Em outubro passado, uma das maiores tradições do nosso país
comemorou 70 anos de vida. Trata-se do famosíssimo copo desenhado por Nadir
Figueiredo, o ‘copo americano’, ideia nascida e cultivada na cidade de São
Paulo.
Seu design foi idealizado
pensando em um produto difícil de ser quebrado, fácil de segurar e que fosse
barato. A ideia deu certo e, com certeza, não há no país uma padaria, bar ou
restaurante que não use esse tipo de utensílio.
A capacidade oficial é de 190
mililitros, mas a Nadir Figueiredo já produz outros tamanhos do ícone. No site
da empresa, além do tradicional, encontramos copos americanos de 40 mililitros,
de 300 e até de 450 mililitros, bom pra quem gosta de doses generosas de
cerveja, mas não abre mão do formato confortável do copo. O copo americano é
considerado também um símbolo do design nacional. Em 2009, foi exposto no Museu
de Arte Moderna (MoMA) de Nova York, entre outros setenta produtos que
representavam o estilo de vida dos brasileiros.
Mas e a
história?
Antes de falarmos do copo,
vale fazer um resumo da história da Nadir Figueiredo. Ela existe há 105,
completados em 2017, e sempre foi 100% brasileira. Começou, em 1912, no Cambuci
e, em 1935, mudou-se para o Belém. Anos depois, em 1946, foi para a Vila Maria,
berço do copo americano. Atualmente, a fábrica é em Suzano, na Grande São
Paulo.
O copo foi concebido pelo
próprio Nadir Dias de Figueiredo (1891-1983), cofundador da empresa, que pensou
em criar um produto multiuso e de baixo custo. O nome ‘americano’ fazia alusão
ao maquinário usado para produzir as primeiras unidades, importado dos Estados
Unidos. Hoje, no entanto, as máquinas são brasileiras. É importante dizer que,
desde sua criação, há setenta anos, foram produzidos mais de 6 bilhões de copos
americanos
Nos anos 90 este ícone foi
eleito o melhor copo para se tomar cerveja do Brasil. O copo se tornou parte
integrante do dia a dia dos brasileiros que passou a ser utilizado como padrão
de medida para receitas, bolos, soro caseiro, e até medida de sabão em pó.
A evolução da produção do
copo reflete o desenvolvimento da empresa ao longo dos 100 anos de vida. Em
1947, a empresa produzia 2 copos por minuto; em 1965 esse número saltou para 60
copos por minuto, e assim, sucessivamente, até atingir a atual marca de 480
copos por minuto.
Vendido a aproximadamente R$
1 real em supermercados, atacadistas e distribuidores, o copo já se tornou item
indispensável para servir um bom ‘pingado’, uma dose de cachaça ou uma cerveja
bem gelada. No mercado de atacadistas é conhecido simplesmente por ‘copo’ ou ‘2010’,
que é o seu código de referência interna na Nadir Figueiredo.
Curiosidades
– Fabricado com exclusividade
pela Nadir Figueiredo, é o copo mais vendido no país. Em 2010 atingiu a
estratosférica cifra de 6.000.000.000 de unidades produzidas, que pesariam um
total de 630 milhões de toneladas, que enfileiradas chegariam a 402 mil km, ou
10 voltas na Terra;
– São encontrados em todos os
cantos do Brasil, de norte a sul, leste a oeste. Estão nas casas, padarias,
botecos, bares e restaurantes por serem bonitos, versáteis e práticos;
– Nas cozinhas, servindo de
medidor de ingredientes, tornam-se companheiros inseparáveis de quem elabora
receitas gourmets. É referência em saúde pública quando se fala em soro
caseiro;
– Suas linhas simples e elegantes
chamaram a atenção de observadores atentos que o elegeram como um dos itens
mais representativo do design brasileiro. Daí para o mundo foi um pulo. Há
vários anos integrou a coleção de objetos de design do MoMA, o Museu de Arte
Moderna de Nova York;
– Artistas plásticos e
designers estão sempre inventando obras que utilizam o copo americano.
Luminárias, vasos, esculturas que tem o copo como elemento ou suporte são
apresentados constantemente em mostras e exposições.
Fonte: Abrahão De Oliveira | SP
em Foco
(JA, Fev19)
Nenhum comentário:
Postar um comentário