Toulouse-Lautrec em 1892, então com 28 anos |
Henri Marie Raymond de
Toulouse-Lautrec Monfa (Albi, 24 de
Novembro de 1864 — Saint-André-du-Bois, 9 de Setembro de 1901) foi um pintor pós-impressionista e litógrafo francês,
conhecido por pintar a vida boêmia de Paris do final do século XIX.
Sendo ele mesmo um boêmio,
faleceu precocemente aos 36 anos, de sífilis e alcoolismo.
Trabalhou por menos de vinte
anos, mas deixou um legado artístico importantíssimo, tanto no que se refere à
qualidade e quantidade de suas obras, como também no que se refere à popularização
e comercialização da arte.
Toulouse-Lautrec revolucionou
o design gráfico dos cartazes publicitários, ajudando a definir o estilo que
seria posteriormente conhecido como Art Nouveau. Filho mais velho do Conde
Toulouse-Lautrec-Monfa, de quem deveria herdar o título, faleceu antes do pai.
Condessa Adèle de Toulouse-Lautrec, no desjejum, no Castelo Malromé, nos anos ~1882 |
Nascido na nobreza, herdeiro
de uma linhagem aristocrática francesa, seu pai era o Conde Alphonse de
Toulouse-Lautrec-Monfa, e sua mãe Adéle Tapié de Céleyran. Seus pais queriam
que o filho seguisse com esmero o mesmo caminho nobre de toda a sua família,
tanto materna quanto paterna.
Toulouse-Lautrec sofria de
uma doença genética rara, a Pycnodysostosis, que ficou mais tarde conhecida
como Doença de Toulouse-Lautrec. Trata-se de uma doença autossômica recessiva,
caracterizada por ossos frágeis e baixa estatura.
Henri não ultrapassava a
altura de 1,52m, tornando-se um homem com corpo de adulto, mas com
pernas curtas de menino. Os pais de Toulouse-Lautrec eram primos de primeiro
grau. Os problemas de saúde de Toulouse-Lautrec foram resultado de gerações de
endogamia. Com este propósito, os médicos franceses Pierre Maroteaux e Maurice
Lamy, e mais tarde, o também médico geneticista da Universidade de Coimbra,
Luís Meneses de Almeida, entre outros, vão estudar a doença que os primeiros
apelidaram de ‘doença de Toulouse-Lautrec’, precisamente a picnodisostose
(pycnodisostosis, em ingl.).
Aos dezesseis anos foi
estudar pintura com Léon Bonnat, professor rígido que não o agradava. Logo
depois foi estudar com Fernand Cormon, cujo estúdio ficava nas ladeiras
suburbanas de Montmartre, em Paris. Foi lá que Lautrec descobriu a inspiração
que lhe faltava. Mudou-se para aquele bairro, de má fama, e encontrou seu lugar
entre trabalhadores e artistas de caráter duvidoso. Começava sua nova vida.
Boemia
Baile no Moulin Rouge - 1890
Frequentador assíduo do
Moulin Rouge e outros cabarés, o pequeno nobre acaba se acomodando muito bem
naquele ambiente tão estranho onde seus pais nunca aceitaram em ter o filho.
O tema principal das pinturas
de Toulouse-Lautrec era a vida boêmia parisiense, que ele representava através
de um desenho que lembra a espontaneidade do desenho satírico de Honoré
Daumier, e uma composição dinâmica que poderia ter sido influenciada pela
fotografia e as gravuras japonesas, dois fatores de grande importância cultural
no fim do século XIX.
Era atraído por Montmartre,
uma área de Paris famosa pela boemia e por ser antro de artistas, escritores,
filósofos. Escondido no coração de Montmartre estava o jardim de Pere Foret,
onde Toulouse-Lautrec pintou uma série de óleos sobre tela ao ar livre de
Carmen Gaudin (a modelo ruiva que aparece
no quadro ‘A Lavadeira’ de 1888).
Moulin Rouge - La Goulue, poster, 189 |
Quando o cabaré Moulin Rouge
abriu as portas ali perto, Toulouse-Lautrec foi contratado para fazer cartazes.
Posteriormente, ele passou a ter assento cativo no cabaré, onde suas pinturas
eram expostas. Nos muitos conhecidos trabalhos que ele fez para o Moulin Rouge
e outras casas noturnas parisienses, em 35 anos, estão retratadas a cantora Yvette Guilbert, a
dançarina Louise Weber, mais conhecida como a louca e cativante La Goulue (‘A Gulosa’), a
qual criou o cancan francês, e também a mais discreta dançarina Jane Avril.
Terremoto
A invenção do coquetel ‘Terremoto’
(Tremblement de Terre) é atribuída à Toulouse-Lautrec. É uma mistura potente
de 1/2
parte de absinto e 1/2 parte de conhaque, servido em copo de vinho, sobre
cubos de gelo ou batido com gelo em coqueteleira.
Trabalho e Arte
Troupe de Mlle Elegantine (cartaz de 1896)
|
Testemunha da vida noturna de
Montmartre, Henri não apenas faz pinturas, como também cartazes promocionais
dos cabarés e teatros, fazendo-se presente na revolução da publicidade do
século XIX, quando a arte deixa de ser patrocinada e financiada apenas pela
Igreja e os nobres, para ser comprada e utilizada pelo comércio crescente
gerado pela revolução industrial.
O cartaz litográfico colorido
é uma nova ferramenta de divulgação de locais de lazer parisienses. Trilhando o
caminho de Jules Chéret, assim como Alfons Mucha, Toulouse-Lautrec revolucionou
o design gráfico dos cartazes, definindo o estilo que seria conhecido como Art
Nouveau.
O dom artístico de Lautrec é
bastante reconhecido, tanto pelos seus amigos da classe baixa, quanto por
críticos de arte. Participa do Salão dos Independentes em Paris, da exposição
dos Vinte e das galerias de Boussod e Valadin.
Estilo
Exame na Faculdade de Medicina 1901 |
Tinha habilidade em capturar
as pessoas em seu ambiente de trabalho, com a cor e o movimento da pululante e
opulenta vida noturna, porém sem o glamour.
Usava muito vermelho, em
geral de maneira contrastante, cabelos cor de laranja e a cor verde limão para
traduzir a atmosfera elétrica da vida noturna.
Era um mestre do contorno,
podia retratar cenas de grupos de pessoas onde cada pessoa é individual (e na época podia ser identificada apenas pela
silhueta).
Frequentemente, ele aplicava a
tinta em uma estreita e longilínea pincelada, deixando a base (papel, tela) ou
o contorno aparecer. Sua pintura é gráfica por natureza, nunca encobria por
completo o traço forte do desenho. O contorno simples era a ‘marca registrada’
de Lautrec desde o início da carreira como designer de cartazes. Não pintava
sombras. Suas pinturas sempre incluíam pessoas (um grupo ou um indivíduo), e não
gostava de pintar paisagens. O papel usado para os cartazes frequentemente era
amarelo.
Apesar da litografia cheia de
cores de seu tempo poder acomodar dezenas de cores em um só cartaz, Lautrec
geralmente escolhia apenas 4 ou 5, às vezes, raramente, 6. Ao invés de usar uma
multiplicidade de cores, Henri preferiu criar seus efeitos com justaposições e
modulações delicadas.
Últimos anos
Em 1899, a vida
desregrada e o excesso de álcool finalmente cobram seu preço do artista.
Lautrec sofre de crises e é internado numa clínica psiquiátrica. Ao sair, é
constantemente vigiado para que não beba e que não volte a frequentar os
bordéis, vigilância que ele consegue burlar. Sua saúde vai-se deteriorando cada
vez mais, até que, em 1901 já não é mais capaz de viver sozinho. Henri
despede-se de Paris com a certeza de que está com os dias contados. Sofre
ataques de paralisia e quase não consegue mais pintar.
Em 9 de Setembro de
1901,
Henri de Toulouse-Lautrec morre, em consequência de um derrame, nos braços de
sua mãe, no Castelo de Malromé, perto de Bordeaux, às duas horas e quinze
minutos da manhã.
Encontra-se sepultado no
Cemitério de Verdelais, na França.
Túmulo de Toulouse Lautrec em Verdelais, Gironde, França
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Legado
Local onde Lautrec nasceu. Hoje abriga o Museu Toulouse-Lautrec, fundado por sua mãe, após a morte dele |
Estima-se que Lautrec tenha
pintado mais de 1000 quadros a óleo (737
estão catalogados), feito mais de 5000 desenhos (275 aquarelas, 5084 desenhos catalogados), e por volta de 363 gravuras e cartazes. Seu trabalho pode ser dividido
em períodos: pinturas e desenhos até 1888, entre 1888 e 1892, entre 1893 e 1896, entre 1897 e 1901, e os cartazes.
Autocaricatura, 1882
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Fonte: WP e Dvs
(JA, Jan20)
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