quinta-feira, 4 de abril de 2019

Masp reúne obras raras e importantes de Tarsila do Amaral



Exposição Tarsila Popular reúne cerca de 120 trabalhos de Tarsila do Amaral, incluindo Abaporu, até 28 de julho no Masp, em São Paulo

Entre 2017 e 2018, a obra de Tarsila do Amaral, 1886-1973, percorreu museus importantes em Chicago e Nova York. Mas agora o trabalho da pintora volta para a casa, em São Paulo, numa das mais amplas exposições já feitas sobre o seu trabalho.
Tarsila Popular, que entra em cartaz no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o Masp, a partir desta sexta-feira, 5, reúne cerca de 120 trabalhos da artista, sendo mais de 50 pinturas.

Obras icônicas como Abaporu (1928), Antropofagia (1929) e Operários (1955) estão reunidas para a mostra e pode ser visitada até 28 de julho.


‘Abaporu’ é um dos destaques da mostra Tarsila Popular, em cartaz no Masp até julho


Mas a ideia, de acordo com o curador da exposição, Fernando Oliva, não é simplesmente criar uma nova retrospectiva do trabalho de Tarsila. ‘A exposição não é cronológica. Não acho nem que seja dividida em núcleos. São aproximações para que possam ser feitas novas análises, fricções diferentes, sobre o trabalho’.

Por isso, o Masp convidou uma série de historiadores e pensadores contemporâneos para analisar a obra da pintora modernista. São cerca de 40 textos, que, além de integrar o catálogo da exposição Tarsila Popular, vão estar nas paredes da mostra, auxiliando os visitantes a entender as novas reflexões sobre Tarsila.


'A Negra', 1923, 

A expografia de Tarsila Popular deixa o público seguir seu caminho livremente, mas alguns agrupamentos de obras da pintora foram feitos em pequenas salas dentro do grande espaço expositivo. A mostra começa com a icônica ‘A Negra’ (1923) e com uma série de retratos e autorretratos, como ‘Autorretrato com Vestido Laranja’ (1921), quadro do Banco Central que, há poucos meses, passou a integrar o acervo do Masp, num acordo de comodato.

A exposição continua com um setor de nus, outro de viagens, até chegar a um sobre manifestações religiosas. Tarsila pintou referências católicas de um jeito bem brasileiro, como em ‘Religião Brasileira’ (1927), inspirada em altares domésticos e igrejas mineiras.

Outra seção da mostra traz os trabalhos da artista que mais se relacionam, diretamente, com a ideia de popular. São pinturas sobre o povo brasileiro, que, em alguns momentos, fogem da visão otimista sobre o País, como em ‘Segunda Classe’ (1933). ‘Operários’ traz a diversidade racial e étnica do Brasil, enquanto ‘Trabalhadores’ (1938), mais uma obra do comodato com o Banco Central, traz uma visão também da mão de obra no meio rural.


Mostra Tarsila Popular fica em cartaz até 28 de julho, no Masp

O setor final talvez seja o mais aguardado para os visitantes. É ali que estão ‘Abaporu’, emprestado pelo Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA), e ‘Antropofagia’. Entre elas, o grandioso quadro ‘Batizado de Macunaíma’ (1956). 

De acordo com o curador da exposição, a ideia central é mesmo criar esses novos diálogos. “As obras mais conhecidas da artista, caso de ‘Abaporu’ e ‘Antropofagia’, são inseridas em novos contextos, no caso em diálogo com o ‘Batizado de Macunaíma’, lembrando a relação da obra da Tarsila com a mitologia indígena”, explica Fernando Oliva.

Muitas obras de Tarsila, como o próprio ‘Abaporu’, estão fora do Brasil. Por isso, a exposição é também uma oportunidade rara de ver alguns quadros no País, como ‘Pescador’ (1925), que foi vendido pela artista diretamente na Rússia, onde hoje é exposta em São Petersburgo, no Museu Hermitage. É a primeira vez que a pintura é exibida no Brasil.

Para a sobrinha-neta de Tarsila, Tarsilinha do Amaral, que cuida do espólio da artista, o momento é importante. ‘Ela queria ser a pintora do Brasil. Essas novas exposições são importantes para levar o nome dela ainda mais longe’. Segundo ela, além de mais mostras no exterior, há também a ideia de realizar uma cinebiografia sobre Tarsila, ainda em estágio inicial.


Tarsila Popular e Lina Bo Bardi: Habitat
Masp - Av. Paulista, 1.578. tel. (11) 3149-5959.
4ª a dom., 10 às 18h. R$ 40
3ª, 10 às 20h. Gratuito.
Até 28/7



Tarsila do Amaral - 'Manteau Rouge', Autorretrato, 1923 




Fonte: Pedro Rocha  |   OESP



(JA, Abr19)

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