Ocupando antiga marcenaria da TV
Cultura, a nova sede tem mais de 2.000
metros quadrados e custou R$ 8,5 mi
O espaço que o Museu da
Imagem e do Som, o MIS, inaugura neste fim de semana é envolto em
hipérboles.
Ocupando uma antiga
marcenaria da TV Cultura na zona oeste paulistana, a nova sede tem
mais de 2.000 metros quadrados. Custou R$ 8,5 milhões,
bancados por empresas privadas. E abriga o primeiro espaço imersivo da América
Latina, um salão inundado por projeções de imagens em alta definição.
Também a mostra que abre o MIS Experience neste
sábado se quer grandiosa. ’Leonardo Da Vinci - 500 Anos de um Gênio’ marca os
cinco séculos da morte do artista italiano com cerca de cem peças de sua
autoria e vendeu cerca de 14 mil ingressos antes mesmo de abrir, segundo o
governador de São Paulo, João Doria.
Para completar, o detentor do
recorde de grafite mais extenso do planeta até pouco tempo atrás, Eduardo
Kobra, fez uma versão do ‘Homem Vitruviano’ no muro da instituição. A arte, no
entanto, tem pouco destaque na mostra.
Embora reproduções das 15 pinturas
atribuídas ao renascentista estejam ali —‘Salvator Mundi’, que bateu recorde ao
ser vendida por US$ 450 milhões, cerca de R$ 1,8 bilhão, não é uma delas—,
elas ocupam só um cantinho pequeno.
O grosso da mostra, na
verdade, é o lado inventor de Da Vinci. Setenta modelos de projetos do italiano
se espalham por 700 metros quadrados.
Estão lá, por exemplo,
projetos de máquinas militares e desenhos anatômicos, além de uma maquete de
arquitetura —Da Vinci pensou uma cidade capaz de prevenir a peste bulbônica— e
inovações que só seriam produzidas séculos depois.
Na última categoria se
encaixam um escafandro de tecido que parece saído de um filme de terror, e um
para-quedas em forma de pirâmide , testado de forma bem-sucedida em 2000.
De todos esses, só 12 miniaturas
podem ser manipuladas pelo público. A carência de trabalhos interativos parece
contradizer um museu que tem ‘experiência’ no nome, em especial se
considerarmos que as plaquinhas que acompanham as peças nem sempre têm
explicações claras sobre seu funcionamento.
A exposição foi criada pela
firma australiana Grande Exhibitions, e já foi levada para outras 130 cidades ao
redor do mundo, segundo o seu fundador, Bruce Peterson. O objetivo, ele diz, é
juntar informação e entretenimento.
‘As exposições nos museus
convencionais, organizadas por historiadores, costumam ser para quem já entende
do assunto. Queria que qualquer um, até os que não têm ensino formal, pudessem
ser capazes de aprender e se divertir’, diz.
Esse mesmo espírito lúdico
contamina o estudo sobre a ‘Mona Lisa’ do pesquisador francês Pascal Cotte, que
ocupa a última parte da mostra. Usando um método de amplificação de camadas
sobre a pintura, chamado de LAM, ele chegou à conclusão de que o sorriso mais
enigmático do mundo esconde outras três versões embaixo da atual.
A primeira é um retrato fiel
de Lisa Gherardini, mulher de um rico comerciante florentino a quem atribuímos
a identidade da ‘Mona Lisa’ —segundo Cotte, a moça que vemos no quadro é uma
versão estetizada da figura original, que vestia roupas da época.
A segunda revela a imagem de
uma santa e é conhecida como ‘Retrato com Pérolas’ por causa de um enfeite de
cabelo decorado com as joias. Debaixo dela, fica um esboço do desenho com
proporções um pouco maiores.
Vale ressaltar, porém, que a
tese de Cotte foi rebatida há quatro anos por Martin Kemp, um dos maiores especialistas
em Leonardo Da Vinci da atualidade, e professor emérito da Universidade de
Oxford.
Entre o estudo da ‘Mona Lisa’
e as invenções de Da Vinci fica a galeria imersiva.
A inspiração por trás do
espaço é o Atelier des Lumières, em Paris, onde os visitantes são convidados a
mergulhar em obras como a ‘Noite Estrelada’, de Van Gogh, ou ‘O Beijo’, de
Gustav Klimt.
Enquanto no equivalente
francês cerca de 140 projetores não deixam um pontinho em branco, aqui as 38 máquinas no
salão de 800 metros quadrados fazem com que o efeito seja bonito,
mas não tão impressionante.
Questionados, Doria e o
diretor do MIS, Marcos Mendonça, não revelaram qual exposição deve
suceder esta a partir de março do ano que vem. Também disseram não saber se a
parceria com a iniciativa privada continua no próximo projeto.
Doria ressaltou, porém, que o
imóvel da TV Cultura foi cedido em definitivo —o MIS Experience
veio para ficar.
Leonardo Da Vinci - 500 Anos de um Gênio
Onde: MIS Experience,
r. Vladimir Herzog, 75, São Paulo
Quando: Ter. a
dom., das 10h às 20h30. Até 1º/3
Preço: R$ 30 a R$ 40; Ter., grátis
Classificação: Livre
Fonte: Clara Balbi
| FSP
(JA, Nov19)
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