Exposição inclui obras
de artistas como Adriana Varejão, Mestre Didi, Cildo Meireles e Aleijadinho
Trabalho de Nuno Ramos exposto na Fundação
Marcos Amaro, em Itu, interior de SP
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‘Aqui temos
uma montagem bundalelê’, diz o curador Ricardo Resende sobre a mostra
permanente que acaba de ser inaugurada na Fundação Marcos Amaro, em Itu, (100
km de São Paulo), com obras de nomes de peso, como Cildo Meireles, Adriana
Varejão, Mestre Didi e Aleijadinho.
Resende
conta que aprendeu uma acepção particular do termo com o galerista Ruben
Breitman —‘bundalelê’ seria uma mostra que não segue cronologia ou temática.
É o caso da
exposição em que o visitante primeiro se depara com a escultura ‘Nossa Senhora
das Dores’, passando logo depois pelo painel colorido de Emmanuel Nassar, feito
de chapas metálicas de sucata.
Apesar de
não seguirem um temática ou cronologia, as obras escolhidas têm em comum o fato
de serem tridimensionais. Entre elas, há painéis, esculturas e instalações.
Ao todo, são
45 peças expostas em três salas da Fundação. Parte delas vem do acervo de
Marcos Amaro, criador da instituição, e outras estão expostas por um sistema de
comodato com galerias paulistas.
Marcos Amaro
criou a entidade que leva seu nome em 2012. Além de colecionador, ele, que é
filho do fundador da TAM, Rolim Amaro (1942-2001), é artista e desenvolve seu
trabalho predominantemente a partir de peças de origem aeronáutica.
O centro
cultural funciona em um espaço de mais de 20 mil m² que abrigava a fábrica
têxtil São Pedro, que foi à falência nos anos 1990.
Atualmente,
apenas um quinto do espaço é ocupado, diz o curador Ricardo Resende. A ideia é
que o local funcione como um polo fomentador e descentralizador de arte.
‘Queremos
servir a outras instituições, ter relações com o Museu de Arte Contemporânea de
Sorocaba e até trocar exposições com esses centros culturais’, diz Resende.
Até
recentemente, o centro cultural ocupava um espaço alugado nas instalações, até
o conjunto ser adquirido por Amaro, meses atrás.
Nas
instalações da antiga fábrica, há ateliês para artistas —mas também há uma
academia de ginástica, que já estava ali antes da compra.
‘Queremos
criar um espaço multidisciplinar, não vamos acabar com a academia, mas queremos
que se relacione com o centro cultural’, afirma Resende.
Entre as
iniciativas que o espaço já promove estão debates e projetos especiais em
espaços públicos, além de editais de apoio a artistas.
A primeira a
ser contemplada por um edital da fundação foi Edith Derdyk. Em uma das salas
para exposições temporárias, ela expõe a mostra ‘Arranque’, em que resgata a
história de seus antepassados judeus durante o Holocausto.
Outra seção
da mesma mostra, composta de grandes peças feitas com tecido e carvão, ocupa
uma área externa. A grande superfície da antiga fábrica se presta bem à
exposição de esculturas —nas áreas verdes, por exemplo, há peças do argentino
León Ferrari.
O espaço tem
muitas obras a céu aberto —na entrada, há esculturas de Mestre Didi e do
próprio Marcos Amaro.
Mas o
aspecto de antiga estrutura fabril abandonada predomina no local.
O conjunto
da Fábrica São Pedro, tombado como patrimônio, é formado por galpões de
tijolos; algumas janelas quebradas denunciam a passagem do tempo.
Devido ao
tombamento, não é permitido modificar algumas das estruturas, como a fachada e
os pisos.
Alguns dos
galpões, porém, devido ao tempo sem uso, exigem reparos, como restauros nos
telhados. Mas a ideia é deixar, por exemplo, as janelas da forma que se encontram
hoje.
‘É como se
fosse a pele do lugar, que estava deteriorada; agora o estamos ocupando’, diz
Resende.
‘O Tridimensional na Coleção Marcos
Amaro: Frente, Fundo, em Cima, Embaixo, Lados. Volume, Forma e Cor’
R. Padre Bartolomeu Tadei, 9, Itu (SP). Ter. a sex.,
das 10h às 17h. Grátis
Texto:
Isabela Menon | FSP
(JA, Jun18)
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