segunda-feira, 25 de junho de 2018

Situado em antiga fábrica de Itu (SP), centro cultural inaugura mostra permanente

Exposição inclui obras de artistas como Adriana Varejão, Mestre Didi, Cildo Meireles e Aleijadinho


 Trabalho de Nuno Ramos exposto na Fundação Marcos Amaro, em Itu, interior de SP

‘Aqui temos uma montagem bundalelê’, diz o curador Ricardo Resende sobre a mostra permanente que acaba de ser inaugurada na Fundação Marcos Amaro, em Itu, (100 km de São Paulo), com obras de nomes de peso, como Cildo Meireles, Adriana Varejão, Mestre Didi e Aleijadinho.

Resende conta que aprendeu uma acepção particular do termo com o galerista Ruben Breitman —‘bundalelê’ seria uma mostra que não segue cronologia ou temática.

É o caso da exposição em que o visitante primeiro se depara com a escultura ‘Nossa Senhora das Dores’, passando logo depois pelo painel colorido de Emmanuel Nassar, feito de chapas metálicas de sucata.
Apesar de não seguirem um temática ou cronologia, as obras escolhidas têm em comum o fato de serem tridimensionais. Entre elas, há painéis, esculturas e instalações. 
Ao todo, são 45 peças expostas em três salas da Fundação. Parte delas vem do acervo de Marcos Amaro, criador da instituição, e outras estão expostas por um sistema de comodato com galerias paulistas.
Marcos Amaro criou a entidade que leva seu nome em 2012. Além de colecionador, ele, que é filho do fundador da TAM, Rolim Amaro (1942-2001), é artista e desenvolve seu trabalho predominantemente a partir de peças de origem aeronáutica.
O centro cultural funciona em um espaço de mais de 20 mil m² que abrigava a fábrica têxtil São Pedro, que foi à falência nos anos 1990.
Atualmente, apenas um quinto do espaço é ocupado, diz o curador Ricardo Resende. A ideia é que o local funcione como um polo fomentador e descentralizador de arte. 
‘Queremos servir a outras instituições, ter relações com o Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba e até trocar exposições com esses centros culturais’, diz Resende.

Até recentemente, o centro cultural ocupava um espaço alugado nas instalações, até o conjunto ser adquirido por Amaro, meses atrás.
Nas instalações da antiga fábrica, há ateliês para artistas —mas também há uma academia de ginástica, que já estava ali antes da compra. 
‘Queremos criar um espaço multidisciplinar, não vamos acabar com a academia, mas queremos que se relacione com o centro cultural’, afirma Resende. 
Entre as iniciativas que o espaço já promove estão debates e projetos especiais em espaços públicos, além de editais de apoio a artistas.
A primeira a ser contemplada por um edital da fundação foi Edith Derdyk. Em uma das salas para exposições temporárias, ela expõe a mostra ‘Arranque’, em que resgata a história de seus antepassados judeus durante o Holocausto.
Outra seção da mesma mostra, composta de grandes peças feitas com tecido e carvão, ocupa uma área externa. A grande superfície da antiga fábrica se presta bem à exposição de esculturas —nas áreas verdes, por exemplo, há peças do argentino León Ferrari. 
O espaço tem muitas obras a céu aberto —na entrada, há esculturas de Mestre Didi e do próprio Marcos Amaro. 
Mas o aspecto de antiga estrutura fabril abandonada predomina no local. 
O conjunto da Fábrica São Pedro, tombado como patrimônio, é formado por galpões de tijolos; algumas janelas quebradas denunciam a passagem do tempo.
Devido ao tombamento, não é permitido modificar algumas das estruturas, como a fachada e os pisos. 
Alguns dos galpões, porém, devido ao tempo sem uso, exigem reparos, como restauros nos telhados. Mas a ideia é deixar, por exemplo, as janelas da forma que se encontram hoje.
‘É como se fosse a pele do lugar, que estava deteriorada; agora o estamos ocupando’, diz Resende.



‘O Tridimensional na Coleção Marcos Amaro: Frente, Fundo, em Cima, Embaixo, Lados. Volume, Forma e Cor’
R. Padre Bartolomeu Tadei, 9, Itu (SP). Ter. a sex., das 10h às 17h. Grátis

 





Texto: Isabela Menon   |   FSP



(JA, Jun18)

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