Tem para todos
os gostos. E começou com a pose classuda do Art Show na semana passada. Quando
chega o mês de março, Nova York ferve com uma avalanche de feiras de arte e os
últimos suspiros do inverno. A primeira delas ocupa o velho depósito de armas
da Park Avenue, onde abriu dias atrás com um festão para celebrar seus 30 anos
de vendas de arte para a elite da cidade. No endinheirado Upper East Side,
mesmo quando ainda abrigava um batalhão, os soldados ali já tinham ficado
conhecidos como o regimento das meias de seda, uma alusão a suas origens
aristocráticas.
Não é
diferente agora. Galerias de arte contemporânea e representantes de grandes
mestres do passado armam seus estandes lado a lado ao longo de corredores
acarpetados. Os preços dos trabalhos ultrapassam fácil a casa dos milhões de
dólares. Numa economia agora efervescente, meses depois da venda de um Leonardo
Da Vinci na Christie’s por US$ 450 milhões, o som das taças de champanhe
brindando ali parecia concluir venda atrás de venda.
Na sequência,
o clima muda. E não falo só de mais uma tempestade de neve esperada essa semana
na cidade. Nesta quarta, uma das maiores feiras dos Estados Unidos, a
tradicionalíssima Armory Show, abre as portas nos píeres ao longo do rio
Hudson, onde a indústria pesada deu lugar a saltos ecoando no piso de cimento e
looks modernosos circulando pelas galerias. Se o Art Show é uma butique, o
Armory é o mercadão gigantesco, com centenas de galerias —neste ano, só a Nara
Roesler, que tem uma filial em Manhattan, entrou representando o Brasil,
indicando uma presença que minguou dos anos passados, quando elas chegaram a
ser mais de dez.
Alguns píeres
mais para abaixo ao longo do rio, a Volta é outra feira com alguma —mesmo que
pouca— presença brasileira. Estão por ali a paulistana Emmathomas em sua
reencarnação depois que o empresário Marcos Amaro comprou a marca das
galeristas Juliana Freire e Flaviana Bernardo, e a Karla Osório, de Brasília.
Essa é uma feira mais jovem para galerias emergentes, assim como a Nada, que
abre as portas até o fim da semana no Greenwich Village. Espere performances,
jovens artistas se estapeando por um lugar ao sol e muita raiva e rebeldia
incompreendida.
Na quinta,
começa outra feira queridinha do público artsy nova-iorquino. A Independent,
antes uma espécie de prima punk das feiras tradicionais, com arranjos incomuns
para estandes das galerias, muitas vezes quase misturando obras de uma com a
outra, ganhou um banho de loja e agora tem ares de uma butique cool, onde
galerinas e galerinos desfilam todos de preto por imaculados cubos brancos com
vistas estonteantes do sul de Manhattan —há três anos, a feira trocou um prédio
bizarro que ocupava no Chelsea por um edifício de janelões onde antes
funcionavam estúdios para editoriais de moda em TriBeCa, bairro que vem
atraindo cada vez mais galerias. Outra feira emergente, aliás, a Scope abre no
Chelsea no mesmo dia.
Isso não é
tudo. Na fúria —ou loucurinhas— que os americanos chamam de “March madness”, há
ainda feiras como o Spring Break Art Show, que abre as portas nesta terça, a
Affordable Art Fair, com promessas de obras mais baratas e que abre as portas
no fim do mês, a Collectible Design, uma feira de —adivinha?— design, a Art on
Paper, com obras sobre papel e mais adiante a Asia Week, com trabalhos de
artistas orientais. Colecionadores já respiram fundo e preparam suas carteiras.
Texto:
Silas Marti | FSP
(JA, Mar18)
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