Série de colagens de variedades
cultivadas, feitas desde 2010, mostra o que estamos perdendo com a
uniformização da oferta global de alimentos
‘Brassica Oleracea I’, 2018 |
Desde 2006, o artista alemão
Uli Westphal se dedica a descobrir, fotografar e, claro, a experimentar
cultivares (variedade de vegetal cultivada por humanos para apresentar
determinada característica vantajosa) únicos ou incomuns.
A partir de 2010, Westphal
passou a dispor suas fotografias, tiradas sempre do mesmo ângulo, iluminação e
contra um fundo branco, em colagens de acordo com a espécie da planta. Assim,
dezenas de variedades de pera, tomate, milho, formam um arco-íris de enorme
beleza nas imagens da série que ele batizou de ‘The Cultivar Series’, um
trabalho ainda em curso que continua se expandindo.
O apelo estético das
gradações de cores e formas de diferentes espécies vegetais não é, entretanto,
a principal finalidade do projeto.
‘Zea Mays I’, 2018 |
As imagens também documentam
a imensa diversidade de variedades cultivadas, abandonadas pela indústria
agrícola em função do cultivo de só uma ou algumas variedades por espécie,
levando ao desaparecimento das demais.
‘Phaseolus-vulgaris-I’, 2013 |
A uniformização da oferta
global de alimentos preocupa cientistas devido ao seu impacto negativo sobre a
segurança alimentar e a saúde humana.
Definida pela garantia de
acesso a quantidades suficientes de comida saudável e nutritiva para o
desenvolvimento humano normal, a segurança alimentar está entre as motivações
centrais do trabalho de Westphal.
O declínio da biodiversidade
também representa, para ele, uma perda em termos das experiências visuais e
gustativas que poderíamos ter com a comida, além de uma ameaça a um valioso
patrimônio cultural.
'Capsicum I’, 2016 |
É por isso que, atualmente,
ele não só fotografa espécimes vegetais como vasculha bancos de sementes e
mercados de produtores à procura de variedades únicas, coletando também
amostras que cultiva em uma estufa própria e prepara para consumir.
‘Cucurbita’, work in progress |
O artista não se restringe a
variedades cultivadas na Alemanha. Para a série ‘Zea mays’, de 2018, em que
inventariou cultivares de milho, Westphal visitou bancos de sementes no México
e no estado do Arizona, nos Estados Unidos, que faz fronteira com o país
latino.
As variedades revelam
histórias sobre os fazendeiros que as desenvolveram e as comunidades que as
consumiram, como é o caso, por exemplo, de alguns cultivares de milho, criados
por povos indígenas americanos.
Fonte: Juliana Domingos de
Lima |
=Nexo
(JA, Fev19)
amei obrigado
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