Arte Desaparecida
Até recentemente, sabia-se que a última proprietária conhecida do quadro morreu deportada em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial. A obra, então, sumiu. Não houve mais informações a respeito da pintura durante décadas.
Na década de 1910, uma
família judia rica de Viena, na Áustria, encomendou um quadro a um dos mais
famosos pintores do país, Gustav Klimt. É uma imagem de frente de uma mulher
jovem, da cabeça até a altura dos joelhos, com um vestido colorido que se
destaca sobre um fundo vermelho. É uma obra tardia do artista.
‘Retrato da Senhorita Lieser’
foi pintado em 1917, um ano antes da morte de Klimt. A pintura foi vista pela
última vez durante uma exposição em Viena em 1925 --há uma fotografia em preto
e branco que, durante muitas décadas, foi a única prova da existência do
quadro.
Quase cem anos depois da
última exibição do quadro, ele foi redescoberto em uma coleção privada do país,
e será leiloado em 24 de abril.
A casa de leilões que vai ser
responsável pela venda, a Kinsky, afirma que o valor deve ficar entre 30 e 50 milhões de
euros (de R$ 160 milhões a R$ 267
milhões).
A casa de leilões diz que a
descoberta do retrato, um dos mais bonitos do último período de Klimt, é
sensacional, segundo o jornal ‘Washington Post’. ‘Uma pintura rara, e
artisticamente significativa como essa tem um valor que não aparecia no mercado
de arte na Europa central há décadas’, diz o texto da Kinsky.
O quadro foi roubado da
família judia
A família Lieser era da alta
sociedade rica de Viena. Essa era a clientela de Klimt, o pintor. Não se sabe
exatamente quem é a jovem retratada. Quem encomendou a pintura foi Adolf
Lieser, que era um dos maiores industriais do período Austro-Húngaro. A mulher
retratada pode ser a filha, ou uma sobrinha dele.
Mas o que se sabe sobre o que
aconteceu com o quadro? Como os Lieser eram judeus, há uma possibilidade de o
quadro ter sido roubado por nazistas durante a Segunda Guerra.
Henriette Lieser, que foi
dona do quadro, permaneceu em Viena apesar da ditadura nazista, foi deportada
em 1942, e assassinada no ano seguinte.
Seus herdeiros foram
contatados, e alguns se deslocaram para ver a pintura, que não tinha sido
reivindicada e nunca apareceu em listas de pedidos de restituição.
De acordo com o ‘Washington
Post’, Ernst Ploil, um diretor da casa de leilões Kinsky, afirmou que a tela
foi redescoberta em 2022. Um dos donos procurou a Kinsky para leiloar a peça.
Ele afirmou que a pintura havia sido adquirida por um parente dele nos anos 1960, e que está
na família desde então.
A casa de leilões afirma que
checou a história e a procedência da pintura de todas as formas possíveis e ‘não
encontrou evidência de que a pintura foi exportada para fora da Áustria,
confiscada ou apreendida, ou saqueada pelos nazistas’.
‘Não temos nenhum indício de
que tenha sido confiscada pelos nazistas’, afirmou Ploil. No entanto, a casa
também diz que não há prova de que o quadro não foi roubado.
Houve um acordo entre a
família proprietária do quadro e os atuais descendentes da família Lieser. A
casa de leilões diz que está seguindo o protocolo para identificar e devolver
obras roubadas pelos nazistas (em 1998,
44 países firmaram um acordo no qual se comprometiam a devolver peças que os
nazistas roubaram).
Antes da venda, o quadro será
exposto na Suíça, Alemanha, Reino Unido e Hong Kong.
Fonte: G1 Globo
(JA, Jan24)
Nenhum comentário:
Postar um comentário