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Viemos do Vento Trazer essas Luzinhas', pintura da artista Karin Lambrecht |
Com Karin Lambrecht, o
Instituto Tomie Ohtake dá prosseguimento ao projeto ‘Nossas Artistas’, uma
sequência de mostras individuais dedicadas a mulheres que fizeram e fazem a
história da arte brasileira. Iniciado em 2016, com ‘I love you baby’, de Leda
Catunda, vencedora do Prêmio Bravo de melhor exposição individual do ano, agora
o programa contempla a obra da pintora gaúcha.
A mostra
divide em três diferentes núcleos temáticos pinturas, desenhos e cadernos da
artista conhecida por integrar a Geração 80. Abstratos, os trabalhos lidam como
as impressões causadas pelo reflexo e o rebatimento da luz e exploram questões
relacionadas à espiritualidade, à vida e à morte.
Com
curadoria de Paulo Miyada, reúne obras
de diferentes momentos da carreira de Lambrecht: desde alguns desenhos
realizados do início dos anos 1990 até pinturas mais recentes, que constituem a
maior parte da seleção. ‘Trata-se de uma oportunidade para gradualmente imergir
no universo visual e reflexivo de uma artista singular na nossa arte, cuja obra
oferece uma densa alternativa ao frenesi do consumo de imagens descartáveis que
caracteriza os tempos vigentes’, comenta o curador.
As telas da
artista sugerem particular interesse pelo transcendental, pelo espiritual e
pelas religiões a partir de uma paleta obstinada em auscultar a natureza da
linguagem dos mais diversos materiais. Além das tintas, outros substratos
pictóricos ocupam a superfície de suas pinturas, como ouro, mel, lona, cera de
abelha, terra, grafite, linho, pigmento e pastel.
Segundo Miyada, a simples ampliação de
recursos para além da trivial ‘tinta a óleo sobre tela’ não seria digna de nota
não fosse pela clareza e pelo escrúpulo com que cada matéria atua no campo
pictórico. ‘Mesmo que não seja sempre óbvio qual o material utilizado pela
artista, é sempre possível distinguir quais signos, texturas, cores e formas
correspondem a recursos distintos, manipulados com uma gestualidade adequada a
sua dureza, peso e maleabilidade. O princípio de acumulação dessas substâncias
não é, portanto, o da mistura indiferenciada, mas sim o da articulação de
órgãos em um organismo visual’.
A exposição
constrói propositalmente um percurso. O primeiro núcleo de trabalhos é
constituído por sete pinturas realizadas entre 1990 e 2013 dispostas sob
visibilidade tênue, resultante praticamente dos rebatimentos da luz. Ao
ultrapassar este ambiente, o visitante adentra uma clareira como uma ampla nave
de fundo semicircular, onde a iluminação é projetada de tal forma que a
resplandecência parece nascer das 17 pinturas suspensas, concebidas de 1990 a
2018. ‘No vértice entre o desejo de saber e a necessidade de crer, alguém
imagina uma clareira de silêncio’, escreve Miyada.
Na sessão
final da exposição, ao atravessar uma cortina de voil, o espectador depara-se
com um ambiente claro e branco ocupado por cadernos, desenhos e pequenas
pinturas da artista. Um conjunto de
temas, palavras e símbolos que refletem a escala íntima do contato com as
obras.
‘As próprias
pinturas, desenhos e cadernos de Karin Lambrecht almejam ser laço e passagem.
Presenças imanentes, quer dizer, materialidades que se inserem na experiência
possível e compartilhável. Evocações suprassensíveis, ou seja, chamados à
contemplação de aspectos invisíveis da existência humana’, conclui o curador.
Karin
Lambrecht nasceu Porto Alegre em 1957. Vive
e trabalha em Porto Alegre, graduou-se em desenho e gravura na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, mudando-se logo em seguida para a Alemanha, onde
realizou parte significativa de sua formação como pintora. No retorno ao
Brasil, participou das ações desenvolvidas no Espaço N.O., das artistas Ana
Torrano e Vera Chaves Barcellos; integrou a importante exposição ‘Como vai
você, Geração 80?’ no Parque Lage, 1984, e dedicou sua produção a realizar uma
pintura que borra as fronteiras entre a colagem, o trabalho escultórico e a
performance. De caráter sentimental e espiritual, sua produção lida com
questões de espiritualidade, acerca da vida e da morte e aplica o texto de
maneira simbólica.
Karin Lambrecht - Entre nós uma passagem
Instituto Tomie Ohtake - R. dos Coropés, 88, Pinheiros, região oeste, tel. (11) 2245-1900
De 23/11 até 10/2
Ter. a dom.: 11h às 20h
Livre
GRÁTIS
(JA, Nov18)
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