sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Pintura que se tornou a mais cara do mundo de um artista vivo


Retrato de um artista (Piscina com duas figuras)’, pintado pelo britânico David Hockney nos anos 1970, desbancou escultura de Jeff Koons



Na quinta-feira (15), uma pintura de 1972 do artista David Hockney foi vendida em Nova York no leilão da empresa Christie’s, um dos principais do mundo da arte. O valor pago por ela foi o recorde de preço alcançado por um artista vivo na história: US$ 90 milhões (cerca de R$ 336.528.000).
Desde 2013, o posto era ocupado por uma das esculturas da série ‘Balloon Dog’, do americano Jeff Koons, vendida por US$ 58,4 milhões. Já era esperado que a pintura de Hockney desbancasse a marca.
O quadro em questão, chamado ‘Portrait of an Artist (Pool with Two Figures)’ – ‘Retrato de um artista (Piscina com duas figuras)’, é considerado um dos trabalhos mais misteriosos do artista britânico.
A pintura de Hockney, que é gay, alude à vida afetiva dos homens homossexuais. Traz, como muitos dos quadros do artista, aspectos de sua própria vida à tela.
Foi pintada em Londres, após o término de um relacionamento, baseada em fotografias de uma piscina no sul da França, de acordo com uma reportagem do jornal The New York Times. A figura parada em pé, do lado de fora da piscina, vem de outras fotografias tiradas por Hockney de seu ex-namorado no parque londrino Kensington Gardens.
‘Em um mercado de arte movido por troféus, Portrait of an Artist é possivelmente o melhor Hockney de todos’, comenta Nate Freeman Repórter especial do site Artsy
Ao New York Times, o curador de uma retrospectiva recente da obra de Hockney no Museu Metropolitan, em Nova York, Ian Alteveer, disse que a pintura foi salientada no catálogo da exposição por ‘demarcar uma mudança na representação da água pelo artista’, e por representar o auge dos retratos duplos de Hockney.
Para Alteveer, a pintura é, além disso, uma despedida do relacionamento que havia terminado, e uma grande demonstração do interesse de Hockney ‘na psicologia entre duas pessoas que ele vinha tentando capturar’.
Quem é o artista
Pintor, desenhista e cenógrafo, Hockney despontou no meio artístico do Reino Unido no início da década de 1960. Embora seja hoje, aos 81 anos, um artista de popularidade expressiva, Hockney nem sempre teve seu trabalho de cores fortes e formas realistas, levado a sério.
Hockney perdeu a audição, mas continua a pintar e a fazer experimentações com arte digital.
O resgate da reputação e do valor comercial de sua obra se deve a retrospectivas recentes de sua produção em grandes museus, incluindo o já mencionado Metropolitan e o Tate Modern, em Londres.

Com o leilão da Christie’s, a pintura de David Hockney se tornou o artista vivo mais caro do mundo

Antes do quadro arrematado no dia 15 de novembro no leilão da Christie’s, a pintura a ser vendida pelo preço mais alto entre as obras do artista fora ‘Pacific Coast Highway and Santa Monica’, por US$ 28,5 milhões, em maio de 2018. A marca de US$ 10 milhões por um quadro de Hockney foi ultrapassada em 2016.
Comprovando a valorização que os trabalhos do britânico vem sofrendo, a venda de ‘Retrato de um artista’ é seu quarto recorde em leilões em um período de dois anos.
 Leilões mais inclusivos
O preço alcançado por determinado tipo de obra ou artista é importante porque valoriza obras do mesmo artista e de outros artistas que façam parte de uma mesma tendência, geração, gênero ou grupo racial.
O leilão de obras contemporâneas e do pós-guerra realizado pela Christie’s em 15 de novembro também sinalizou para a valorização de artistas mulheres e negros.
Com poucas obras-primas à venda e preços estratosféricos de nomes já estabelecidos no mundo da arte, colecionadores expandiram, em leilões recentes, o interesse por nomes menos consagrados.
Os preços das obras de mulheres e afro-americanos, que também vem sendo mais expostas nos museus americanos, também tiveram alta recorde nos leilões da Christie’s e da Sotheby’s, outra das casas de leilão de arte mais importantes do mundo.
 O quadro ‘Cultural Exchange’, de Robert Colescott, primeiro artista negro a representar os EUA na Bienal de Veneza, foi vendida por US$ 912.500, o triplo o valor máximo alcançado por uma obra de Colescott até então.



Fonte: Juliana Domingos de Lima     |       =Nexo

(JA, Nov18)

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