Exposição Tarsila Popular reúne cerca de
120 trabalhos de Tarsila do Amaral, incluindo Abaporu, até 28 de julho no Masp,
em São Paulo
Entre 2017 e 2018, a obra de
Tarsila do Amaral, 1886-1973, percorreu museus importantes em Chicago e Nova
York. Mas agora o trabalho da pintora volta para a casa, em São Paulo, numa das
mais amplas exposições já feitas sobre o seu trabalho.
Tarsila Popular, que entra em
cartaz no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o Masp, a partir
desta sexta-feira, 5, reúne cerca de 120 trabalhos da artista, sendo mais de 50
pinturas.
Obras icônicas como Abaporu
(1928), Antropofagia (1929) e Operários (1955) estão reunidas para a mostra e
pode ser visitada até 28 de julho.
‘Abaporu’ é um dos destaques da mostra Tarsila Popular, em cartaz no Masp até julho |
Mas a ideia, de acordo com o
curador da exposição, Fernando Oliva, não é simplesmente criar uma nova
retrospectiva do trabalho de Tarsila. ‘A exposição não é cronológica. Não acho
nem que seja dividida em núcleos. São aproximações para que possam ser feitas
novas análises, fricções diferentes, sobre o trabalho’.
Por isso, o Masp convidou uma
série de historiadores e pensadores contemporâneos para analisar a obra da
pintora modernista. São cerca de 40 textos, que, além de integrar o catálogo da
exposição Tarsila Popular, vão estar nas paredes da mostra, auxiliando os
visitantes a entender as novas reflexões sobre Tarsila.
'A Negra', 1923, |
A expografia de Tarsila
Popular deixa o público seguir seu caminho livremente, mas alguns agrupamentos
de obras da pintora foram feitos em pequenas salas dentro do grande espaço
expositivo. A mostra começa com a icônica ‘A Negra’ (1923) e com uma série de
retratos e autorretratos, como ‘Autorretrato com Vestido Laranja’ (1921),
quadro do Banco Central que, há poucos meses, passou a integrar o acervo do
Masp, num acordo de comodato.
A exposição continua com um
setor de nus, outro de viagens, até chegar a um sobre manifestações religiosas.
Tarsila pintou referências católicas de um jeito bem brasileiro, como em ‘Religião
Brasileira’ (1927), inspirada em altares domésticos e igrejas mineiras.
Outra seção da mostra traz os
trabalhos da artista que mais se relacionam, diretamente, com a ideia de
popular. São pinturas sobre o povo brasileiro, que, em alguns momentos, fogem
da visão otimista sobre o País, como em ‘Segunda Classe’ (1933). ‘Operários’
traz a diversidade racial e étnica do Brasil, enquanto ‘Trabalhadores’ (1938),
mais uma obra do comodato com o Banco Central, traz uma visão também da mão de
obra no meio rural.
Mostra Tarsila Popular fica em cartaz até 28 de julho, no Masp |
O setor final talvez seja o
mais aguardado para os visitantes. É ali que estão ‘Abaporu’, emprestado pelo
Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA), e ‘Antropofagia’. Entre
elas, o grandioso quadro ‘Batizado de Macunaíma’ (1956).
De acordo com o
curador da exposição, a ideia central é mesmo criar esses novos diálogos. “As
obras mais conhecidas da artista, caso de ‘Abaporu’ e ‘Antropofagia’, são
inseridas em novos contextos, no caso em diálogo com o ‘Batizado de Macunaíma’,
lembrando a relação da obra da Tarsila com a mitologia indígena”, explica
Fernando Oliva.
Muitas obras de Tarsila, como
o próprio ‘Abaporu’, estão fora do Brasil. Por isso, a exposição é também uma
oportunidade rara de ver alguns quadros no País, como ‘Pescador’ (1925), que
foi vendido pela artista diretamente na Rússia, onde hoje é exposta em São
Petersburgo, no Museu Hermitage. É a primeira vez que a pintura é exibida no
Brasil.
Para a sobrinha-neta de
Tarsila, Tarsilinha do Amaral, que cuida do espólio da artista, o momento é
importante. ‘Ela queria ser a pintora do Brasil. Essas novas exposições são
importantes para levar o nome dela ainda mais longe’. Segundo ela, além de mais
mostras no exterior, há também a ideia de realizar uma cinebiografia sobre
Tarsila, ainda em estágio inicial.
Tarsila
Popular e Lina Bo Bardi: Habitat
Masp - Av. Paulista, 1.578. tel. (11) 3149-5959.
4ª a dom., 10 às 18h. R$ 40
3ª, 10 às 20h. Gratuito.
Até 28/7
Tarsila do Amaral - 'Manteau Rouge', Autorretrato, 1923 |
Fonte: Pedro Rocha |
OESP
(JA, Abr19)
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