quarta-feira, 7 de março de 2018

Arte contemporânea ganha galeria online


Plataforma Google Arts and Culture reúne obras de 51 museus, 15 dos quais são brasileiros





Google lança uma coleção de arte contemporânea totalmente digitalizada, disponível para internautas de todo o mundo, e que reúne obras de 51 museus de 25 países.

A página está disponível no Google Arts and Culture, plataforma de arte e cultura criada em 2011. Nela, é possível ter acesso a cerca de 6 milhões de fotos e vídeos de quadros, esculturas, instalações e documentos históricos de forma gratuita.

É a primeira vez que o Google lança uma página dedicada exclusivamente à arte contemporânea dentro do serviço. O objetivo, segundo Alessandro Germano, diretor de parcerias estratégicas da empresa, é tornar esse tipo de arte mais acessível.

‘Nós estamos sempre abertos a todas as formas artísticas’, diz. ‘O Google disponibiliza a plataforma, e os centros culturais, a curadoria’.

Câmeras e outros equipamentos necessários para a digitalização dos acervos são oferecidos pela gigante de tecnologia, embora os museus tenham autonomia para decidir o conteúdo que querem disponibilizar no Arts and Culture.

Na coleção de arte contemporânea, os internautas têm à disposição recursos como imagens, vídeos, vídeos em 360º, artigos e experiências em realidade virtual e no Street View —função em que se ‘caminha’ pelos corredores dos museus.

Muitas das obras foram captadas por meio da Art Camera, uma câmera fotográfica desenvolvida pelo Google que é capaz de registrar até os mínimos detalhes de uma tela —de pinceladas a rachaduras.

Mas Germano deixa claro que a experiência não substitui a visita aos acervos: a plataforma serve, na verdade, como um atrativo.

‘O grande benefício é o de chamar pessoas para os museus’, define Germano.

Ele cita a possibilidade de observar as obras com mais calma e de forma mais aprofundada como alguns dos benefícios do Arts and Culture.

ACESSIBILIDADE

A educação, porém, é o objetivo central da ferramenta.

De acordo com Germano, a ideia por trás da plataforma é justamente descentralizar o acesso à cultura, permitindo que as pessoas conheçam obras e documentos históricos de diversas partes do mundo mesmo estando a quilômetros de distância dos grandes centros culturais.

‘A arte está tão em evidência hoje em dia e, ao mesmo tempo é tão combatida e centralizada, que essa plataforma acaba se mostrando útil’.

Ele diz ainda acreditar que a nova coleção serve como instrumento de desmistificação para a arte.

‘As pessoas têm aquela ideia errada de 'isso [ir a museus de arte contemporânea] não é para mim', explica.

Conhecer as coleções pela internet, segundo ele, incentiva as pessoas a visitá-las, pois mostra que o ambiente dos museus não é hostil.

BRASIL

Dos 51 parceiros que disponibilizaram seus acervos na coleção de arte contemporânea, 15 são brasileiros.

O Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, e o de Museu Arte Moderna de São Paulo estão entre eles, bem como as quatro unidades do Centro Cultural Banco do Brasil.

Entre as mostras disponibilizadas pelo CCBB São Paulo está a instalação ‘Nemo Observatorium’, do belga Lawrence Malstaf, que esteve em cartaz na edição de 2017 do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica.

Um vídeo em 360º dá ao internauta a chance de se sentir dentro da obra, reproduzindo a experiência de quem viu a instalação ao vivo.

Na obra de Malstaf, partículas de isopor flutuavam em volta do visitante, que ficava sentado no centro de um grande cilindro de vidro.

O grande destaque da nova coleção, porém, é o Instituto Tomie Ohtake, que selecionou 50 quadros da artista plástica para serem digitalizados pela primeira vez.

Como o centro cultural não tem acervo fixo, as obras vieram de coleções privadas e da própria família da artista. Algumas delas nunca foram exibidas ao público.

‘São obras que as pessoas não poderão ver de outra forma. A ideia é que se tenha acesso a elas através dessa plataforma do Google’, diz Ivan Lourenço, diretor de negócios do instituto.

Duas exposições temporárias do Tomie Ohtake também foram digitalizadas e ganharam sobrevida: ‘Os Muitos e Um’ e ‘Osso’. Elas podem ser vistas no link artsandculture.google.com/project/contemporary-art.



Texto: Leonardo Sanchez   |   FSP
Imagem:  ‘Nemo Observatorium’, do artista belga Lawrence Malstaf



(JA,  Mar18)

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