Paulistanos e
turistas têm a oportunidade de mergulhar na história, na cultura e na natureza
do Brasil por meio de uma combinação da nova geração de artistas africanos e o
olhar europeu na fotografia contemporânea. São as cinco novas exposições
abertas no Museu Afro Brasil, da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo,
que se estendem até o dia 11 de junho, no Parque Ibirapuera.
Um Frans, a
natureza – Exposição em memória de Krajcberg: Esculturas, relevos e
fotografias; Um Deoscóredes – 100 anos do Alapini Deoscóredes Maximiliano dos
Santos: Arte e Religiosidade; Os Africanos – O olhar europeu da fotografia
contemporânea; África Contemporânea e África e a presença dos espíritos.
Entre os
destaques das exposições, a íntima relação com a natureza nas obras de dois
artistas já falecidos, o pintor, escultor, gravurista e fotógrafo Frans
Krajcberg (1921-2017) e Mestre Didi (1917-2013). A curadoria é de Emanoel Araújo,
ex-diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
UM DEOSCÓREDES
Mestre Didi,
que em dezembro do ano passado completaria 100 anos de vida, é homenageado na
exposição Um Deoscóredes – 100 anos do Alapini Deoscóredes Maximiliano dos
Santos: Arte e Religiosidade. Falecido em 2013, Alapini do Ilê Asipa é filho de
Mãe Senhora (1890-1967) – iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. A mostra celebra a
obra de fôlego inesgotável e as tradicionais e potentes esculturas do artista,
produzidas com materiais naturais como búzios, sementes, couro, nervuras e
folhas de palmeira.
'Repleta de elementos
da cultura afro-brasileira, a produção artística de Mestre Didi é como a união
da antiga sabedoria, a expressão viva da continuidade e da permanência
histórica da criação de uma nova estética que une o presente ao passado, o
antigo ao contemporâneo, a abstração à figuração, formas compostas ora como
totens, ora como entrelaçadas curvas. Suas esculturas, em sua interioridade,
são uma relação entre o homem e o sacerdote que detém o espírito íntimo das
coisas e de como elas se entrelaçam entre a sabedoria do sagrado e do profano',
define Emanoel Araújo.
Dentro da
exposição, é exibido pela primeira vez em São Paulo o documentário Alapini: A
Herança Ancestral do Mestre Didi Asipá, de Silvana Moura, Emilio Le Roux e Hans
Herold.
UM FRANS
Uma das
atrações pode ser combinada com o passeio no Parque Ibirapuera, onde se curte a
natureza com estilo. Trata-se da mostra individual Um Frans, que reúne
esculturas, relevos e fotografias de Frans Krjacberg, imortalizado pela
dedicação à defesa da natureza brasileira. As obras revelam a revolta do
artista contra a destruição do planeta. Vale prestar atenção no modo criativo
com que utilizava troncos de árvores, folhas e cipós como matéria-prima e fonte
de inspiração para suas criações, que o próprio artista costumava chamar de “um
grito da natureza por socorro”.
'Frans foi um
eterno encantado e um defensor da natureza que trazia dentro de sua alma
peregrina as matas e florestas do Brasil', afirma Emanoel Araújo. 'Em sua longa
vida artística, Frans esteve intrinsicamente ligado as terras do país, nos
convidando a fazer mais forte o seu eco irradiador em defesa das nossas matas,
das florestas que ainda nos sobram, como a esperança e a beleza que emanam da
sua obra', completa o curador.
OS AFRICANOS
Essa exposição
evidencia os muitos fotógrafos que fizeram extraordinários registros dos povos
e das manifestações culturais África afora. Os Africanos – O olhar europeu da
fotografia contemporânea reúne trabalhos de quatro fotógrafos do chamado velho
continente que conseguiram contribuir, com profundo requinte estético, para uma
melhor compreensão artística da África atual. São eles: Hans Silvester
(Alemanha), Isabel Muñoz (Espanha), Alfred Weidinger (Áustria) e Manuel Correia
(Portugal).
ÁFRICA
CONTEMPORÂNEA
Um raio-x da
atual realidade africana por meio da arte é o que se propõe a fazer a exposição
África Contemporânea, que apresenta trabalhos de artistas de países como
Moçambique, Benin, Senegal, Angola e Gana. Eles são Dominique Zinkpè, Aston,
Soly Cissé, Yonamine, Gérard Quenun, Owusu-Ankomah, Oswald, Celestino
Mudaulane, Edwige Aplogan, Francisco Vidal e Cyprien Tokoudagba, criadores
conhecidos por exporem as próprias feridas e acumulações por meio de pinturas,
esculturas, instalações, desenhos e colagens.
'A arte
contemporânea tem grande comprometimento com seu tempo, fala através de
metáforas, é menos contemplativa, no sentido clássico da expressão. A arte fala
não só do seu tempo, mas de experiências culturais e políticas, e o artista
africano, submetido a grandes impulsos, como diferenças econômicas e sociais,
extrai daí sua invenção plástica', frisa o curador.
ÁFRICA E A
PRESENÇA DOS ESPÍRITOS
Já a mostra
África e a Presença dos Espíritos reúne esculturas, máscaras, asens e moedas
produzidas em cobre, madeira, tecido, miçangas e fibra vegetal dos tradicionais
povos africanos Guro, Fon, Senufo, Iorubá, entre outras etnias. “A arte
tradicional africana foi criada por artistas anônimos, dentro dos dogmas que a
situa entre a grande criação: o homem, a natureza e os deuses em comunhão
espiritual desses diferentes povos”, conclui Emanoel.
Museu Afro Brasil – Av. Pedro Álvares Cabral, Portão
10, s/n - Parque Ibirapuera, São Paulo - SP, 04094-050. Tel.: (11) 3320-8900
De Ter. a dom., das 10h às 17h
Até 10/6
R$ 6,00, grátis aos sábados
(JA, Mai18)
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