 2010, após ser encontrada no porão de um museu italiano.
A pequena tela, que retrata a cabeça de uma mulher, teria sido um esboço feito por Rafael para uma pintura maior da Sagrada Família. A tela grande, conhecida como ‘La Perla’, foi concluída por um de seus discípulos mais próximos, Giulio Romano, após a morte do mestre.
Resta ‘Madonna com Bambino’. Embora não tenha sua autoria questionada, o quadro da segunda década do século 16 teve muitas versões, das quais a considerada original está na Galeria Nacional da Escócia.
A versão em exibição na Fiesp foi provavelmente pintada por Gianfrancesco Penni, herdeiro do ateliê de Rafael.
Quem busca ver um original inconteste pode encontrá-lo a poucos metros dali, no Masp. O museu da Paulista exibe ‘Ressurreição de Cristo’, óleo do final do século 15, junto a outras obras do seu acervo permanente.
Na ausência do convidado principal, a grande estrela de ‘Rafael e a Definição da Beleza’ vem, na verdade, do Brasil.
É um conjunto de mais de 50 gravuras do ateliê de Rafael pertencentes ao acervo da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
A coleção, que chega a São Paulo pela primeira vez, foi descoberta em 2011 pela curadora Elisa Byington, enquanto ela organizava uma exposição sobre o historiador de arte Giorgio Vasari para a instituição carioca.


Um dos destaques deste recorte é ‘O Massacre dos Inocentes’, desenho feito pelo mestre italiano especialmente para ser gravado —e uma das primeiras gravuras a saírem de seu ateliê, em 1509. A obra aparece disposta ao lado de seus três estudos preparatórios.


Junto a ‘Julgamento de Páris’ e ‘A Morte de Lucrécia’, também expostas, é um exemplo da destreza técnica de Marcantonio Raimondi, que viria a se estabelecer como um dos principais reprodutores da obra de Rafael.
Segundo Byington, que também organizou a mostra na Fiesp, a descoberta desta coleção ‘quase desconhecida’ nos arquivos da Biblioteca Nacional foi o pontapé inicial para a exposição recém-inaugurada.
‘’É importante que a gente saiba dos acervos que temos no país para lutar pela preservação deles, ainda mais neste cenário em que um museu acaba de pegar fogo’, diz.
Novidades durante o Renascimento, as gravuras de arte serviam como forma de difusão da obra de um artista entre seus pares, colecionadores e mecenas. De acordo com a curadora, 50 assistentes trabalhavam no ateliê de Rafael, atuando sob o controle do editor Baviera de Carroccio, que conservava as matrizes e controlava o número de reproduções.
As gravuras oferecem ao visitante um curioso testamento do processo criativo do pintor, que fazia questão de afirmar sua autoria. Os trabalhos eram marcados com a inscrição ‘Raphael Invenit’ (invenção de Rafael), para distingui-lo dos gravadores.

Exposição ‘Rafael e a Definição da Beleza – Da Divina Proporção à Graça’
Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp – Av. Paulista, 1313
De ter. a sáb., das 10hs às 22h, e dom., 10h às 20h
Até 16/12



Texto: João Perassolo   |   FSP

(JA, Set18)

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Bem mais do que Magritte


Exposição de arte belga em São Paulo é oportunidade para descobrir muita pintura desconhecida


Em matéria de pintura moderna, a Bélgica não conta com muita gente conhecida.

A exceção é o surrealista René Magritte, 1898-1967, cujo quadro de um cachimbo com os dizeres ‘Isto Não é um Cachimbo’ é tão famoso que ninguém, a rigor, deveria se importar muito se aparece ou deixa de aparecer numa exposição de arte.

Há algo de particular, de silencioso e de magnético em alguns outros quadros de Magritte, mas ele é mais um criador de paradoxos visuais do que um artista plástico: não traz uma nova maneira de ver o mundo, ou de pintar o que tem dentro de si.

Ao contrário, parece fazer questão de manter o máximo de convencionalidade na cor e no desenho, um pouco como o comediante Buster Keaton se especializou em fazer gags sem mover um músculo do rosto.

Certamente não é Magritte a principal atração da mostra ‘Cem Anos de Arte Belga’, em cartaz até 10 de junho no Centro Cultural Fiesp (avenida Paulista, 1.313, entrada grátis). Um quadro dele, com torsos femininos cinzentos, não faz má figura. Mas o interessante é descobrir outros artistas belgas do século 20, pouco ou nada conhecidos por aqui.

Gosto mais de quadros bem escuros, de modo que as versões belgas do impressionismo e do pontilhismo (a escola ‘luminista’), como aquele mar de margaridas de Emile Claus, 1849-1924, parecem cansativos pelo excesso de sol.

Théo van Rysselberghe, 1862-1926, é o nome mais conhecido desse grupo, mas seu ‘Retrato de Claire Demolder’ convence pouco, com a expressão desafiadora da modelo surgindo deslocada no meio de uma infinidade de tracinhos, mosquitinhos e libélulas de todas as cores na roupa, na poltrona e na parede.

Outro pintor de grande importância na arte belga é James Ensor, 1860-1949, que colocou a superabundância de cores a serviço de uma imaginação descontrolada: seus carnavais de caveiras, desfiles de máscaras e festivais grotescos têm um representante tímido na Fiesp —mas ali há também uma grande natureza-morta, conflagrada de vermelho, digna de se tirar o chapéu.

Em matéria de esqueletos, o melhor é o de outro surrealista, Paul Delvaux, 1897-1994, finamente desenhado, com toques de branco, rosa, amarelo, azul —todas as cores que você quiser, mas contidas e replicadas em sombra no fundo do quadro.

Delvaux é um interessante meio termo: ao mesmo tempo ‘certinho’ e imóvel como Magritte, e com uma malignidade, uma perversão mais próximas de Ensor.

Outros pintores fazem ótimo trabalho, seguindo a simpatia mais operária e rústica do modernismo de Léger (é o caso do casal de marinheiros e do sanfoneiro de Gustave de Smet) ou o gesto rude, masculino de Roger de La Fresnaye (num vigoroso e escuríssimo retrato de Constant Permeke). Mas, de certo modo, esses artistas todos parecem em busca de uma identidade própria.

Um mundo desbragado de fantasia —impregnado de presságio e morte— facilmente se nutre com raízes medievais e barrocas, mas também terá sido estimulado pela sorte de um país brutalizado militarmente na Primeira Guerra Mundial.

Morte e escuridão: ninguém melhor para retratar isso do que Léon Spilliaert, 1881-1946, que, infelizmente, só aparece com dois pequenos quadros no Centro Cultural Fiesp. São como a paisagem de quem acorda de um pesadelo —e percebe que ainda está dentro dele. Uma faixa branco-pardacenta representa a praia, uma rua, um canal: o mundo em volta já parece ter desaparecido. É noite.




100 Anos de Arte Belga – Do Impressionismo ao Abstracionismo

Centro Cultural Fiesp, São Paulo - Avenida Paulista, 1.313. Tel.: 3146-7000.

3ª a sáb., 10h às 22h. Dom., 10h às 20h  – até 10 de junho

Grátis.





Texto: Marcelo Coelho   |   FSP



(JA, Abr18)

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Exposição Mens Rea: A Cartografia do Mistério, estreia dia 18 no Centro Cultural FIESP, com 128 obras de Mac Adams


Pela primeira vez na América Latina, mostra apresenta a obra de um dos principais artistas da Arte Narrativa, Mac Adams. Além de fotos, o público pode conferir uma instalação site specific.





O Centro Cultural Fiesp traz para o Brasil a obra de um dos fundadores do movimento Arte Narrativa (Narrative Art), o artista americano Mac Adams. A exposição Mens Rea: a cartografia do mistério fica em cartaz de 18 de abril a 8 de julho, com entrada gratuita.

Com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho e Anne-Céline Borey, a seleção apresenta ao público brasileiro 17 dípticos da icônica série Mistérios, além da instalação site specific Cartografia de um crime, criada especialmente para a exposição em São Paulo. Nesta instalação, o artista reflete sobre a memória e o esquecimento, por meio de uma relação passional obsessiva. Para isso, Mac Adams constrói um diálogo entre suas imagens e fotografias provenientes do arquivo do Museu Nicéphore Niépce (França), um dos mais importantes da Europa.

Artista escolhido pela França para integrar a programação do Ano Rodin em 2017/2018, Mac Adams desenvolveu um trabalho em duas ou três dimensões, que explora o potencial narrativo da fotografia e da instalação na composição de cenas misteriosas. Sua obra mistura referências dos contos do PaiÌ s de Gales, onde nasceu, dos romances de Arthur Conan Doyle, do cinema de Alfred Hitchcock e do cinema noir.

Assim como um contador de histoÌ rias, o artista utiliza fotos e objetos em estreita relação semiótica, incitando o espectador a penetrar o espaço/tempo entre as obras. "É justamente neste momento de 'vazio narrativo entre a imagem e o objeto', que Mac Adams eclode em contextos e narrativas diversas, carregadas de carga psicológica para tornar o vazio quase palpável", comenta a curadora Anne-Céline.

'Toda a produção do artista obriga a pessoa a interrogar a veracidade de elementos que transitam entre a realidade e a ficção. Ao longo da exposição, o espectador é constantemente confrontado com dois instintos: o desejo de ver e as inquietações por ter visto', explica Luiz Gustavo.

A exposição conta ainda com a participação de autores de diversas nacionalidades, convidados a escrever textos inspirados em algumas das obras escolhidas pela curadoria. Entre os autores, destacam-se a premiada escritora israelense Tal Nitzán e o poeta brasileiro radicado em Berlim Ricardo Domeneck.

Fios soltos: construção e desconstrução de uma arte narrativa

O artista estará presente no Centro Cultural Fiesp, no dia 17 de abril para ministrar a palestra Fios soltos: construção e desconstrução de uma arte narrativa. Em pauta estarão aspectos importantes de sua obra. A palestra também conta com a participação dos curadores Luiz Gustavo Carvalho e Anne-Céline Borey.

Para participar, é preciso fazer inscrição no site www.centroculturalfiesp.com.br. A entrada é gratuita.

Sobre Mac Adams

Nascido em Brynmawr (País de Gales, Reino Unido) em 1943, Mac Adams naturalizou-se estadunidense ao mudar-se para a cidade de Nova Iorque em 1970.

É considerado um dos fundadores da 'Arte Narrativa', movimento artístico surgido nos Estados Unidos na década de 1970. Em 1974, sua primeira série Mistérios foi exibida na lendária Galeria Green Street, em Nova Iorque. Adams foi associado a um grupo de artistas conceituais que usavam texto e fotografias fictícias, porém se distancia deles por decidir não utilizar a palavra. Mac Adams adota, ao contrário, uma abordagem mais semiótica para a narrativa, na qual a fotografia terá um papel fundamental.

Ao longo da carreira, realizou mais de 13 encomendas de arte pública em larga escala, dentre as quais destaca-se o primeiro grande memorial dedicado à Guerra da Coreia, o War Memorial Battery, em Nova Iorque. Dentre os inúmeros prêmios conquistados estão o Pollock/Krasner Foundation Award (2013) e o prêmio por pesquisa artística da Universidade de Nova Iorque (2002).

Suas obras integram as coleções de fotografia do Victoria and Albert Museum (Londres), Museu de Arte Moderna do Centre Pompidou (Paris) e Museu de Arte Moderna (Nova Iorque), entre outros. Exposições nos principais centros de arte contemporânea, como o Museu de Arte Moderna de Luxemburgo (MUDAM), o Musée Nicéphore Niépce (Chalon-sur Saône), Neue Galerie-Sammlung Ludwig (Aachen), Musée Jeu de Paume (Paris), MOCAK (Cracóvia) e MoMa (Nova Iorque), registram a importância deste artista no cenário artístico mundial.

Caro jornalista, haverá coquetel de abertura para convidados no dia 17 de abril (terça-feira), às 19h30, com presença do artista e curadores. Para credenciamento, favor enviar nome completo e veículo para o e-mail raisa.scandovieri@fiesp.com.br.

Serviço:

Exposição Mens Rea: a cartografia do mistério

Artista: Mac Adams | Curadoria: Luiz Gustavo Carvalho e Anne-Céline Borey

Período expositivo: de 18 de abril a 8 de julho de 2018

Local: Galeria de Fotos do Centro Cultural Fiesp (Avenida Paulista, 1313 – em frente à estação Trianon-Masp do Metrô)

Horário: de terça a sábado, das 10h às 22h, e domingo, das 10h às 20h

Agendamentos escolares e de grupos: (11) 3146-7439

Classificação indicativa: 12 anos

Grátis. Mais informações em www.centroculturalfiesp.com.br

Palestra Fios soltos: construção e desconstrução de uma arte narrativa

Com: Mac Adams, Luiz Gustavo Carvalho e Anne-Céline Borey

Data: 17 de abril (terça-feira)

Horário: 18h

Local: Mezanino do Centro Cultural Fiesp (Avenida Paulista, 1313 – em frente à estação Trianon-Masp do Metrô)

Capacidade: 50 lugares

Classificação indicativa: Livre

Grátis. Mais informações em www.centroculturalfiesp.com.br



Fonte: Centro Cultural FIESP   |   Raisa Scandovieri



(JA, Abr18)