'Ambiental: Arte e
Movimentos', mostra gratuita, funciona até o dia 3/11,
em São Paulo, mistura militância ambientalista e arte com vídeos de ONGs
Um vídeo da Amazônia em
chamas é o que recebe os visitantes na exposição ‘Ambiental: Arte e
Movimentos’, no Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia, o MuBE, em São
Paulo. O curador-chefe, Cauê Alves diz que, com as imagens, o Greenpeace ‘não
pretende fazer obra de arte’. Esse é, no entanto, o registro que introduz a
mostra.
Em seguida, pequenas telas
exibem vídeos institucionais de outras ONGs que terminam com os mesmos pedidos:
ajude, doe, participe.
Entre as obras, duas pintura
dos anos 1950 do modernista José Pancetti saltam à vista retratando
duas praias desertas e paradisíacas envoltas numa tradicional moldura de
madeira.
Paisagens bem diferentes
daquelas de um mundo em ruínas dos vídeos.
Série Flora e Cerâmica de Kimi Nii |
Os contrastes —preservado e
destruído, documental e artístico— estão presentes ao longo da exposição como
uma forma de os movimentos ambientais se alimentarem da poética dos artistas. E
foi a maneira que Alves encontrou para ‘chamar a atenção e buscar inserção
dessas organizações em novos lugares’.
Ele destaca que, em 1986, no mesmo
ano em que o terreno onde hoje é o MuBE foi desapropriado e cedido à construção
do museu, a Fundação SOS Mata Atlântica foi criada. ‘Foi no período em que os
movimentos socioambientais começaram a ganhar força no Brasil’, afirma. Marcia
Hirota, diretora-executiva da organização, fez a curadoria da mostra com Alves.
A curadoria da dupla partiu
de três eixos —terra, água e ar. As 22 obras expostas aparecem em diferentes formatos:
pintura, fotografia e escultura. O israelense Yiftah Peled apresenta 19 cubos de
acrílico com argila contaminada do rio Doce —mesmo número de pessoas mortas com
o rompimento da barragem em Mariana, em 2015.
O fotógrafo Cássio
Vasconcelos apresenta a série ‘Viagem Pitoresca pelo Brasil’. Suas fotos
recebem um tratamento que dá às imagens a aparência de gravuras e transmitem
uma sensação de nostalgia de uma floresta ainda intacta.
Eduardo Srur se debruça sobre
a quantidade de lixo produzido nos centros urbanos com ‘Caçamba’. Já conhecido por suas intervenções
na cidade, ele apresenta uma escultura que tem forma e tamanho de uma caçamba
de entulho, mas que é vazada, feita somente por linhas brancas de metal em seu
contorno.
Ao lado de Srur, há ainda
trabalhos de Luiz Zerbini, Arthur Lescher e Hugo França. Planejada há um ano, a
exposição foi atualizada, segundo Cauê Alves. Ele se refere à linha montada na
entrada do museu, que começa com a viagem de Charles Darwin ao Brasil no século
19,
mas termina em agosto de 2019, quando uma repentina escuridão tomou conta dos céus
de São Paulo por volta das 15h.
Entre manifestação ou arte, a
mostra se encaixa nos dois, diz Alves, que não esconde ‘uma vontade de trazer
questões urgentes’.
Ambiental: Arte e Movimento MUBE
Quando Ter. a dom., das 10h às 18h. Até 3/11
Onde r. Alemanha, 221
Preço Grátis
Fonte: Manoella Smith |
FSP
(JA, Out19)
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