Exposição reúne 432
obras de mais de 200 artistas de 14 países diferentes
'O Negro Cipião', 1866-68, de Paul Cézanne ,que estará exposta no Tomie Ohtake |
O Masp e o
Instituto Tomie Ohtake inauguram, na quinta (28) e no sábado (30),
respectivamente, uma exposição dois em um. As duas instituições culturais
uniram seus espaços para abrigar 432 obras de 210 artistas de diferentes
países.
A mostra faz
parte do ciclo do Masp que, neste ano, dedica-se às histórias afro-atlânticas,
isto é, trajetórias que ligam a África às Américas. Trata-se da maior mostra da
atual gestão do museu, que assumiu em 2014.
Historiadora,
antropóloga e curadora das duas instituições, Lilia Schwarcz afirma que a
exposição é uma espécie de desdobramento da mostra ‘Histórias Mestiças’,
realizada em 2014 no Tomie Ohtake. ‘Ali, trabalhamos com o território
brasileiro. Agora, tivemos que tomar uma perspectiva transatlântica’, diz
Schwarcz.
Desta forma,
a megaexposição congrega obras de artistas brasileiros, latino-americanos,
europeus, dos EUA e de países africanos.
Dos oito
núcleos criados para a exposição, seis estão distribuídos em quase todo o
espaço do Masp —exceto o segundo andar, dedicado à exposição permanente, e
parte do primeiro subsolo, que expõe obras do comodato com a B3, dona da Bolsa de Valores de São Paulo.
Já o Tomie
Ohtake, responsável por dois núcleos, abordará os temas Emancipações e
Ativismos e Resistências.
Entre os
artistas que terão obras apresentadas estão os americanos Benny Andrews e Emory
Douglas. ‘Quisermos dar voz a artistas modernistas americanos negros que muitas
vezes ficam ofuscados’, diz o curador Tomás Toledo.
Montagem da Exposição Afro-Atlântica, que ocupa grande parte do Masp |
Também
americano, Andy Warhol tem serigrafias expostas na mostra. Lilia Schwarcz
afirma ele tem um importante papel na exposição, já que é o único do grupo a
tratar de questões de gênero, com a imagem de mulheres negras transexuais.
Segundo a
historiadora Lilia Schwarcz, não seria possível mostrar uma cronologia da arte
sobre as histórias afro-atlânticas, que reúne obras desde o século 16, sem a
presença de artistas brancos.
Além disso,
ela afirma que, para dialogar com a história africana, é necessário ter
exemplos de artistas que a retrataram e viveram o início da colonização. Na
mostra, há 55% de artistas negros.
‘Ao
colocarmos imagens de artistas dos séculos passados próximas de artistas
contemporâneos como americanos, jamaicanos e cubanos, isso permite uma
releitura dessas imagens para que possamos notar a perversidade delas’, diz a
historiadora.
Obra de Janaína Barros que está exposta no Instituto Tomie Ohtake |
Entre as instituições internacionais que emprestaram obras da sua coleção estão o Metropolitan Museum, de Nova York, o J. Paul Getty Museum, de Los Angeles, a National Gallery of Denmark, de Copenhague, o Museu Nacional de Bela Artes de Havana e a National Gallery da Jamaica.
As obras vieram de 14 países para os aeroportos de Viracopos e Guarulhos. O Masp e outros centros culturais vêm enfrentando problemas com a vinda de obras internacionais desde o início do ano. Isso porque os aeroportos brasileiros mudaram a política de cobrança da armazenagem. Antes, cobrava-se uma tarifa calculada com base no peso da carga. Agora, cobra-se pelo valor dela.
Com isso, o Masp, que havia programado pagar R$ 3.000 pela armazenagem das obras, teria de desembolsar R$ 4,5 milhões pela nova regra, como informou a coluna Mônica Bergamo. Para viabilizar a exposição, o museu entrou com um mandado de segurança para garantir a cobrança do valor antigo e reverteu o quadro.
Esta não é a primeira vez que a nova tarifação ameaça o museu. Em maio, obras da Tate Gallery, de Londres, só vieram ao Brasil após um mandado de segurança ser impetrado, impedindo uma cobrança que encareceria em mais de R$ 240 mil a mostra.
Histórias Afro-Atlânticas
A partir desta qui. (28) para convidados e sex. (29) para o público até 21/10
Masp, av. Paulista, 1.578
Ter. a qua. e sex. a dom., das 10h às 18h, e qui., das
10h às 20h
R$ 35
Tomie Ohtake, av. Faria Lima, 20
Sáb. (30) para convidados das 11h às 15h; aberto ao
público em seguida
Ter. a dom., das 11h às 20h
Grátis
Texto: Isabella Menon |
FSP
(JA, Jun18)
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