Mansão onde viveu o
jornalista e empresário, no Rio, abriga uma das principais coleções privadas do
movimento artístico
Fachada da Casa Roberto Marinho
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Em uma mansão
aos pés do Corcovado, nas franjas da floresta da Tijuca —a do jornalista e empresário Roberto Marinho
(1904-2003)—, uma das principais coleções privadas do modernismo brasileiro
tornou-se acessível ao público desde o último sábado (28).
Reunindo 1.473
peças de artistas como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Portinari e Guignard,
a coletânea amealhada entre 1939 e 1989 serviu de base para a exposição ‘Modernos
10’, que inaugura o centro cultural
Casa Roberto Marinho, no bairro do Cosme Velho, zona sul.
‘Era uma
lacuna, não havia espaços públicos com o modernismo permanentemente exposto’,
diz o arquiteto e antropólogo Lauro Cavalcanti, 64, diretor-executivo da
instituição.
Para a
abertura, ele selecionou 124 obras de dez artistas fundamentais do movimento
—além dos já citados, estão Lasar Segall, José Pancetti, Ismael Nery, Djanira,
Milton Dacosta e Burle Marx.
Entre as
telas, Cavalcanti destaca ‘O Touro’ (1925), de Tarsila, que estava na lista de
obras que o Museu de Arte Moderna de Nova York almejava para sua mostra
dedicada à pintora, em cartaz.
Também chamam
a atenção quadros ligados mais diretamente ao patrono da casa, como ‘Boneco’
(1939), de Pancetti —o preferido de Marinho— e um retrato de Stella Goulart,
sua primeira mulher e mãe de seus quatro filhos, pintado em 1959 por Candido
Portinari.
A exposição
modernista ocupa o primeiro andar do solar do Cosme Velho, onde antes estavam
os quartos, a biblioteca e o cinema.
Este, com
capacidade para 34 pessoas, desceu para o térreo, onde também está uma segunda
galeria, menor, com foco em arte contemporânea. Para a inauguração, ela foi
ocupada por dez artistas que lidam com casas como tema —dentre eles Anna Bella
Geiger, Daniel Senise, Luiz Zerbini e Carlos Vergara.
A reforma do
casarão e a manutenção do instituto foram financiadas exclusivamente pela
família, segundo Cavalcanti —ele não revela o orçamento de que dispõe, mas diz
que ele supera em muito o do Paço Imperial, centro cultural federal que dirigiu
por 22 anos, no Rio.
O espaço tem
capacidade para 500 visitantes diários, mas seus administradores esperam
receber inicialmente 200 pessoas por dia.
Na parte
externa da casa, onde há um amplo jardim criado por Burle Marx e oito
esculturas, os visitantes têm uma rara oportunidade de ver o rio Carioca num
trecho despoluído, ainda próximo de sua nascente. Um café, uma micro livraria e
um espaço educacional preenchem o resto do terreno.
O
diretor-executivo diz ter recebido dos Marinho a missão de não tornar a casa um
lugar de culto ao patrono.
Com isso, não
há fotos ou busto de Roberto Marinho —apenas seu nome na fachada, um pequeno
registro do local em que ficava seu quarto e, muito discretamente, no jardim,
uma das quatro esculturas que ele criou.
Exposição ‘Moderno 10’
Casa Roberto Marinho, r. Cosme Velho, 1105, Rio, tel.
(21) 3298-9449
De ter. a dom., das 12h às 18h
R$ 10,00 (grátis às quartas)
Livre
Texto: Marco Aurélio Canônico |
FSP
(JA, Mai18)
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