Gustav Klimt, 1862-1918, foi
um pintor simbolista austríaco, líder do Movimento da Secessão de Viena – grupo
de artistas que se desligaram do academismo da pintura e aderiu ao Simbolismo.
‘O Abraço’, 1905~1909 |
Os desenhos e pinturas de
Gustav Klimt, refinados, sugestivos, sensuais, ricos em referências, são obras provocativas,
que encerram e transmitem a atmosfera da Viena da ‘belle epoque’, a Viena de Freud, Gustav Mahler, e Schönberg.
Nasceu em 14 de julho de 1862
na pequena localidade de Baumgarten, ao sul de Viena, na Áustria Imperial, que
em 1867 foi substituída pelo Império Austro-Húngaro. Filho de Ernst Klimt,
ourives gravador, e de Anna Fiuster, vienense de modestas condições sociais. Foi
o segundo dos sete filhos do casal. Com 14 anos ingressou na Escola de Artes e
Ofícios de Viena, juntamente com seu irmão Ernest, com o qual trabalhará com até
a morte dele, em 1892.
Logo os dois estavam
desenhando e vendendo retratos a partir de fotografias.
Em 1879, Gustav, seu irmão, e
o amigo –companheiro de estudos- Franz Matsch, passaram a auxiliar seu
professor na pintura de murais para o átrio do Museu de História da Arte de
Viena. Em 1880 começaram a receber encomendas e realizaram diversos trabalhos,
entre eles, quatro alegorias para o teto do Palácio Sturany em Viena, o teto do
prédio da terma de Karlsbad na Tchecoslováquia, e a decoração da Villa Hermès,
a partir de desenhos de Hans Makat.
Começa oficialmente a
carreira de artista realizando decorações pintura de vários edifícios públicos
e tornando-se, em breve, o herdeiro de Hans Makart, 1840-1884.
Em 1886, ao realizar um
trabalho para o Burgthater de Viena, o estilo de Gustav começou a se
diferenciar, iniciando um processo de afastamento do academismo da pintura
convencional aprendida na escola. Em 1890, Gustav Klimt fundou e presidiu,
junto com outros artistas, a ‘Associação Austríaca de Artistas Figurativos’,
com o objetivo de se contrapor à conservadora Sociedade dos Artistas Vienenses.
Engajado numa nova
perspectiva, desenvolveu uma produção de forte cunho decorativo, ganhando
grande visibilidade, e sendo solicitado para decorar prédios e instituições,
como a decoração do teto e das escadarias laterais do imponente ‘Teatro
Municipal de Viena’, além de ter finalizado o projeto de decoração do ‘Museu
Histórico da Arte’.
Em 1894, recebeu a tarefa de
pintar três grandes painéis para o teto do auditório da Universidade de Viena,
para representar as figuras da Filosofia, da Medicina e da Jurisprudência.
A decoração para a Assembleia
Magna da Universidade de Viena, que tem por tema a filosofia, a medicina e a
Jurisprudência, realizada por Klimt entre 1900 e 1903, causou críticas severas
por parte das autoridades vienenses, que lhe contestaram o conteúdo erótico, e
a inédita abordagem composição das pinturas. Da mesma forma, foi considerado
obsceno o grande frisos decorativo realizado em 1902 para a sala que abrigava o
monumento a Beethoven, obra de Max Klinger. Esses escândalos marcaram o fim da
carreira oficial de Klimt. Mas Gustav Klimt nunca se deixou intimidar.
Como escreveu o mesmo Klimt,
em uma carta à ‘Kunstlerhaus’ (a ‘casa do artista’, estrutura associativa dos
artistas vienenses e organização oficial das exposições), o seu propósito era o
de ‘trazer a vida artística vienense um relacionamento vital com a evolução da
arte estrangeira, e propor exposições de puro caráter artístico, livre das exigências
do mercado’.
O último painel do teto do
auditório da Universidade de Viena só foi concluído em 1907. Nesse mesmo ano,
liderou um grupo de artistas que fundou a ‘Secessão de Viena’, e aderiu ao
simbolismo - a versão austríaca da Art Nouveau decorativa. O termo ‘Secessão‘ é um empréstimo à história
romana; refere-se ao método de luta usado pelos plebeus para obter a igualdade de
direitos contra os patrícios, a ‘Secessio Plebis’. A palavra torna-se um termo
de moda, significando a revolta dos jovens artistas contra o conservadorismo da
geração anterior, e as taxas oficiais.
Klimt, usando as inovações
decorativas do ‘Art Nouveau’, movimento relacionado especialmente com as artes
aplicadas, do qual se tornou o maior representante no campo da pintura,
desenvolveu um estilo rico e complexo, inspirando-se frequentemente na
composição dos mosaicos bizantinos, por ele estudados a Ravenna.
No plano mais
teórico, em vez disso, tratava de abrir as fronteiras ao espírito da época, utilizando
a arte simbolista, com uma forte conotação erótica.
Longe das correntes de
vanguarda da pintura de então, e em contato com os aspectos mais inovadores da
arquitetura e do design do século XX, Klimt foi um defensor de jovens artistas,
incluindo Oskar Kokoschka e Egon Schiele (que foram apresentados aos vienenses,
respectivamente, no Kunstschau de 1908 e de 1909).
‘O Beijo’, 1907~1908 |
Seus trabalhos mais famosos
pertencem a ‘fase dourada’, em que utiliza folhas de ouro e retrata
principalmente mulheres adornadas por pequenos objetos e formas geométricas,
como no ‘Retrato de Adele Bloch-Bauer’, 1907, e ‘O Beijo’, 1907-1908 - sua
obra-prima. Pintava com extrema minúcia levando suas modelos a longuíssimas seções.
Emílie Flöge e Gustav Klimt |
Foi apaixonado por Emílie
Flöge, com quem teve um longo caso de amor, e foi sua companheira durante anos.
Com seu estilo rebelde de
vestir, na maioria das vezes envolto em uma túnica escura, Gustav Klimt
tornou-se uma figura exótica. Por muitos anos tentou, sem sucesso, ser admitido
na Academia de Arte de Viena. Só em 1917, recebeu o devido reconhecimento, ao
ser eleito membro honorário daquela entidade. No entanto, no ano seguinte
sofreu um ataque de apoplexia, vindo a falecer.
Gustav Klimt faleceu em
Viena, Áustria, no dia 6 de fevereiro de 1918.
Fonte: Paolo Marconi
| WP
(JA, Ago19)
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