Nossa
Senhora das Dores
Imagens do
Aleijadinho traz esculturas devocionais do artífice mineiro, junto a mapas,
gravuras, fotografias e pinturas que contextualizam sua obra; secretário Angelo
Oswaldo participa da abertura
O MASP
inaugura o ciclo de 2018, dedicado às histórias afro-atlânticas, com as
exposições de Aleijadinho e Maria Auxiliadora, no dia 9 de março. Imagens do
Aleijadinho apresenta a obra de Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), uma das
principais referências da arte sacra, do barroco e do rococó no Brasil, ativo
em Minas Gerais de meados do século 18 ao início do século 19. A mostra
apresenta cerca de 50 obras, que incluem esculturas devocionais de Aleijadinho,
além de mapas, gravuras, fotografias, pinturas e esculturas de viajantes e
outros artistas, que contribuem para a compreensão do contexto e da influência
do artífice mineiro na história da arte brasileira.
O nome de
Aleijadinho é comumente associado à arte produzida durante o Ciclo do Ouro em
Minas Gerais, acompanhando seu apogeu e decadência e incorporando influências
do barroco e do rococó. Com a proibição da Coroa portuguesa contra o
estabelecimento de ordens religiosas na Capitania, o mecenato à época coube
principalmente às ordens terceiras leigas, que encomendaram boa parte da sua
produção. A obra de Aleijadinho é, assim, um importante testemunho dos hábitos
religiosos e culturais da sociedade mineira durante o período colonial,
incluindo a religiosidade popular e as separações raciais em torno das diferentes
irmandades e ordens terceiras.
Dessa forma,
Imagens do Aleijadinho tem seu foco no acervo de esculturas devocionais
produzido por Aleijadinho e sua oficina e reúne imagens atribuídas ao artífice
mineiro e executadas em diferentes etapas de sua produção, incluindo obras
pertencentes a museus públicos brasileiros, igrejas barrocas mineiras e
coleções particulares. Diferentemente do que acontece com as esculturas
monumentais em pedra e as talhas retabulares em madeira de sua autoria, suas
imagens devocionais foram criadas com relativa autonomia funcional, para
altares de igreja, oratórios privados e uso processional, tendo sido, ao longo
dos anos, incorporadas a acervos públicos e privados. Essa condição é o que
permite reunir numa exposição uma parcela significativa das esculturas
produzidas por Aleijadinho.
Além do
conjunto de esculturas atribuídas ao artista, uma seção iconográfica foi
incorporada à exposição – incluindo mapas da capitania de Minas Gerais e suas
comarcas; gravuras de viajantes do início do século 19, que retratam o modo de
vida e a paisagem nas Minas de Ouro; imagens de fotógrafos que documentaram sua
obra ao longo do século 20, como Horacio Coppola e Marcel Gautherot; e obras de
artistas visuais que fazem referência à arte de Aleijadinho e seus contextos de
produção e recepção, como Alberto da Veiga Guignard, Henrique Bernardelli,
Tarsila do Amaral, Aloísio Magalhães e Juan Araujo, entre outros. Essas imagens
ecoam o legado de Aleijadinho e atestam sua centralidade na construção de uma
história da arte brasileira.
A atribuição
autoral e o levantamento das obras de Aleijadinho foram consolidados ao longo
do século 20, merecendo estudos de especialistas como Germain Bazin, Lucio
Costa e Mario de Andrade, oferecendo um original modelo para pensar a arte
produzida no Brasil e sua relação com os modelos europeus, indígenas e
africanos. Com a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, tendo à frente Rodrigo Mello Franco de Andrade, a obra de Aleijadinho
passou a ser redimensionada, com o intuito de desfazer uma série de lendas em
torno de sua figura, que chegavam a contestar-lhe a existência.
À ocasião da
exposição, o MASP publica um catálogo com reprodução das obras expostas,
imagens de obras arquitetônicas monumentais de Aleijadinho e textos de Carlos
Eduardo Riccioppo, Angelo Oswaldo de Araujo Santos, Fabio Magalhães, Ricardo
Giannetti e Rodrigo Moura, que analisam diferentes aspectos da sua produção.
Além dos estudos inéditos, serão republicados textos de Mariano Carneiro da
Cunha, sobre a presença africana na obra do artista, Myriam Andrade Ribeiro de
Oliveira, sobre o conjunto das esculturas dos Passos de Congonhas, e o clássico
ensaio de Mário de Andrade de 1928, em que o poeta e crítico paulista aponta
para o caráter mestiço e singular de sua obra.
Coincidindo
com o 130º aniversário da chamada Lei Áurea, uma das últimas leis do Império
Brasileiro, que aboliu oficialmente a escravidão no país, Imagens do
Aleijadinho acontece no contexto do ano de exposições, atividades e publicações
em torno das chamadas histórias afro-atlânticas, histórias que unem a África às
Américas. A programação inclui ainda uma série de mostras monográficas, sobre a
obra dos artistas Maria Auxiliadora, Emanoel Araújo, Melvin Edwards, Rubem
Valentim, Sônia Gomes, Pedro Figari e Lucia Laguna. O programa está inserido em
um projeto mais amplo, que atenta para histórias plurais e vão além das
narrativas tradicionais, tais como Histórias da loucura e Histórias feministas
(iniciadas em 2015), Histórias da infância (em 2016) e Histórias da sexualidade
(em 2017).
A exposição e
o catálogo têm organização de Rodrigo Moura, curador-adjunto de arte brasileira
do MASP, e expografia do escritório de arquitetura METRO Arquitetos Associados.
SOBRE ALEIJADINHO
Antônio Francisco Lisboa (1738-1814)
nasceu na freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Antonio Dias, em Ouro
Preto (então Vila Rica), filho do arquiteto português Manoel Francisco Lisboa e
de uma de suas escravas, Isabel. Iniciou-se na arquitetura e na escultura com
seu pai e outros artífices atuantes em Minas Gerais, como Francisco Xavier de
Brito e José Coelho de Noronha. Trabalhou em diversas localidades da região
mineradora, como Caeté, Sabará e São João del Rei, além de Congonhas, onde
deixou sua obra máxima no Santuário do Bom Jesus do Matosinhos – doze profetas
esculpidos em pedra sabão no adro da igreja e os Passos da Paixão, 64
esculturas em madeira, distribuídas em seis pequenas capelas. Em Ouro Preto,
tem sua obra mais completa na igreja de São Francisco de Assis, onde assina o
risco e a decoração do interior e da fachada do templo. Ganhou a alcunha de
Aleijadinho devido às deformidades físicas que lhe acometeram e obrigavam que
trabalhasse, segundo a tradição, com as ferramentas amarradas às mãos. A maior
parte das informações sobre sua vida foi publicada em 1858, em um estudo
biográfico de Rodrigo José Ferreira Bretas, que ainda hoje serve como
importante fonte de estudo sobre o artista.
SERVIÇO
IMAGENS DO ALEIJADINHO
Abertura: 9 de março, 20h
Data: 10 de março a 10 de junho de 2018
Local: primeiro andar
Endereço: Avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP; Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terça a domingo: das 10h às 18h (bilheteria aberta até as
17h30); quinta-feira: das 10h às 20h (bilheteria até 19h30)
Ingressos: R$35,00 (entrada); R$17,00 (meia-entrada)
O MASP tem entrada gratuita às terças-feiras, durante o dia todo.
AMIGO MASP tem acesso ilimitado e sem filas todos os dias em que o museu
está aberto.
O ingresso dá direito a visitar todas as exposições em cartaz no dia da
visita.
Estudantes, professores e maiores de 60 anos pagam R$17,00
(meia-entrada).
Menores de 10 anos de idade não pagam ingresso.
O MASP aceita todos os cartões de crédito.
Estacionamento: Convênios para visitante MASP, período de até 3h. É
preciso carimbar o ticket do estacionamento na bilheteria ou recepção do museu.
CAR PARK (Alameda Casa Branca, 41)
Segunda a sexta-feira, 6h-23h: R$ 14,00
Sábado, domingo e feriado, 8h-20h: R$ 13,00
PROGRESS PARK (Avenida Paulista, 1636)
Segunda a sexta-feira, 7h-23h: R$ 20,00
Sábado, domingo e feriado, 7h-18h: R$ 20,00
Acessível a deficientes físicos, ar condicionado, classificação livre
(JA, Mar18)
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