Retrato de um artista (Piscina com duas figuras)’, pintado pelo
britânico David Hockney nos anos 1970, desbancou escultura de Jeff Koons
Na
quinta-feira (15), uma pintura de 1972 do
artista David Hockney foi vendida em Nova York no leilão da empresa Christie’s,
um dos principais do mundo da arte. O valor pago por ela foi o recorde de preço
alcançado por um artista vivo na história: US$ 90 milhões (cerca de R$
336.528.000).
Desde 2013,
o posto era ocupado por uma das esculturas da série ‘Balloon Dog’, do americano
Jeff Koons, vendida por US$ 58,4 milhões. Já era esperado que a pintura de
Hockney desbancasse a marca.
O quadro em
questão, chamado ‘Portrait of an Artist (Pool with Two Figures)’ – ‘Retrato de
um artista (Piscina com duas figuras)’, é considerado um dos trabalhos mais
misteriosos do artista britânico.
A pintura de
Hockney, que é gay, alude à vida afetiva dos homens homossexuais. Traz, como
muitos dos quadros do artista, aspectos de sua própria vida à tela.
Foi pintada
em Londres, após o término de um relacionamento, baseada em fotografias de uma
piscina no sul da França, de acordo com uma reportagem do jornal The New York
Times. A figura parada em pé, do lado de fora da piscina, vem de outras
fotografias tiradas por Hockney de seu ex-namorado no parque londrino
Kensington Gardens.
‘Em um
mercado de arte movido por troféus, Portrait of an Artist é possivelmente o
melhor Hockney de todos’, comenta Nate Freeman Repórter especial do site Artsy
Ao New York
Times, o curador de uma retrospectiva recente da obra de Hockney no Museu
Metropolitan, em Nova York, Ian Alteveer, disse que a pintura foi salientada no
catálogo da exposição por ‘demarcar uma mudança na representação da água pelo artista’,
e por representar o auge dos retratos duplos de Hockney.
Para
Alteveer, a pintura é, além disso, uma despedida do relacionamento que havia
terminado, e uma grande demonstração do interesse de Hockney ‘na psicologia
entre duas pessoas que ele vinha tentando capturar’.
Quem é o artista
Pintor,
desenhista e cenógrafo, Hockney despontou no meio artístico do Reino Unido no
início da década de 1960. Embora seja hoje, aos 81 anos, um artista de
popularidade expressiva, Hockney nem sempre teve seu trabalho de cores fortes e
formas realistas, levado a sério.
Hockney
perdeu a audição, mas continua a pintar e a fazer experimentações com arte
digital.
O resgate da
reputação e do valor comercial de sua obra se deve a retrospectivas recentes de
sua produção em grandes museus, incluindo o já mencionado Metropolitan e o Tate
Modern, em Londres.
Com o leilão da Christie’s, a pintura de David Hockney se tornou o artista vivo mais caro do mundo |
Antes do
quadro arrematado no dia 15 de novembro no leilão da Christie’s, a pintura a
ser vendida pelo preço mais alto entre as obras do artista fora ‘Pacific Coast
Highway and Santa Monica’, por US$ 28,5 milhões, em maio de 2018. A marca de
US$ 10 milhões por um quadro de Hockney foi ultrapassada em 2016.
Comprovando
a valorização que os trabalhos do britânico vem sofrendo, a venda de ‘Retrato
de um artista’ é seu quarto recorde em leilões em um período de dois anos.
Leilões mais inclusivos
O preço
alcançado por determinado tipo de obra ou artista é importante porque valoriza
obras do mesmo artista e de outros artistas que façam parte de uma mesma
tendência, geração, gênero ou grupo racial.
O leilão de
obras contemporâneas e do pós-guerra realizado pela Christie’s em 15 de
novembro também sinalizou para a valorização de artistas mulheres e negros.
Com poucas
obras-primas à venda e preços estratosféricos de nomes já estabelecidos no
mundo da arte, colecionadores expandiram, em leilões recentes, o interesse por
nomes menos consagrados.
Os preços
das obras de mulheres e afro-americanos, que também vem sendo mais expostas nos
museus americanos, também tiveram alta recorde nos leilões da Christie’s e da
Sotheby’s, outra das casas de leilão de arte mais importantes do mundo.
O quadro ‘Cultural Exchange’, de Robert
Colescott, primeiro artista negro a representar os EUA na Bienal de Veneza, foi
vendida por US$ 912.500, o triplo o valor máximo alcançado por uma obra de
Colescott até então.
Fonte:
Juliana Domingos de Lima | =Nexo
(JA, Nov18)
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