Atelier Abel de Pujol, 1822
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A exposição Histórias das mulheres apresenta quase cem trabalhos, que datam do século 1 ao 19. Como o título indica, não se trata de uma única história, mas de muitas, narradas por meio de obras feitas por mulheres que viveram no norte da África, nas Américas (antes e depois da colonização), na Ásia, na Europa, na Índia e no território do antigo Império Otomano.
Uma das características mais
fortes desta mostra é o diálogo que se estabelece entre pinturas e têxteis,
escolhidos como um suporte emblemático — afinal, a pintura também é feita sobre
tecido.
Sofonisba Anguissola |
Com 60 pinturas, 2 desenhos e 34 tecidos de
diferentes épocas e origens, Histórias das mulheres destaca trabalhos para além
das categorias tradicionais das belas artes, procurando oferecer perspectivas
mais amplas e mais plurais. Embora não se conheça o nome das artistas têxteis,
todas as peças expostas foram produzidas por mulheres.
Em muitas regiões do mundo
antes de 1900, a criação de tecidos, feita manualmente, era
considerado um trabalho de gênero e visto como o ideal das mulheres — da mesma
forma que a pintura de belas artes era típica e idealmente feita por homens. Colocar
essas duas formas de trabalho juntas demonstra a persistência do fazer das
mulheres ao longo do tempo. Mesmo que os tecidos estejam excluídos das
definições de arte, e de as mulheres terem sido barradas do treinamento nas
academias, a exposição mostra que elas sempre fizeram arte.
Elisabeth Louise Vigée Le Brun |
Algumas artistas tiveram
carreiras de grande sucesso. Este é o caso das tecelãs da América
pré-colombiana, que desfrutaram de uma posição de prestígio nas sociedades
andinas, de Sofonisba Anguissola, que
trabalhou para a corte espanhola no século 16, de Mary Beale,
cujo marido foi seu assistente de ateliê, no século 17, de Elisabeth Louise Vigée Le Brun que ocupou o cargo de ‘primeira pintora’ da
rainha da França, no século 18, e de Abigail de Andrade, que ganhou uma medalha de
ouro no Salão de 1884, no Brasil imperial.
Autorretrato, 1787-1790 Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre - Alcipe
Apesar disso, as
mulheres representam um contingente muito menor que seus colegas homens nos
manuais de história da arte, nas narrativas oficiais e nas coleções de museus.
O MASP possui em seu acervo apenas duas pinturas de mulheres artistas até 1900: um autorretrato da
portuguesa Leonor de Almeida Portugal de Lorena
e Lencastre e um panorama da baía
de Guanabara, da inglesa Maria Graham,
especialmente restaurado para esta exposição.
É difícil falar de histórias
feministas antes do século 19, por isso falamos em histórias das mulheres. Mas
olhar para as artistas dessa época, hoje, nos ajuda a estabelecer genealogias
feministas. O encontro com essas várias precursoras — nomeadas ou anônimas,
famosas e desconhecidas — nos convida, assim, a repensar as hierarquias da
história tradicional, que costuma celebrar a arte como uma atividade de homens
brancos e europeus. A singularidade das obras expostas mostram que a arte é
muito maior e mais complexa do que se costuma imaginar.
‘Histórias feministas: artistas depois de 2000’
Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand)
De 23 de agosto a 17 de novembro de 2019
Fonte: MASP Exposições
(JA, Out19)
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