segunda-feira, 24 de maio de 2021

Jean-Baptiste Debret

  

Jean-Baptiste Debret (Paris, França 1768 - idem 1848), foi um Pintor, desenhista, gravador, professor, decorador, cenógrafo.

Frequentou a Academia de Belas Artes, em Paris, entre 1785 e 1789, tendo sido aluno de Jacques-Louis David (1748-1825), seu primo e líder do neoclassicismo francês.

Estudou fortificações na École de Ponts et Chaussée [Escola de Pontes e Rodovias, futura Escola Politécnica], onde se tornou professor de desenho.

Em 1798, auxiliou os arquitetos Percier e Fontaine na decoração de edifícios. Por volta de 1806, trabalhou como pintor na corte de Napoleão (1769-1821). Após a queda do imperador, e com a morte de seu único filho, Debret decide integrar a Missão Artística Francesa, que veio ao Brasil em 1816.

Instalou-se no Rio de Janeiro e, a partir de 1817, ministrou aulas de pintura em seu ateliê, onde teve como aluno Simplício de Sá (1785 - 1839).

Em 1818, colaborou na decoração pública para a aclamação de D. João VI (1767-1826), no Rio de Janeiro.

Por volta de 1825, produziu águas-fortes, que estão na Seção de Estampas da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. 


                   Casario, aquarela sobre papel 


De 1826 a 1831, foi professor de pintura histórica na Academia Imperial de Belas Artes - AIBA, atividade que alterna com viagens para várias cidades do país, oportunidades em que retrata tipos humanos, costumes e paisagens locais.

Na AIBA teve como alunos Porto Alegre (1806-1879), e August Müller (1815-~1883).

Em 1829, organizou a Exposição da Classe de Pintura Histórica da Imperial Academia das Bellas Artes, primeira mostra pública de arte no Brasil.

Deixou o Brasil em 1831, e retornou a Paris com o discípulo Porto Alegre.

Entre 1834 e 1839, editou, o livro ‘Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil’, em três volumes, ilustrado com litogravuras que têm como base as aquarelas realizadas com seus estudos e observações.


Sinopse

Jean Baptiste Debret estudou na Academia de Belas Artes, de Paris, entre 1785 e 1789, onde foi aluno do pintor francês Jacques-Louis David (1748-1825), formou-se, portanto, dentro dos ideais neoclássicos.

Pintor de história, trabalhou com arquitetos conceituados na ornamentação de edifícios públicos e particulares.

Em torno de 1806 foi pintor na corte de Napoleão.

Integrou a Missão Artística Francesa, que veio ao Brasil em 1816, cujo primeiro objetivo era promover o ensino artístico no país. Em seu ateliê lecionou pintura e teve como alunos, entre outros, Porto Alegre (1806-1879), August Müller (1815-~1883), e Simplício de Sá (1785-1839).

Realizou em 1818, com o arquiteto Grandjean de Montigny (1776-1850), a ornamentação das ruas da cidade do Rio de Janeiro, para a aclamação de D. João VI (1767-1826).

Na Academia Imperial de Belas Artes - AIBA, a partir de 1826, ensinou pintura histórica. Paralelamente, visitou várias cidades do país, representando suas paisagens e costumes.

Organizou, em 1829, a ‘Exposição da Classe de Pintura de História da Academia’, importante por ser a primeira mostra pública de arte no Brasil, dando origem às Exposições Gerais, com prêmios oficiais.

Trabalhou como pintor da corte, representando acontecimentos ilustres e cenas oficiais. Revelou-se um desenhista atento às questões sociais brasileiras, ilustrando e documentando os acontecimentos da época.

A maioria de suas telas parece ser destinada à gravura. Debret e a corte têm consciência da importância da circulação das gravuras para a divulgação da imagem do Estado. Segundo o historiador Luciano Migliaccio, por esse motivo a pintura de Debret é, em parte, descrição atenta do cerimonial da corte, em formato modesto e apropriado, para fácil compreensão, como ocorre, por exemplo, com os quadros Aclamação de Dom João VI (~1822) e Chegada da Imperatriz Leopoldina (1818).

No quadro Coroação de Dom Pedro I (1822), que teve por modelo a pintura de David, o artista conferiu à obra um caráter cívico, e se preocupou com a necessidade de criação de um imaginário político.

Debret retornou à França em 1831.

Parte das aquarelas feitas no Brasil, litografadas, ilustra a obra ‘Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil’, publicada entre 1834 e 1839.

O livro, em três volumes, trata das florestas e dos selvagens, das atividades agrárias, do trabalho escravo, e dos acontecimentos políticos e culturais.

Destaca-se a preocupação documental do artista, que representa cenas típicas de atividades e costumes do Rio de Janeiro, procurando traçar um painel social da cidade.

Apresenta muitos aspectos relacionados ao trabalho escravo, ora acentuando o lado mais expansivo das relações sociais, ora expondo serviços extenuantes, como os de carregadores e trabalhadores das moendas. Mostra o trabalho dos negros de ganho que percorrem as ruas da cidade, prestando vários tipos de serviços.

O historiador Rodrigo Naves aponta a dificuldade do artista em transpor as ideias neoclássicas para o Brasil, por fatores como o caráter da monarquia instaurada, e a questão da escravidão no país. Para o autor, os desenhos realizados para a Viagem Pitoresca revelam o esforço do artista para lidar com o dilema criado pelo conflito entre sua formação neoclássica e a realidade brasileira.

Nas aquarelas, feitas com agilidade, o artista parece sentir-se mais à vontade, e revela seu domínio técnico: elas apresentam um colorido espontâneo, leve e harmonioso. Segundo Rodrigo Naves, em algumas aquarelas, a forma de representação dos trabalhadores faz com que seus corpos tenham um aspecto vulnerável. Também nas vestimentas ocorre forte ambiguidade: sobrepostas, soltas, meio esgarçadas e rudes, as roupas dos negros não mantêm vínculos com a tradição dos panejamentos.

Na representação dos personagens de Debret, os tecidos transmitem aos corpos sua falta de consistência.

Nas gravuras, as situações dúbias da sociedade revelam-se pela aproximação entre as figuras e seu ambiente. Os contornos são pouco marcados, um meio cinzento aproxima corpos e espaço, como ocorre em Lavadeiras a Beira-Rio (Viagem Pitoresca).

Nas litografias, a sutileza do cinza cria uma espécie de liga que unifica as cenas.

Nas ilustrações da Viagem Pitoresca, por meio da fragilidade das formas e da pressão que os personagens sofrem do espaço, o artista expressa a ambiguidade da sociedade brasileira.

Após o retorno a Paris, o artista retoma o contato com companheiros neoclássicos, volta ao linearismo, às formas incisivas, e à gestualidade acentuada.

 

Retour d'un proprietaire 

 


Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural 


 

(JA, Mai21)

 


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