Eternos Caminhantes, 1919 |
Lasar Segall, 1891-1957, foi
um artista que, como poucos, soube olhar com sensibilidade e empatia para o
mundo a seu redor, conservando ‘ os olhos muito abertos’, como uma vez
declarou.
Nascido em 1889 em Vilnius,
atual capital da Lituânia, então sob domínio da Rússia czarista, era o sexto
dos oitos filhos de Abel Guirchovitch Segall e Esther Godes Glaser Wulfovna.
Aos 16 anos deixou sua cidade
natal para dar continuidade aos estudos artísticos, estabelecendo-se em Berlim,
onde estudou na Königliche Kaiserliche Akademische Hochschule für Bildende
Kunst.
O jovem artista ainda se
matriculou na Hochschule für Bildende Künste Dresden, onde finalizou sua
formação. Todo esse treino lhe forneceu notável proficiência técnica,
equipando-o de um virtuosismo invejável. Como ele disse: ‘Sem técnica, sem
conhecimento do método, o artista não fala – gagueja’.
Emigraria definitivamente
para o Brasil em 1923, dez anos depois de sua primeira passagem pelo país, quando
expôs seus trabalhos em São Paulo e Campinas, naturalizando-se brasileiro em
1927.
Com exceção dos quatro anos
em que se radicou em Paris, de 1928 a 1932, Segall aqui viveu até sua morte em
1957. No entanto, o ambiente de sua cidade natal, com suas múltiplas fés,
línguas e tipos humanos, bem como o drama da emigração, o marcaria por toda a
vida, dedicando parte de suas obras a temas como a experiência judaica, a noção
de identidade, o exílio e a condição suspensa dos que são obrigados a deixar
seus países.
Nos trabalhos aqui reunidos
podemos ver o engajamento com essas temáticas, bem como a identificação do
artista com os emigrantes que, assim como ele, atravessaram o Atlântico em
busca de melhores condições de vida na primeira metade do século XX.
Lasar Segall: O Eterno Caminhante
Museu Lasar Segall,, Rua Berta, 111, Vila Mariana, São
Paulo-SP
Abertura da exposição, Sábado – 29 de junho – 15h00
Visita guiada com o diretor do Museu Lasar Segall
Giancarlo Hannud – 17h00
Feira de publicações promocionais do Museu – 11h00 às
19h00
Imagem
‘Eternos Caminhantes’, pintura pertencente ao
expressionismo de Segall, com suas figuras deformadas, faz parte de uma das
obras que foi adquirida durante a I Guerra Mundial em 1920, para fazer parte do
acervo do Museu da Cidade de Dresden, então dirigido pelo historiador de arte
Paul Ferdinand Schmidt. Com Hitler no
comando do Governo Nacional-Socialista ,
quando subiu ao poder na Alemanha, essa obra foi retirada desse acervo
em 1933.
‘Eternos Caminhantes’ e mais quatro outras pinturas
estiveram em uma exposição que foi exibida em Munique em 1937, na célebre
mostra intitulada como Arte Degenerada, que pretendia desqualificar a arte
moderna. Durante a Segunda Guerra, esta tela, um dos melhores exemplos do
expressionismo construtivo de Segall, permaneceu, com milhares de outras obras
dos expressionistas alemães, confinada nos depósitos oficiais.
Quando terminou a guerra, essa pintura foi localizada,
em uma coleção particular na Europa, pelo marchand Emeric Hahn. A pedido da
viúva do artista, Jenny Klabin Segall, que soube da sua existência, a pintura
foi recuperada, voltou para o Brasil, e passou a incorporar definitivamente o
acervo do Museu Lasar Segall.
Fonte: Arte
e Artistas, Museu Lagar Segall
(JA, Jun19)
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