domingo, 24 de fevereiro de 2019

Artur Lescher define posição de obra de 21 m de altura em conjunto com astróloga



Artista pediu a Lydia Vainer o mapa astral da avenida Paulista para instalar 'Anchor the Sky' no Sesc




Na primeira quinzena de fevereiro, o artista Artur Lescher passou por uma espécie de depressão pós-parto. Depois de meses gestando a obra ‘Anchor the Sky’, que ocupa agora o mezanino do Sesc Avenida Paulista com seus 21 metros de altura, ele sentiu como se tivesse parido um filho, mas sequer conseguiu visitá-lo nos primeiros dias de vida. ‘Me senti muito exposto, me deu um negócio e eu não queria nem ver’, conta.

Lescher, que chegou a pensar em cursar arquitetura antes de enveredar pelas artes plásticas, costuma criar esculturas e instalações sempre em diálogo com o espaço onde estão inseridas. Desde seus primeiros trabalhos, como o da Bienal de São Paulo em 1987 —onde dois polígonos estavam separados pelos vidros do edifício, quase como espelhos—, a relação entre obra e arquitetura aparece como fundamental.

Com ‘Anchor the Sky’, não foi diferente. Instalada na fachada do edifício, ao ar livre, a obra dialoga não só com o Sesc como com as estrelas Hamal e Shedir, para as quais está apontada. Sua posição, a sete graus de touro, foi definida em conjunto com a astróloga Lydia Vainer, que realizou, a pedido de Lescher, o mapa astral da unidade da avenida Paulista.

‘Comecei a desenvolver peças que guardam relações com as estrelas, constelações. É uma arquitetura quase ancestral’, explica o artista. Ele percebeu que poderia explorar a relação das obras com o espaço sideral quando viu ‘Para Walter’, a agulha de concreto que criou como contraponto à horizontalidade de um conjunto arquitetônico, apontada para o céu de Escobar, na Argentina, em 2015.

Em ‘Anchor the Sky’, Lescher associa o caráter masculino e independente de Hamal, ao lado feminino e amoroso de Shedir. ‘Se aponto para uma estrela, há conhecimento sobre ela e essas informações podem ser ativadas’, explica. ‘Se é verdade, não me interessa, pois acredito no ficcional’, completa o artista, que tem na construção narrativa uma das potências do seu trabalho e consegue enxergar nos materiais que utiliza até mesmo personalidade.

Para ‘Anchor the Sky’, no entanto, ele retornou apenas uma semana após a obra ter sido instalada. ‘Tive uma impressão boa, e vi que as pessoas já a adotaram’, diz Lescher, que agora se dedica à próxima cria.

A exposição de suas obras será aberta no dia 23 de março, na Pinacoteca do Estado de São Paulo.





Fonte: Nina Rahe   |  FSP


(JA, Fev19)

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